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de ser uma zona franca também lhe confere grande poder observação, o ser humano pode iniciar o preparo do solo
econômico, sendo uma das áreas mais ricas da Europa. e o cultivo.
b) La Blache primeiro define a presença da cultura ar‑
LEITURA DE MAPA (PÁGINA 33) bóreo-arbustiva e explica a importância de espécies
1) O Oceano Atlântico (Mare Oceanum), que rodeava os três como a vinha, a figueira, a oliveira e a amendoeira para a
continentes: Europa, Ásia e África. ocupação inicial da região. Segundo ele, “não é o campo,
2) O fato de o mapa trazer a descrição do mundo a partir de uma mas o pomar e a horta que representam aqui o fulcro
obra europeia baseada na religião católica, em ascensão na da vida sedentária”. Em seguida, ele analisa a ocupação
Europa ibérica; o fato de a cartografia europeia expressar a ao longo da “evolução do tempo histórico”: primeiro,
representação cartográfica do planeta com base no conhe‑ a oliveira e a figueira (arbustivas) são cultivadas nas
cimento europeu sobre o mundo à época; o fato de o Mar vertentes; depois, desenvolve-se a cultura pastorícia
Mediterrâneo estar no centro do mundo etc. (que se alterna entre as montanhas e planícies); poste‑
riormente, a agricultura (cevada e trigo) se instala nas
LEITURA DE MAPA (PÁGINA 35) colinas e planícies e, finalmente, o campo e o latifúndio
1) a) Os estudantes devem perceber que a vegetação mediter‑ se expandem por essa paisagem. La Blache estabelece
rânea mundial está localizada em latitudes semelhantes e que cada nova adaptação ao meio corresponde a um
citar o clima como característica principal associada a esse maior grau de aglomeração populacional. Ele associa os
tipo de vegetação (como verões quentes e áridos). O fator tipos de ocupação a um processo evolutivo de “domínio
maritimidade também deve ser considerado, pois todos os sobre a natureza”, em que os primeiros povoados se
trechos estão em áreas costeiras, sofrendo influências de instalam nas áreas de relevo mais difícil (montanhas),
mar ou oceano. seguidos por aldeias e pequenas cidades (colinas), até
b) Não. Os estudantes devem concluir que as atividades que surgem as cidades e metrópoles nas planícies, onde
antrópicas devastaram grande parte da vegetação medi‑ o latifúndio se expande.
terrânea original. 3) a) O texto define a dieta mediterrânea como abrangendo
2) Oriente a pesquisa dos estudantes. Eles devem perceber que comportamentos sociais e culturais, relacionados a tradições,
a composição original da vegetação mediterrânea compreen‑ costumes e modos de vida, incluindo conhecimentos, rituais,
dia a predominância de estratos arbóreos e arbustivos, além símbolos, hábitos e identidades culturais.
de grande biodiversidade. Apesar de a biodiversidade dessa b) Os estudantes devem estabelecer relações entre a ve‑
vegetação ainda ser considerável, muitas áreas florestadas getação mediterrânea (como oliveiras e amendoeiras) e os
foram desmatadas, resultando em extensa formação de produtos que fazem parte da dieta, como o azeite e uma
vegetação arbustiva (maquis e chaparral); as plantações de grande variedade de grãos. Oriente-os a pesquisar produ‑
espécies comerciais também modificaram a paisagem original tos de origem vegetal que compõem a dieta, como pães,
da vegetação mediterrânea, e as principais espécies encon‑ vinhos, azeite, frutas, cereais integrais, sementes, grãos e
tradas atualmente são: azinheira, pinheiro-manso, sobreiro, frutos secos.
oliveira e murta. Na paisagem, são comuns árvores perenes
baixas, de distribuição esparsa, entrançadas com barras c) Os estudantes devem perceber que a dieta mediterrânea é
espessas e entremeadas com áreas arbustivas. saudável e equilibrada. Oriente-os a pesquisar os nutrientes
que a compõem.
DIGA NÃO… (PÁGINA 37) 4) O texto argumenta que a dieta mediterrânea pode ser relacio‑
Oriente os estudantes na formação dos grupos, no desen‑ nada a gestos de cordialidade, como a partilha e o consumo
dos alimentos, já que comer juntos é um elemento central
volvimento das pesquisas e nas discussões para a elaboração da identidade cultural e da continuidade das comunidades
dos textos e a socialização entre os grupos. É importante que em toda a bacia do Mediterrâneo. A dieta mediterrânea na
entendam que os princípios de ajuda humanitária em questões Europa enfatiza valores como hospitalidade, vizinhança,
como as expostas são baseados em leis internacionais. Os es‑ diálogo intercultural e criatividade, além de promover um
tudantes devem refletir sobre a importância da solidariedade, modo de vida pautado pelo respeito à diversidade.
do diálogo intercultural e do respeito à diversidade. Utilizando
a Carta da ONU sobre os Direitos Humanos e princípios pró‑ 5) Os estudantes devem perceber que a cordialidade e o diálogo
prios de humanidade e justiça, eles devem criar argumentos intercultural mencionados no texto contrastam com as ati‑
que justifiquem a necessidade de amparar e acolher imigrantes tudes de preconceito e discriminação que algumas pessoas
e refugiados, além de discutir formas de evitar os naufrágios e autoridades de países mediterrâneos demonstram em
que resultam na morte de milhares de pessoas todos os anos relação aos imigrantes que tentam chegar à Europa pelo Mar
durante tentativas de migração. Mediterrâneo. Esses imigrantes, enfrentando dificuldades
durante a travessia, muitas vezes são vítimas de descaso e
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (PÁGINA 39) falta de solidariedade.
1) Os escritos do arcebispo Isidoro sobre vários temas busca‑
vam reforçar a explicação da natureza com base nas teorias 6) Porque o Mar Mediterrâneo tem sido a principal rota de imi‑
cristãs, refletindo o interesse conjugado da Monarquia e grantes e refugiados que buscam a Europa na esperança de
da Igreja católica na consolidação dos reinos na Península uma vida melhor. No entanto, autoridades europeias têm ne‑
Ibérica. Por exemplo, o teólogo mostrou-se defensor das gligenciado sua responsabilidade em lidar com essa questão,
práticas antijudaicas, que favoreciam a conversão forçada seja para proteger interesses políticos locais, seja para ameni‑
dos judeus ao catolicismo e à fidelidade cristã. Sua repre‑ zar as pressões preconceituosas em relação aos estrangeiros
sentação do mundo, baseada nos mapas T-O, deu início de países pobres que tentam ingressar na União Europeia.
a uma série de trabalhos cartográficos que colocavam a
Europa no centro do mundo, sob a proteção do Deus cató‑ 7) a) A partir do Mar Mediterrâneo foi dado o pontapé inicial
lico, evidenciando uma visão europeia limitada sobre a di‑ em embarcações comerciais que, nos séculos posteriores, se
mensão do planeta e enraizada em uma cultura civilizatória transformaram em naus, caravelas e navios mercantilistas
em relação aos povos que fossem dominados pelas futuras a se aventurar no desconhecido Atlântico. Nesse processo,
metrópoles europeias. Em relação à Filosofia Patrística, a foi extremamente ampliada a visão econômica europeia
filósofa Marilena Chaui a descreve como um período de sobre territórios e povos que poderiam conquistar, subjugar
transição entre a Antiguidade e o Período Medieval, que e explorar.
começa com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de b) Justamente por constituir uma zona de comunicação
São João e se estende até o século VIII. entre três continentes, o Mediterrâneo forjou-se com uma
2) a) Segundo a autora, para Vidal de La Blache, a ocupa‑ paisagem humana multicultural. Desde os tempos antigos,
ção do espaço é caracterizada pela sedentarização das o “filho de Tétis” abrigou diferentes povos, línguas, religiões,
sociedades e, nesse processo, é a natureza que mostra economias e práticas culturais. Hoje, apesar das políticas que
as possibilidades dessa ocupação, ao evidenciar como tentam fazer do Mediterrâneo um cordão de isolamento da
as plantas se adaptam ao ambiente. Com base nessa Europa em relação aos dois outros continentes, ele segue
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