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Passos da análise de um argumento
Como vimos, os argumentos são conjuntos de afirmações
relacionadas entre si, de tal maneira que a conclusão ou a tese
decorre das premissas ou é sustentada por elas. Sabemos tam-
bém que a posição das premissas e da conclusão varia. Além
disso, a conclusão de um argumento pode se tornar a premissa
de outros. A condição de ser premissa ou conclusão não é algo
absoluto, como enfatiza Velasco:
“[...] sentenças que são conclusões em dados argumentos podem ser
usadas como premissas em outros e vice-versa. A sentença será premissa
ou conclusão de acordo com a função que desempenha no argumento: se
a de justificar e embasar a tese central (sendo neste caso premissa) ou a
de representar a própria tese central (sendo conclusão).”
VELASCO, Patrícia Del Nero. Educando para a argumentação: contribuições do ensino da
lógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 55.
Nenhuma frase isolada, então, é premissa ou conclusão.
Sua função depende do contexto, isto é, do argumento. Observe
as premissas e as conclusões dos argumentos A1 (dedutivo) e
A2 (indutivo).
A1: Todo homem é mortal. / Sócrates é homem. / Sócrates
é mortal.
A2: Sócrates é mortal. / Platão é mortal. / Aristóteles é
mortal. / Os homens morrem a partir de certa idade. / Todos
os homens são mortais.
Em A1, a afirmação “Sócrates é mortal” exerce a função
de conclusão do argumento; em A2, ela desempenha a função
de premissa.
Quando analisamos ou buscamos entender um argumento,
devemos sempre delimitá-lo, saber quais afirmações ocupam a
função de premissas e qual afirmação representa a conclusão.
Dessa maneira, poderemos entendê-lo melhor e avaliar se se
trata de um argumento dedutivo válido ou inválido ou de um
argumento indutivo forte ou fraco. Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
EXERCITAR A ARGUMENTAÇÃO
1. Identifique as premissas e a conclusão do argumento a seguir. Esse
argumento é conhecido como Aposta de Pascal, desenvolvido pelo
filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662).
“Ou há um Deus cristão ou não há um Deus cristão. Suponha que
você acredita na existência Dele e que observa uma vida cristã. Então, se
Ele realmente existir, você gozará da felicidade eterna. Se Ele não existir,
você perderá muito pouco. Mas suponha que você não acredite na existên‑
cia Dele e que não observa uma vida cristã. Se Ele não existir, você nada
perderá, mas, se Ele existir, você será condenado por toda a eternidade!
Então é racional e prudente acreditar na existência de Deus e observar
uma vida cristã.”
VELASCO, Patrícia Del Nero. Educando para a argumentação: contribuições do ensino da
lógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 62.
2. Explique o que Pascal pretendeu ao desenvolver esse argumento.
CAPÍTULO 6: DE HERÁCLITO E PARMÊNIDES AO PENSAMENTO PLATÔNICO: A DESCOBERTA DA REALIDADE INTELIGÍVEL 75