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↻ As migrações na composição da população
brasileira e dos espaços urbano e rural

Os fluxos populacionais de imigrantes foram direcionados sobretudo para
as regiões Sul e Sudeste e eram compostos principalmente de portugueses,
italianos, espanhóis, alemães e japoneses. Sírios, libaneses, turcos, poloneses,
holandeses, ucranianos, chineses, coreanos, entre outros imigrantes, também
contribuíram para a formação do território e da população brasileira. Como já
mencionado, as regiões Sul e Sudeste até hoje apresentam os maiores percen-
tuais de brancos e amarelos do país.

BRASIL: IMIGRANTES SEGUNDO A NACIONALIDADE − 1884-1933

Nacionalidade 1884-1893 1894-1903 1904-1913 1914-1923 1924-1933

Alemães 22 778 6 698 33 859 29 339 61 723

Espanhóis 11 3116 10 2142 224 672 94 779 52 405

Italianos 510 533 53 7784 196 521 86 320 70 177

Japoneses − − 11 868 20 398 110 191

Portugueses 170 621 15 5542 384 672 201 252 233 650

Sírios e turcos 96 7 124 45 803 20 400 24 491

Outros 66 524 42 820 109 222 51 493 164 586

Total 883 668 852 110 1 006 617 503 981 717 223

Fonte: IBGE. Estatísticas do povoamento. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-
povoamento/imigracao-por-nacionalidade-1884-1933.html. Acesso em: 10 jul. 2024.

Estima-se que entre o fim do século XIX e meados do século XX, o Brasil
tenha recebido cerca de 4 milhões de imigrantes europeus e asiáticos. Esse
volume de pessoas mudou significativamente a composição racial da população
do país, ampliando a participação de pessoas que se autodeclararam brancas.

Após 1950, como reflexo dos rearranjos dos padrões migratórios no mun-
do, profundamente alterados durante e depois da Segunda Guerra Mundial, a
imigração europeia e a asiática diminuíram consideravelmente. Os regimes de
mortalidade e fecundidade passaram a ter papel importante na composição da
população brasileira segundo cor ou raça. As maiores taxas de fecundidade e
mortalidade são encontradas entre o contingente preto e pardo da população,
que constituem igualmente a parcela com menor acesso a serviços públicos de
qualidade e a oportunidades econômicas.

Embora o processo imigratório que caracterizou o fim do século XIX e mea-
dos do século XX no Brasil tenha tido também o propósito do embranquecimento
da população, de 1940 até o presente a participação de pessoas negras no total
da população brasileira tem aumentado. Em 2022, considerando as pessoas que
se autodeclararam pretas ou pardas, essa participação representou 55,5% da
população. A proporção de pardos superou a de brancos desde 1872, ano de rea-
lização do primeiro censo. De 1991 a 2022, a população preta mais que dobrou.

Essas alterações refletem não só dinâmicas demográficas, mas sobretudo
alterações no reconhecimento do pertencimento étnico-racial. A conscientiza-
ção da afrodescendência resulta, entre outros processos, dos debates sobre
questões raciais e racismo e da luta por direitos de parcela da população his-
toricamente marginalizada e excluída.

96 UNIDADE 2: O MUNDO EM MOVIMENTO