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DIÁLOGOS COM HISTÓRIA
DOC. 1
A Revolta da Vacina
“Foram apenas cinco dias, mas marcaram a história da saúde pública no Brasil. No início de
novembro de 1904, o Rio de Janeiro, então capital federal, foi palco da maior revolta urbana que já tinha
sido vista na cidade [...]. O estopim da rebelião popular foi uma lei que determinava a obrigatoriedade
de vacinação contra a varíola. Mas havia um complexo e polêmico panorama social e político por trás
da revolta, e diferentes fatores ajudam a explicar melhor os protestos.
Dados do Instituto Oswaldo Cruz mostram que, naquele ano, uma epidemia de varíola atingiu
a capital. O Rio de Janeiro, aliás, sofria com várias outras doenças (como peste bubônica, tuberculose
e febre amarela) [...]. Só em 1904, cerca de 3.500 pessoas morreram na cidade vítimas da varíola, e
chegava a 1.800 o número de internações pela enfermidade apenas em um dos hospitais cariocas, o
Hospital São Sebastião.
A vacina antivariólica já havia sido desenvolvida em 1796 [...] na Inglaterra. No Rio de Janeiro,
a vacinação da doença era obrigatória para crianças desde 1837 e para adultos desde 1846 [...] No en-
tanto, a regra não era cumprida porque a produção de vacinas era pequena, tendo alcançado escala
comercial apenas em 1884. O imunizante também não era bem aceito pelo povo, ainda desacostumado
com a própria ideia da vacinação, e diferentes boatos corriam na época, como o de quem se vacinava
ganhava feições bovinas.
Porém, havia muitos outros fatores que criavam um cenário de tensão na cidade [...] O país
tinha abolido a escravidão e adotado o regime republicano há menos de quinze anos. Havia grupos
descontentes com os rumos políticos e sociais do governo. ‘Entre eles os monarquistas que perderam
seus títulos, parte do Exército formado por positivistas que não aprovavam a república oligárquica
levada por civis, e ex-escravos que sofriam com a falta de políticas sociais e não conseguiam empregos,
vivendo amontoados nos insalubres cortiços da capital’ [...].
Foi nesse contexto que o presidente Rodrigues Alves iniciou um projeto para mudar a imagem do
país no exterior – o que significava, principalmente, mudar a imagem da capital federal. [...] Parte do
plano incluía uma campanha de saneamento e o combate às doenças, que ficou sob responsabilidade
do médico Oswaldo Cruz. Nomeado diretor geral de Saúde Pública, formado no Instituto Pasteur, na
França, em pouco tempo conseguiu controlar a febre amarela na cidade, por meio da limpeza de focos
de mosquitos Aedes aegypiti e o isolamento de pessoas doentes.
‘O projeto de urbanização do governo começou a alargar as ruas da cidade, a exemplo do que
tinha sido feito em Paris. Boa parte dos cortiços da região Central foram destruídos e a população
pobre foi removida de suas moradias, dando início ao projeto de favelização [...]’, detalha o historiador
[Carlos Fidelis da Ponte].
[...]”
DANDARA, Luana. Cinco dias de fúria: Revolta da Vacina envolveu muito mais do que insatisfação com a vacinação. Portal
Fiocruz, 9 jun. 2022. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/cinco-dias-de-furia-
revolta-da-vacina-envolveu-muito-mais-do-que-insatisfacao-com-vacinacao. Acesso em: 14 jul. 2024.
DOC. 2
DIÁLOGOS COM BIOLOGIA
Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS)
A PNDS é uma pesquisa financiada pelo Ministério da Saúde, com participação
do IBGE. Ela traça um perfil da população feminina em idade fértil e das crianças
menores de cinco anos no Brasil. Um dos temas tratados nessa pesquisa é o da fe-
cundidade. No campo da contracepção investiga-se o conhecimento de vários tipos
de métodos contraceptivos e seu uso, por exemplo. Entre os anos de 1996 e 2006,
foi realizada uma pesquisa sobre atividade sexual e métodos contraceptivos da mu-
lher brasileira. Leia o texto a seguir para saber mais sobre o resultado da pesquisa.
“[...] verificou-se que as mulheres estão começando sua vida sexual cada vez mais cedo, o mesmo
sucedendo com a prática contraceptiva. Até os 15 anos, em 2006, 33% das mulheres já haviam tido
relações sexuais, valor que representa o triplo do ocorrido em 1996. Por sua vez, 66% das jovens de 15
a 19 anos sexualmente ativas já haviam usado algum método contraceptivo, sendo que o preservativo
(33%), a pílula (27%) e os injetáveis (5%) foram os mais utilizados.
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