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Veja respostas e orientações        A proposta de criação da Unasul surgiu, em 2008, com 12 países – Argentina,
   no Manual do Professor.    Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname e
                              Venezuela; mas, em 2018, muitos países deixaram o bloco. O Brasil, que tinha grande
                              expressão política, diminuiu sua atuação na Unasul a partir da mudança da política ex-
                              terna após a eleição presidencial de 2018. O Uruguai deixou o bloco em 2020, alegando
                              que este não funcionava mais conforme seus ideais fundadores, e retornou ao Tratado
                              Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar), cuja efetivação estava em andamento.
                              Suas diretrizes eram voltadas mais à defesa apoiada no poderio bélico dos Estados
                              Unidos contra invasões externas do que em uma integração propriamente dita.

                                    A criação da Unasul teve seus esforços mais acentuados dentro do contexto
                              que marcou a ascensão de governos progressistas na América do Sul na primeira
                              década do século XXI, no qual o Brasil teve forte representação na geopolítica
                              regional e internacional. A expectativa atual da Unasul é que, com a retomada
                              de governos alinhados à centro-esquerda em países latino-americanos, os meios
                              diplomáticos se restabeleçam em prol da concretização do bloco.

                                    Para o geógrafo Wanderley Messias da Costa, as discussões mais férteis so-
                              bre a integração e a coesão da América Latina devem se dar no plano geopolítico,
                              em escala regional, como as iniciativas do Mercosul. No entanto, a efetivação
                              de um bloco de integração latino-americano é dificultada, por exemplo, pela
                              multiplicidade de organismos no continente, com interesses e atuações diver-
                              sas, pelas intervenções dos Estados Unidos na região, boicotando projetos de
                              integração destoantes de seus interesses geopolíticos. A instabilidade política
                              dos países estadunidenses é outra questão que dificulta essa integração, pois a
                              alternância de governos nesses países que, ora se aproximam e ora se afastam
                              dos interesses estadunidenses, se torna um entrave às negociações do bloco.

                                    Embora os países da América Latina tenham um passado colonial e con-
                              texto histórico semelhantes, há assimetrias econômicas e sociais entre eles.
                              No Mercosul, por exemplo, foi criado o Fundo para a Convergência Estrutural
                              (Focem), para equalizar a assimetria econômica dentro do bloco.

                                    A consolidação do Mercosul como bloco regional de expressividade não
                              deveria ser vinculada a uma posição política ou ideológica. Sua valorização e
                              seus esforços resultam no fortalecimento dos países-membros, ampliando seu
                              poder de negociação em questões geopolíticas regionais e internacionais – a
                              exemplo dos acordos atuais que vem estabelecendo com a União Europeia.

                              Sobre as fronteiras linguísticas, econômicas e históricas
                              do sistema de televisão latino-americano

                                         “[...] Apesar da caracterização frequente da América Latina como uma região distinta com
                                  uma linguagem comum e um passado colonial compartilhado, devemos estar cientes de que os
                                  diferentes idiomas podem constituir um obstáculo para a circulação de conteúdos audiovisuais
                                  na região. As barreiras linguísticas podem afetar a circulação de programas de televisão nacionais
                                  em toda a região, devido a razões conjunturais históricas, políticas e econômicas. Os maiores e
                                  mais ricos mercados da região têm uma indústria de mídia local vibrante e poderosa que, ao longo
                                  dos anos, vem oferecendo ao público nacional conteúdo local, criando hábitos de visualização que
                                  desencorajaram o consumo de conteúdo estrangeiro. [...] Além do tamanho do mercado brasileiro
                                  e de sua poderosa economia, a língua portuguesa também tem funcionado como uma barreira
                                  natural ao fluxo de conteúdos de televisão produzidos em outros países da região.

                                         Mas as barreiras linguísticas que dificultam a importação de conteúdo televisivo da re-
                                  gião não impediram que as telenovelas brasileiras se tornassem um grande sucesso entre o
                                  público latino-americano. Assim como o impacto mundial da indústria audiovisual dos EUA,
                                  as produções brasileiras são atraentes para o público nos países vizinhos de língua espanhola
                                  devido aos valores advindos do alto orçamento delas. [...]”

                                             RIBKE, Nahuel. Rumo a uma abordagem transnacional da televisão latino-americana: trajetórias, fronteiras
                                                e centros e periferias. Revista Matrizes, v. 15, n. 2, 2021, p. 55-71. Disponível em: https://www.redalyc.org/
                                                                                                     journal/1430/143068488005/html/. Acesso em: 18 jul. 2024.

                              1.	 Quais aspectos de distinção na América Latina são apresentados no texto?

                              2.	 Em sua opinião, o fato de no Brasil a língua falada ser o português dificulta a identidade

                                  que os brasileiros têm com os demais latino-americanos? Dê exemplos.

                              CAPÍTULO 17: A AMÉRICA LATINA E SUAS RELAÇÕES COM OS ESTADOS UNIDOS 219
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