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DOC. 1 ‘caracteriza como latinos os países que possuem VICTOR HUGO K F/SHUTTERSTOCK
populações indígenas consideráveis, como Gua-
DIÁLOGO COM HISTÓRIA temala e Bolívia, na qual o espanhol se tornou
língua dominante só em 1977’. [...]
Surgimento e evolução
do pensamento cepalino Finalmente, Sorj citou a importância da
língua espanhola para a integração cultural dos
“[...] A concepção de Prebisch sobre o siste- países hispano-americanos: ‘A região é uma das
ma centro-periferia baseava-se no fato de que as poucas no mundo onde há um número grande
relações econômicas entre os países desenvolvi- de países vizinhos que falam a mesma língua,
dos, tratados como centro da economia capitalista e com isso circulam com mais facilidade entre
mundial, e os países subdesenvolvidos, tratados os países as informações e a produção cultural’.”
como periferia, caracterizavam-se por trocas de- BELLESA, Mauro. Historiadores divergem sobre a relevância
siguais, em função da maior especialização dos
países centrais em produtos industriais, maior do conceito de América Latina. In: Instituto de Estudos
renda e demanda, enquanto os países periféricos Avançados da USP, 15 maio 2015. Disponível em: http://www.
especializavam-se em produtos agrícolas e têm
menor renda e demanda. Isto favorecia aqueles iea.usp.br/noticias/historiadores-e-america-latina.
países de maior renda per capita, ao mesmo tem- Acesso em: 23 jul. 2024.
po em que criava maiores obstáculos à importa-
ção, por parte dos países periféricos, dos bens de DOC. 3
capital necessários ao seu desenvolvimento. [...]” DIÁLOGO COM ARTE
BONZANINI, O. A.; MENUZZI, T. S.; SILVA, L. G. Z. Escultura Mão
Desenvolvimento econômico e a teoria da Dependência: a
abordagem cepalina. In: Anais VIII Simpósio Iberoamericano O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer
(1907-2012), idealizador do projeto arquitetô-
de Cooperação para o Desenvolvimento e a Integração nico do Memorial da América Latina, escreveu
Regional. Universidade Federal da Fronteira do Sul. Disponível sobre a obra de escultura instalada no local:
“Suor, sangue e pobreza marcaram a histó-
em: https://www.uffs.edu.br/campi/cerro-largo/repositorio- ria desta América Latina tão desarticulada e
ccl/anais-viii-simposio-iberoamericano-de-cooperacao- oprimida, agora urge reajustá-la, uni-la, trans-
para-o-desenvolvimento-e-a-integracao-regional/ formá-la num monobloco intocável, capaz de
fazê-la independente e feliz.”
desenvolvimento-economico-e-a-teoria-da-dependencia-a-
abordagem-cepalina. Acesso em: 24 jul. 2024. ↑ Escultura Mão, de Oscar Niemeyer, obra em concreto
exposta no Memorial da América Latina. Na palma da mão
DOC. 2 está uma representação da América Latina, cujo sangue
simbolicamente escorre pela escultura. São Paulo (SP), 2019.
Polêmicas sobre o conceito
de América Latina
“O primeiro encontro do ciclo Identidades
Latino-Americanas [...] tratou da visão dos his-
toriadores sobre a América Latina desde o início
do século XIX. [...]
Antonio Mitre disse [...] que o nome
América acompanhado pelo gentílico Latina
é uma denominação que ‘em todas as épocas
nos deixou desconfortáveis, tanto do ponto de
vista conceitual, quanto do ponto de vista ideo-
lógico-político, se lembrarmos que a denomi-
nação está relacionada, de alguma forma, com
[a] ideologia panlatina e o intervencionismo
francês no México do século XIX’.
Ele disse também que a denominação é
conceitualmente imprecisa, pois incorpora paí-
ses com língua não neolatinas, como Guiana e
Belize, ambas de língua inglesa, e o Suriname,
de língua holandesa, ao mesmo tempo em que
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