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que, no século XVIII, já era considerável o número de vilas ao norte, bem como mais
ao centro-sul, onde ficam os atuais estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A expansão territorial no centro-sul da colônia resultou principalmente da
atividade das bandeiras, da exploração do ouro e da pecuária. As bandeiras de
apresamento de indígenas foram também utilizadas na ocupação do que hoje
corresponde ao estado do Paraná. A exploração mineral garantiu a ocupação das
terras dos atuais estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O início da ocupação efetiva das terras gaúchas foi uma continuidade do bandei-
rismo paulista na região centro-sul do território. Partindo do município de Viamão,
criadores de gado, sobretudo paulistas, se espalharam pelas campanhas do Rio
Grande do Sul, desenvolvendo uma pecuária que teve grande sucesso econômico.
Outra atividade de destaque na ocupação do centro-oeste foram as monções,
expedições fluviais organizadas por exploradores paulistas. Elas partiam da região
onde hoje se localiza o município paulista de Porto Feliz e seguiam pelo curso dos
rios Paraná e Paraguai até atingir a vila de Cuiabá. Em busca de riquezas no sertão
e levando produtos para abastecer as áreas de mineração de Cuiabá e arredores,
as monções contribuíram para o surgimento de pousadas ao longo dos caminhos,
que serviam para abastecimento dos exploradores paulistas e para descanso.
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
Heróis ou vilões? No aniversário de São Paulo, entenda quem
foram os bandeirantes
JÚLIO RICCO/SHUTTERSTOCK
→ Monumento às Bandeiras,
localizado na praça Armando
de Salles Oliveira, zona sul da
cidade. São Paulo (SP), 2019.
“Para quem não mora no estado de São Paulo, a memória sobre os bandeirantes talvez não
desperte especial atenção. Para os paulistas, no entanto, essas figuras históricas ainda marcam
o dia a dia, seja dando nome a estradas e avenidas, ou ocupando um espaço nobre em uma das
áreas mais importantes da capital paulista [...].
Basta ver como o grupo de desbravadores, que atuou principalmente entre os séculos 17
e 18, foi imortalizado na forma do Monumento às Bandeiras – uma estátua de 50 metros de
comprimento assinada pelo exponencial artista brasileiro Victor Brecheret – localizado bem
diante do Parque Ibirapuera, o mais famoso respiro verde local.
Segundo o historiador Paulo César Garcez Marins, professor chefe do Departamento de
Acervo e Curadoria do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da
Comissão de Pesquisa da mesma instituição, essas figuras entraram no imaginário histórico
de São Paulo, durante o século 20, como os “desbravadores do Brasil”.
‘Os bandeirantes foram muito usados na construção de uma identidade paulista, sendo
valorizados como os principais responsáveis pela extensão territorial brasileira, alçando o posto
de heróis’, explica ele. Hoje, no entanto, discussões pressionam para que esse heroísmo seja
revisto. Isso porque os feitos desses homens, muitos deles violentos, foram suprimidos nesse
processo de idealização.
‘Eles são lembrados só como construtores de riqueza e da nacionalidade, mas não são
lembrados como assassinos e escravizadores de indígenas, como foras da lei ou até mesmo como
estupradores. Essas dimensões da história dos bandeirantes sumiram’, afirma o historiador. [...]”
HERÓIS ou vilões? No aniversário de São Paulo, entenda quem foram os bandeirantes. National Geographic, 23 jan.
2023. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/01/herois-ou-viloes-no-aniversario-
de-sao-paulo-entenda-quem-foram-os-bandeirantes. Acesso em: 17 jul. 2024.
1. Que argumentos o texto aponta para que os bandeirantes sejam considerados heróis ou
vilões? Justifique sua resposta.
2. Na sua opinião, que lugar os bandeirantes devem ocupar na história do Brasil?
3. Debata com os colegas sua opinião a respeito das questões anteriores.
CAPÍTULO 8: A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL BRASILEIRA: POPULAÇÃO E MIGRAÇÕES 89