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↓ Os tons escuros, as pinceladas    	↪	 A Inquisição
pesadas e o contraste entre
luz e sombra usados na obra               Se a Inquisição medieval foi criada para combater as heresias e preser-
Interrogatórios na prisão, do       var a unidade católica, sua revitalização em 1478, a pedido da rainha Isabel
pintor italiano Alessandro          da Espanha, teve relação com as transformações políticas que estavam em
Magnasco, feita entre 1710 e 1720,  curso na Europa moderna. Por essa razão, a Inquisição deixou de se subordi-
representam os interrogatórios      nar diretamente ao papado, como acontecia na Idade Média, e passou a ser
inquisitoriais de maneira lúgubre   controlada pelos Estados nacionais, servindo aos interesses dos governantes.
e denunciam a violência da
tortura como meio de obter a              Na Espanha e em Portugal, a Inquisição usou como expediente para identi-
confissão dos réus.                 ficar seus alvos o incentivo à delação. Bastavam alguns gestos suspeitos, como
                                    a recusa em comer carne de porco ou o não comparecimento sistemático à
                                    missa, para que alguém corresse o risco de ser denunciado por se desviar da
                                    fé. Cabia ao inquisidor que recebia a acusação avaliar a gravidade da trans-
                                    gressão e decidir se era caso de levar adiante o processo ou não.

                                          A partir do momento em que se iniciavam as primeiras investigações para
                                    averiguar a procedência das acusações, o processo já se instaurava. Caso fos-
                                    sem encontradas evidências de culpa, o réu poderia ser preso preventivamente
                                    e ter seus bens confiscados. A razão de sua detenção era mantida em segredo
                                    e não lhe era concedido o direito efetivo de defesa.

                                          Orientados pela certeza de que eram guiados por Deus, os inquisidores
                                    conduziam todo o processo visando confirmar a culpa do réu. A tortura era
                                    empregada para extrair a confissão dos delitos, considerada essencial para a
                                    salvação da alma do acusado. A sentença final era dada pelo inquisidor-mor
                                    e lida em uma cerimônia pública chamada auto de fé. As absolvições eram
                                    raras e as penas podiam ser brandas, ou muito severas, chegando até a pena
                                    de morte na fogueira. Os autos de fé deixaram de ocorrer no século XVIII, mas
                                    a Inquisição ainda sobreviveria até 1821 em Portugal e até 1834 na Espanha.

                                                                                Veja respostas e orientações
                                                                                   no Manual do Professor.

                                    •	 Imagine que você pertença a uma comunidade judaica vivendo na Espanha do final do

                                        século XV. Você tem negócios, familiares e amigos nesse lugar. Porém, o rei determinou

                                        que você só poderá continuar vivendo no reino se abandonar sua fé e se converter ao

                                        cristianismo. O que você faria? Descreva, na forma de um diário, como você se sente,

                                        que elementos estão pesando em sua decisão e seus planos para o futuro. Para deixar

                                        seu diário mais realista, pesquise imagens da Espanha do século XV e informações dos

                                        costumes e crenças do seu povo nesse século.

                                                                                                                                REPRODUÇÃO/MUSEU DE HISTÓRIA DA ARTE, VIENA, AUSTRIA

                                    CAPÍTULO 13:  O RENASCIMENTO E AS REFORMAS RELIGIOSAS NA EUROPA                                                                                   171
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