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Depressão econômica: período pro- Outra característica essencial dessa nova fase da industrialização, conhe-
longado de crise econômica, carac- cida como Segunda Revolução Industrial, foi a aliança entre ciência, técnica e
terizado pela falência de inúmeras indústria. Isso significou que cada invento ou descoberta científico-tecnológica
empresas, elevadas taxas de desem- era rapidamente aplicado à indústria com o objetivo de acelerar, modernizar e
prego, além de queda na produção e baratear a produção. Por exemplo, a geração de energia elétrica por magnetismo,
nos investimentos. a invenção do motor de combustão interna e o processo de fabricação do aço, as
três principais inovações científico-tecnológicas do período, foram empregados
Lastro: reserva em ouro de um país na fabricação de materiais elétricos, ferroviários e navais, além de automóveis
que servia de garantia ao papel-moe- e equipamentos para as indústrias. A demanda criada pelas novas indústrias
da. O padrão-ouro vigorou do século impulsionou as pesquisas científicas e tecnológicas, levando o século XIX a ser
XIX até a Primeira Guerra Mundial. chamado por muitos europeus de era do progresso.
O motor dessa fase do capitalismo industrial foi o setor ferroviário. Ele era o
principal mercado da indústria siderúrgica, o meio de transporte que interligava os
centros fornecedores de matérias-primas, as indústrias e os portos de escoamen-
to dos produtos para o exterior, além de representar um lucrativo negócio para o
investimento de capitais gerados na produção industrial. A tecnologia de produção
de vagões e locomotivas era dominada pela Grã-Bretanha. Com conhecimento tec-
nológico e capitais, a indústria pesada inglesa liderou a construção das primeiras
ferrovias na Europa continental, na Rússia e nos Estados Unidos, fornecendo téc-
nicos e materiais ferroviários, construindo diretamente as ferrovias ou financiando
governos e empresas na instalação da malha ferroviária.
MUSEU CARNAVALET, PARIS
→ Cartaz da Exposição Universal
de 1889, realizada em Paris
durante as comemorações
do centenário da Revolução
Francesa. As exposições
universais celebravam as
grandes conquistas da ciência
e da indústria. As cidades onde
eram realizadas (Londres, Paris,
Chicago e Viena, entre outras)
simbolizavam a modernidade,
motivo de grande orgulho para as
sociedades industrializadas.
↪ A depressão econômica do século XIX
O excesso de investimentos na indústria pesada ferroviária está na origem
da primeira grande crise do sistema capitalista. O entusiasmo gerado pela ex-
pansão das novas indústrias levou ao aumento de empresas sem lastro mone-
tário que procuravam compensar a falta de dinheiro abrindo seu capital na bolsa
de valores. A produção industrial crescia, mas o mercado não acompanhava o
mesmo ritmo, estagnado em razão das medidas protecionistas tomadas por
vários países e dos baixos salários pagos aos trabalhadores.
A crise veio à tona com a quebra da bolsa de valores de Viena, em 1873;
na sequência, atingiu a economia britânica e, dali, espalhou-se pelo mundo,
com falências de milhares de empresas, crescimento do desemprego, queda
dos salários dos trabalhadores e da taxa de lucros dos empresários. O colapso
desembocou na depressão econômica do século XIX, que se estendeu de 1873
até o final da década de 1890, atingindo diferentes setores da produção e se
expandindo por vários países.
CAPÍTULO 18: A EXPANSÃO IMPERIALISTA NO SÉCULO XIX: ETNOCENTRISMO, RACISMO E DARWINISMO SOCIAL 217