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A visão etnocêntrica que guiou a expansão imperialista se concretizou em                             HAECKEL COLLECTION/ULLSTEIN BILD/GETTY IMAGES
                                               duas ações principais nas terras colonizadas: a exploração econômica e a do-
                                               minação cultural. A primeira ação implicou a extração dos recursos naturais
                                               dos territórios conquistados, como ouro, diamante, noz-de-cola, óleo de palma,
                                               marfim e borracha, entre outros artigos, e a instalação de empresas de nave-
                                               gação, estradas de ferro, mineração, comércio, agricultura e crédito bancário.
                                               O trabalho compulsório dos nativos africanos, principalmente na colônia belga
                                               do Congo e nas colônias portuguesas, foi amplamente utilizado.

                                                     A dominação cultural foi promovida nas áreas conquistadas sobretudo por
                                               meio do envio de missionários cristãos (católicos e protestantes) para a evange-
                                               lização e a escolarização dos nativos. Para ter uma ideia, o número de missioná-
                                               rios cristãos na África, por exemplo, saltou de cerca de 500, em 1815, para 22 mil,
                                               em 1900, a maior parte deles protestantes. As escolas fundadas por europeus
                                               naquele continente, centradas no ensino primário, tinham a tarefa de evangelizar
                                               e “civilizar” os nativos, o que foi feito por meio de um instrumento essencial do
                                               processo de dominação cultural, o ensino da língua do colonizador. DOC. 1

                                                        ↑ Crianças nativas e missionário protestante em aula de canto na África Oriental Alemã, c. 1910.

                                  	↪	 O darwinismo social

                                                     Na segunda metade do século XIX, a publicação da obra A origem das
                                               espécies, do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), causou grande
                                               impacto na sociedade europeia. Em seu livro, Darwin apresentou dados que
                                               mostravam que a diversidade biológica existente no planeta seria fruto de um
                                               longo processo de evolução. Segundo ele, os indivíduos de uma mesma espécie
                                               apresentam grande variação entre si. Um grupo com determinadas caracterís-
                                               ticas pode tornar-se mais bem adaptado ao ambiente, tendo mais chances de
                                               sobreviver e de deixar descendentes, que herdarão as mesmas características.
                                               Esse é o princípio da teoria da evolução por seleção natural, elaborado por
                                               Darwin e Alfred Wallace (1823-1913), outro pesquisador britânico.

                                                     A teoria proposta pelos dois britânicos causou um choque profundo ao de-
                                               monstrar que a vida não era fruto da criação divina e que o ser humano e os
                                               macacos tinham um ancestral comum. Apesar de romper com as explicações
                                               bíblicas e enfrentar forte resistência na sociedade, a teoria de Darwin e Wallace
                                               logo tornou-se referência para a comunidade científica. Tanto que, ainda no século
                                               XIX, essa teoria foi usada para explicar e justificar a dominação colonial. A hipótese
                                               é de que haveria também seres humanos ou povos evoluídos e superiores, em
                                               oposição a outros povos, inferiores e atrasados. Essas ideias ficaram conhecidas
                                               como darwinismo social. DOC. 2

222 UNIDADE 3:  O MUNDO QUE CONHECEMOS
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