Page 304 - PNLD 2026 - HISTORIA
P. 304
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL TOPICAL PRESS AGENCY/GETTY IMAGES
E A CRISE DE 1929
Qual foi o papel dos interesses nacionalistas e das disputas imperia-
listas na eclosão da guerra?
Quais foram as principais razões e os efeitos da crise econômica ini-
ciada em 1929?
↻ A Grande Guerra na historiografia
O início da Primeira Guerra Mundial, em 28 de junho de 1914, completou
em 2014 seu primeiro centenário. A proximidade dessa data estimulou vários
pesquisadores a revisitar as principais interpretações elaboradas sobre esse
conflito, considerado pelos europeus ocidentais como a Grande Guerra.
As primeiras interpretações sobre a Primeira Guerra foram produzidas por
historiadores contemporâneos ao conflito, com base em depoimentos de com-
batentes e na propaganda política dos países beligerantes na Europa. Nas déca-
das seguintes, distanciando-se dessa primeira geração de historiadores, outras
narrativas foram produzidas, fazendo da Primeira Guerra um dos temas mais
estudados pela historiografia europeia.
Entre as primeiras obras, da década de 1920, e as obras mais recentes, do
século XXI, a mudança no objeto de estudo e na abordagem foi revolucionária.
Em vez de uma narrativa militar, política e diplomática do conflito, centrada na
ação dos exércitos e dos governos, as obras passaram a abordar os sentimentos
e as privações dos soldados nas trincheiras, as deserções, a angústia dos civis,
a forma como a guerra era representada em fotografias, cartazes e jornais,
além de investigar o impacto do conflito na criação de uma cultura da guerra.
Apesar dessas diferenças, dois aspectos têm interessado a vários histo-
riadores: as razões para a eclosão do conflito e como cada potência europeia
contribuiu para que isso acontecesse. O primeiro aspecto está relacionado ao
nacionalismo acirrado e às disputas imperialistas entre as principais potências,
criando entre elas um clima crescente de atrito e tensão. O segundo, como
cada potência agiu nesse cenário de intensa rivalidade, nos remete ao compor-
tamento dos governos, que tinham a opção de investir na paz ou, ao contrário,
de fomentar a guerra e preparar-se para ela.
Ao abordar o assunto, o historiador australiano Christopher Clark, em sua
obra Os sonâmbulos: como eclodiu a Primeira Guerra Mundial, afirma que a guer-
ra não era uma saída inevitável. Ela foi uma escolha dos principais estadistas
europeus, que tinham consciência de que suas decisões poderiam empurrar o
continente para uma guerra devastadora.
→ Batalhão de mulheres inglesas
em treinamento durante a
Primeira Guerra Mundial, 1917.
A guerra rompeu a tradicional
divisão entre militares e civis.
Durante o conflito, mulheres
cumpriram papel fundamental
nas fábricas, na agricultura e até
mesmo no front.
302 UNIDADE 5: O MUNDO EM CONFLITOS