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Intitulado ‘Lucros e pobreza: aspectos econômicos do trabalho forçado’, a pesquisa aponta
                              que o trabalho forçado resulta em um lucro ilegal de US$ 236 bilhões por ano. Esse valor cor-
                              responde aos salários que trabalhadores e trabalhadoras deveriam receber, mas que acabam
                              ficando nas mãos dos seus exploradores. [...]

                                     Trabalho forçado é ‘todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob a ameaça de
                              qualquer penalidade e para o qual esse indivíduo não se oferece voluntariamente’.

                                     As ameaças podem ocorrer em qualquer fase do ciclo do trabalho: no momento do recruta-
                              mento (forçando alguém a aceitar um trabalho contra sua vontade), durante a realização do trabalho
                              em si (obrigando a pessoa a trabalhar e/ou viver em condições com as quais não concorda), ou na
                              tentativa de rompimento (obrigando a pessoa a permanecer no trabalho).

                                     Segundo o relatório da OIT, em 2021, último ano considerado para a comparação,
                              27,6 milhões de pessoas estavam nessa situação no mundo.

                                     ‘O trabalho forçado perpetua ciclos de pobreza e exploração e atinge o cerne da dignidade
                              humana. A comunidade internacional deve unir-se urgentemente para tomar medidas para acabar
                              com esta injustiça, salvaguardar os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e defender
                              os princípios de justiça e igualdade para todas as pessoas’, afirma [o diretor-geral da OIT]. [...]

                                     A exploração sexual comercial forçada representa mais de dois terços (73%) do total dos lucros
                              ilegais, apesar de corresponder a apenas 27% do número total de vítimas. De cada cinco pessoas que
                              diariamente são submetidas a essa situação, quatro são meninas ou mulheres, e a OIT estima que
                              grupos criminosos obtenham US$ 27.252 com o trabalho de cada uma delas.

                                     Depois da exploração sexual comercial, o setor com os maiores lucros anuais ilegais prove-
                              nientes do trabalho forçado é a indústria, com US$ 35 bilhões, seguida pelos setores de serviços
                              (US$ 20,8 bilhões), agricultura (US$ 5 bilhões) e trabalho doméstico (US$ 2,6 bilhões).

                                     O relatório destaca a necessidade urgente de investir em medidas para travar os fluxos
                              de lucros ilegais e responsabilizar os seus autores, e recomenda o reforço das estruturas legais,
                              com a expansão da inspeção do trabalho em setores de alto risco e uma melhor coordenação
                              entre a aplicação das leis trabalhistas e criminais.

                                     Mas a OIT alerta que o combate ao trabalho forçado requer uma abordagem abrangente
                              que englobe as causas mais profundas do problema e priorize a proteção das vítimas.

                                     No início de 2023, o resgate de 207 homens em situação análoga à escravidão em uma viní-
                              cola gaúcha lançou luz sobre o racismo e a precarização do trabalho no Brasil. Além da agricultura,
                              construção civil, confecção e trabalho doméstico são outras áreas econômicas com graves casos de
                              trabalho forçado.

                                     [...]”

                                                            LUCRO com trabalho forçado aumenta 37% no mundo, aponta OIT. Conectas, 23 abr. 2024.
                                                                 Disponível em: https://www.conectas.org/noticias/trabalho-forcado-relatorio-oit?gad_

                              source=1&gclid=CjwKCAjw1920BhA3EiwAJT3lSYpTQrMGqso_iOr6HSxK-PangmZUPmzvIdW0uTUlpfVTxdMt60W20xoCK
                                                                                                                          vMQAvD_BwE. Acesso em: 11 jul. 2024.

Veja respostas e orientações  Trabalho em condições análogas à escravidão
   no Manual do Professor.
                                    O Ministério do Trabalho e Emprego do Governo Federal, em parceria com a
                              Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Internacional para as
                              Migrações (OIM), agências especializadas das Nações Unidas, disponibilizaram um
                              serviço para a coleta, a concentração e o tratamento das denúncias de trabalho
                              em condições análogas às de escravidão no território brasileiro. O Sistema de
                              Denúncia de Trabalho Análogo ao de Escravo e Implementação do Módulo Migrante
                              (Sistema Ipê Trabalho Escravo) é um site que permite fazer denúncias de explo-
                              ração trabalhista.

                                    A ferramenta permite o acesso também a imigrantes e refugiados que
                              saibam ou se encontrem em situação de exploração trabalhista, pois atende
                              também em inglês, espanhol e francês.

                                    O sistema ajuda a fiscalização e os esforços para combater os tipos de
                              trabalho em condição análoga à escravidão. Caso você saiba de alguma situa-
                              ção semelhante, com os professores da escola, vocês podem fazer a denúncia.

                              1.	 Acesse o site https://ipe.sit.trabalho.gov.br/#!/, clique em “BOTAO_REALIZAR_DENUNCIA”

                                  e inicie o processo, conforme orientações.

                              2.	 Com os professores, acompanhem e verifiquem a continuidade da denúncia.

                              3.	 Em sua opinião, por que é importante denunciar as práticas de exploração do trabalhador?

                              CAPÍTULO 14: O TRABALHO NO MUNDO ATUAL EM ESPAÇOS URBANOS E RURAIS 175
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