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Xenofobia, racismo e discriminação

                                      Um exemplo bastante típico de preconceito e discriminação ocorre com a
                                xenofobia. A xenofobia pode ser definida como aversão a estrangeiros, o que al-
                                gumas pessoas justificam em razão da concorrência no mercado de trabalho ou
                                simplesmente porque se sentem “invadidas” com a presença de um imigrante.

                                                                                                                     ALEXANDRA BILHAM/SHUTTERSTOCK

                                ↑ Imigrantes trabalhando na produção de morangos. Califórnia, Estados Unidos, 2023.

                                      A xenofobia no Brasil tem feições e particularidades que devem ser conside-
                                radas. A hostilização aos imigrantes é seletiva, ou seja, manifesta-se em relação
                                a determinados grupos de imigrantes. Enquanto europeus ou estadunidenses
                                são bem-vistos, africanos, latino-americanos e imigrantes vindos de países
                                mais pobres são indesejados e, geralmente, se tornam vítimas de intolerância.
                                Também se manifestam certos julgamentos prévios com relação a determinados
                                grupos de migrantes, que, mesmo sendo brasileiros, são hostilizados em algumas
                                cidades ou regiões. É o caso de muitos nordestinos presentes em cidades do
                                Centro-Sul que sofrem preconceito, intolerância e agressão.

                                      O que se percebe é que a intolerância, seja na forma de racismo, seja na de
                                preconceito, discriminação, exclusão social etc., se manifesta de várias manei-
                                ras, voltadas em geral às minorias. Ou seja, os grupos que historicamente têm
                                sido colocados na condição de inferiores e subjugados, como as mulheres, que
                                ganham menos que os homens ocupando os mesmos cargos no mercado de tra-
                                balho; os negros, muitas vezes preteridos nas oportunidades de emprego; os ho-
                                mossexuais, vítimas de ofensa ou de violência; entre outros grupos minoritários.

                                      O preconceito, como sua definição já revela, parte da ideia de estabelecer
                                um conceito antes de qualquer reflexão que envolva, por exemplo, tolerância,
                                compreensão, solidariedade e inclusão. A forma mais comum se manifesta quando
                                uma pessoa é julgada inferior, desqualificada e classificada como indesejada antes
                                mesmo de se saber o que ela pensa, sente, como ela é e o que ela tem de bom.
                                Dessa forma, esse tipo de preconceito é influenciado pela falta de conhecimento,
                                pela ignorância e pelo fato de uns se julgarem melhores que os outros. É preciso
                                considerar, no entanto, que o preconceito é algo que se constrói no decorrer da
                                História, algo que perdura e que faz parte das relações entre os povos.

                                      No Brasil, essas questões têm raízes no processo de colonização. Os euro-
                                peus, para justificar a dominação dos nativos nas terras conquistadas, referiam-
                                -se a eles como “seres inferiores”, “sem alma”, o que justificaria a necessidade
                                de “educá-los”, “catequizá-los” e, por fim, “escravizá-los”.

                                      Com a chegada dos primeiros africanos no território, ocorreu um processo
                                de inferiorização semelhante, mas os povos africanos já entraram na colônia
                                como “mercadorias”, que, segundo a visão dos brancos dominantes, poderiam
                                ser comercializadas na condição de escravizados. Construiu-se uma ideologia
                                com base na inferiorização como forma “natural” de subjugar os povos negros,
                                que seria aceitável para manter a escravidão. Esse processo se consolidou no
                                país mesmo após a abolição da escravatura.

388 UNIDADE 6: UM MUNDO PLURAL
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