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Idade Moderna: na divisão clássica da É importante destacar que o sentimento de identidade que une a sociedade
história europeia, compreende o pe- nacional não existe desde tempos imemoriais. A ideia de uma história e de um
ríodo de transição entre a sociedade destino comum unindo a população de um reino foi construída no imaginário
feudal e a sociedade capitalista bur- social para servir ao projeto de criação do Estado-nação. Reconhecendo a im-
guesa. Esse período teria se iniciado portância de desnaturalizar a identidade nacional, o historiador estadunidense
no século XV e se estendido até o final Benedict Anderson (1936-2015) criou o conceito de comunidade imaginada.
do século XVIII. Dessa forma, nação, segundo ele, é uma comunidade socialmente construída,
imaginada por pessoas que se reconhecem como parte de uma coletividade.
↙ À esquerda, Retrato do rei ↪ Quem é o Estado?
francês Luís XIV, pintura de
Hyacinthe Rigaud, 1701. Luís Fala-se que Luís XIV (1638-1715), rei da França, teria certa vez afirmado: “O Estado
XIV encarnou, como nenhum sou eu”. Conhecido como “Rei Sol”, Luís XIV foi uma figura emblemática da forma de
outro rei, o modelo de monarca governo que os historiadores definem como monarquia absolutista. Não sabemos se
absolutista. ↘ À direita, Retrato o rei francês realmente disse a famosa frase, mas, de todo modo, ela revela o pen-
equestre de Carlos V, pintura samento vigente na época, ressaltando a importância do rei como chefe de Estado.
do artista veneziano Ticiano,
1548. Nessa pintura, Carlos V é O absolutismo foi a forma de governo característica de algumas monarquias
representado como o príncipe europeias durante a Idade Moderna, período que na França também é chamado
cristão responsável pela vitória de Antigo Regime. DOC. 2 A figura dos monarcas europeus desse período buscava
católica sobre o protestantismo impor respeito e reverência ao poder régio. O retrato do imperador Carlos V
e pela hegemonia da dinastia (1500-1558) sobre seu cavalo, pintado por Ticiano, mostra essa intenção, apre-
dos Habsburgo, da Áustria, na sentando o rei como um poderoso e imponente chefe na guerra; por outro lado,
Europa. seu rosto revela uma expressão serena, sugerindo sua justiça na aplicação da
violência. Os conflitos internacionais e civis eram muito comuns, e cabia ao
monarca tomar decisões táticas e estratégicas durante as campanhas militares
e conduzir seus exércitos.
É importante destacar, no entanto, que a formação dos Estados modernos
na Europa não foi simples nem fácil; pelo contrário, esse processo foi marcado
por tensões e conflitos sociais complexos e variados. Em diversos reinos, as
famílias da alta nobreza lutaram contra a afirmação de um poder monárquico
centralizador. Como veremos, cada monarquia europeia precisou superar inú-
meros desafios internos ou externos para se consolidar.
A B
HYACINTHE RIGAUD - MUSEU DO LOUVRE, PARIS
TICIANO - MUSEU DO PRADO, MADRI
CAPÍTULO 14: DAS MONARQUIAS FEUDAIS AO ESTADO MODERNO 179