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Gentry: pequena nobreza rural ingle- Veja respostas e orientações
sa, formada sobretudo de burgueses
enriquecidos que compraram títulos QUESTÕES no Manual do Professor.
nobiliárquicos, que se diferenciava da
nobreza tradicional por adotar uma • Segundo Max Weber (1864-1920), considerado um dos fundadores da Sociologia, o Estado
gestão burguesa das suas terras. também se define como o poder que tem o monopólio da violência, ou seja, do uso da
força legítima para manter a ordem, que é exercida por meio de instituições como as
Forças Armadas e as polícias. Considerando essa conceituação, responda oralmente.
a) Podemos afirmar que as milícias que atuam no estado do Rio de Janeiro e o PCC (Primeiro Co-
mando da Capital), mais forte em São Paulo, têm exercido o papel de Estado paralelo? Por quê?
b) O que explica a presença mais acentuada desses grupos em algumas áreas do Brasil do
que em outras?
c) Apresente propostas para combater a formação de Estados paralelos como o das milícias
e as defenda com argumentos objetivos.
↪ Os casos espanhol, inglês e francês
O Estado moderno nasceu também associado à questão religiosa. A conhecida
fórmula “um rei, uma fé, uma lei” expressa a ideia de Estado como um organismo
coeso, em que a Coroa, a Igreja e a lei eram indissociáveis.
Em um reino identificado com o catolicismo, caso da França, ou com o protes-
tantismo, caso da Inglaterra, as igrejas não oficiais tinham pouco ou nenhum espaço
de manifestação religiosa ou influência política. Na monarquia absolutista, as crenças
minoritárias tendiam a ser objeto de repressão do aparato estatal, uma vez que a fé
do rei devia ser a fé dos súditos.
Veja agora como se deu a formação do Estado moderno em alguns países eu-
ropeus e perceba que a religião estava presente na origem de todos eles.
A monarquia espanhola formou-se com a união dos reinos de Castela e
de Aragão, em 1469, por meio do casamento de Isabel de Castela (1451-1504)
e Fernando de Aragão (1452-1516), conhecidos como os “Reis Católicos”. Mas a
centralização política e territorial só foi concluída com a expulsão dos mouros
de Granada, o último reduto muçulmano na Península Ibérica.
Um dos maiores desafios da monarquia espanhola ao longo dos séculos foi su-
bordinar seus diferentes territórios a uma autoridade centralizada, decorrente da difícil
conciliação dos interesses das comunidades que compunham os reinos, exigindo ne-
gociações e concessões por parte da Coroa. Um dos principais esforços nesse sentido
centralizador foi empreendido pelo monarca Filipe II (1527-1598), que estabeleceu a
cidade de Madri como centro administrativo do império comandado por ele.
Na Inglaterra, a consolidação do poder monárquico está diretamente rela-
cionada à Reforma Protestante e às disputas de poder político entre a monar-
quia e a Igreja Católica. Os embates entre as duas forças culminaram na ruptura
do rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, com a autoridade do papa, confirmada
com o Ato de Supremacia. Aprovado pelo Parlamento em 1534, o Ato atribuiu
ao rei o título de chefe supremo da Igreja inglesa, em substituição ao papa, o
que deu origem à Igreja Anglicana, a Igreja oficial da Inglaterra.
A obra de consolidação do poder monárquico na Inglaterra foi continuada por
Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que governou de 1558 a 1603. Os dois foram os reis
mais absolutos da história inglesa e, ao mesmo tempo, os mais populares. Porém,
o absolutismo inglês era peculiar. O fortalecimento do poder real não significou o
enfraquecimento do poder local. O comando político estava centralizado na figura
do rei, mas as decisões administrativas, a exemplo das finanças, eram controladas
pelo Parlamento e pela gentry, camada social que controlava o poder local.
A consolidação da monarquia francesa foi uma das mais turbulentas. Durante o
século XVI, a Coroa da França sofreu grandes pressões de famílias da alta nobreza,
que se sentiam ameaçadas pela crescente centralização do poder real. Como agra-
vante, a França se viu sacudida por violentas guerras civis de motivação religiosa,
entre 1560 e 1598, que opuseram católicos e protestantes e causaram a morte de
cerca de 100 mil huguenotes. Apenas no século XVII, com a política de apaziguamento
conduzida pelos reis, a França conseguiu consolidar sua centralização política e se
tornar uma das maiores potências políticas, econômicas e militares da época.
180 UNIDADE 3: O MUNDO QUE CONHECEMOS