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Apartheid: regime de segregação racial No texto a seguir, o pesquisador francês Gustave Le Bon, um dos defenso-
que vigorou na África do Sul, legalmen- res das teorias raciais na França, destaca diferenças existentes entre os “povos
te, de 1949 a 1992. primitivos e inferiores” e os “seres superiores”.
“Entre os povos primitivos e inferiores – não é preciso ir até os selvagens puros para
encontrá-los, já que as camadas mais baixas das sociedades europeias são idênticas a seres
primitivos – constata-se sempre uma incapacidade mais ou menos grande de raciocinar, ou
seja, fazer associações no cérebro, para comparar e perceber analogias e diferenças existentes
nas ideias produzidas por sensações passadas ou as palavras que as sinalizam, com as ideias
produzidas pelas sensações presentes. Dessa incapacidade de raciocinar resulta uma grande
credulidade e uma ausência completa de espírito crítico. No ser superior, ao contrário, a ca-
pacidade de associar ideias, tirar conclusões é muito grande e o espírito crítico e a precisão
são altamente desenvolvidos.”
LE BON, Gustave. Psicologia da evolução dos povos. Niterói: Teodoro, 2013. p. 22.
Veja respostas e orientações QUESTÕES
no Manual do Professor.
• Responda às questões com base no texto de Le Bon.
a) Quais grupos raciais, de acordo com o programa de eugenia, representariam os povos
primitivos e inferiores? Quais representariam os seres superiores?
b) De acordo com Le Bon, quais elementos distinguem os povos primitivos dos seres superiores?
c) Em sua opinião, o autor apresenta evidências científicas que justifiquem suas posições?
Explique.
A crença na possibilidade de criar uma raça pura por meio da seleção ge-
nética da população serviu de fundamento ideológico para vários regimes
políticos ao longo do século XX, como o apartheid na África do Sul, a política
de segregação racial nos Estados Unidos e o nazismo na Alemanha.
Antes mesmo do regime nazista, a Alemanha já tinha feito estudos de
corpos humanos a fim de comprovar a existência de povos inferiores. Entre
1904 e 1908, eles levaram para a Europa crânios de nativos do Sudoeste
Africano Alemão, mortos em conflitos coloniais, para servirem de base a
experimentos científicos sobre raça.
SEAN GALLUP/GETTY IMAGES
↑ Em 2018, em uma cerimônia realizada em Berlim, o governo alemão devolveu às autoridades da Namíbia
os crânios de nativos que haviam sido levados à Europa. Na imagem, autoridades namibianas prestam
homenagem, na capital alemã, às vítimas de um dos maiores genocídios da história.
224 UNIDADE 3: O MUNDO QUE CONHECEMOS