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↻ Os Estados Unidos e as ditaduras militares da
América Latina
Veja respostas e orientações Além de compartilhar o caráter conservador, anticomunista e altamente
no Manual do Professor. repressivo, comum a todas as ditaduras militares instauradas na América Latina,
os governos dos países da região estavam alinhados tanto política como ideo-
QUESTÕES logicamente aos Estados Unidos.
1. Qual foi a importância es- A participação dos Estados Unidos na ascensão das ditaduras militares na
tratégica da Escola das América Latina teve várias frentes. Em muitos países, como no Brasil e no Chile,
Américas para os Estados eles financiaram grupos opositores aos governos eleitos democraticamente,
Unidos? oferecendo treinamento militar, armas e dinheiro.
2. De acordo com o texto, A manipulação da informação, principalmente em relação aos perigos do
como se deu a influência comunismo, ajudou a criar um clima de instabilidade política e de medo, que foi
da Escola das Américas aproveitado por grupos conservadores para se apresentarem como alternativa
sobre as ditaduras latino- política à revolução socialista. A ação desses grupos também foi beneficiada
-americanas? pelos efeitos de sucessivas crises econômicas, comuns na região, que contri-
buíram para desgastar a imagem dos governos democráticos.
A Escola das Américas
“A região do Canal do Panamá não abriga apenas uma via de água transoceânica de
importância vital para os Estados Unidos e o conjunto do hemisfério. É também uma ver-
dadeira sucursal do Pentágono. [...] na verdade, a zona se transformou em sede da defesa
hemisférica dos Estados Unidos, [...] principalmente através da [...] Escola das Américas
[...], por onde passaram todos os militares de alta patente dos exércitos da quase totalidade
dos países da região. [...]
[...] Para as autoridades da escola, não se trata de formar a elite dos oficiais da América
Latina na defesa de suas fronteiras, mas na luta contra o ‘inimigo interno’. [...]
No corredor de honra que leva à sala de reuniões [...] uma carta fica destacada [...].
Endereçada ao comandante da escola, ela termina assim: ‘Pedimos consequentemente que
aceite o reconhecimento do exército chileno, ao qual eu acrescento minhas sinceras feli-
citações pela obra de aproximação profissional que esse instituto realiza’. Ela data de 6 de
novembro de 1973 e é assinada por Augusto Pinochet.”
UMA escola de torturadores nas Américas. Le Monde Diplomatique Brasil, 4 jul. 2012. Disponível em: https://
diplomatique.org.br/uma-escola-de-torturadores-nas-americas/. Acesso em: 31 ago. 2024.
ARQUIVO /CB/D.A PRESS ↻ A instauração da ditadura civil-militar no
Brasil
↑ Em 1961, Jânio Quadros
condecorou Ernesto “Che” A renúncia inesperada do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, apenas
Guevara com uma das maiores seis meses após tomar posse, abriu uma crise política que por pouco não antecipou
honrarias oficiais do Brasil. O o golpe de 1964. Contrariando as expectativas da coligação conservadora que o
fato, interpretado como mais um elegeu, Jânio restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética e, em agos-
indício da inclinação comunista to de 1961, condecorou o revolucionário Ernesto “Che” Guevara, um dos principais
de Jânio, gerou uma série de líderes da Revolução Cubana, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do
conflitos que resultou em sua Sul. Com isso, setores conservadores retiraram seu apoio ao governo e migraram
renúncia com apenas seis meses para o campo da oposição. Isolado, o presidente renunciou em 25 de agosto.
de governo.
Com a renúncia de Jânio Quadros, seu vice, João Goulart, o Jango, deveria
assumir o governo. A presença de uma liderança varguista na presidência alarmou
os setores conservadores, que imediatamente se organizaram para impedir a
posse de Jango. Na ocasião, como João Goulart estava em viagem diplomática e
comercial à China socialista, uma junta militar assumiu provisoriamente o governo.
Fora do Brasil, Jango pôde estender a viagem e esperar o desfecho da
turbulência política, que ameaçava explodir em guerra civil. A solução para o
impasse veio do Congresso, que rejeitou o pedido de impeachment de Jango e,
em 1º de setembro de 1961, aprovou a adoção do sistema parlamentarista no
Brasil. João Goulart tomou posse, mas sem os poderes garantidos no sistema
presidencialista.
CAPÍTULO 29: DITADURA E REVOLUÇÃO NA AMÉRICA LATINA 347