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HENRIQUE DANTAS/ACERVO DO FOTÓGRAFO
PARA NAVEGAR ↑ O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em União dos Palmares (AL), reconstitui a história do maior,
mais duradouro e mais organizado refúgio de negros escravizados das Américas. Foto de 2022.
Museu da Língua Portuguesa
(São Paulo) Os povos bantus
Disponível em: https://www. Os povos bantus habitavam a região onde hoje se situa o país de Angola,
museudalinguaportuguesa. na África. Os bantus foram um dos grupos arrancados à força de seu lugar
org.br/memoria/exposicoes- de origem para serem escravizados no Brasil. Por esse motivo, pode-se di-
temporarias/linguas- zer que muito da cultura brasileira e da língua portuguesa falada no Brasil
africanas-que-fazem-o- tem influência dos povos bantus. Essa grande influência deve-se ao fato
brasil/. Acesso em: 24 jul. de os bantus terem sido os primeiros africanos a desembarcarem no Brasil.
2024. Estima-se que até 1850, por volta de 75% dos africanos escravizados trazidos
ao Brasil eram bantus.
Em maio de 2024, o Museu da
Língua Portuguesa, em São ↪ Os remanescentes dos quilombos
Paulo, inaugurou uma exposição
temporária para ressaltar a Apesar da derrota do Quilombo dos Palmares, muitos outros quilombos
influência das línguas africanas surgiram ao longo de todo o território brasileiro. Essas comunidades quilombolas
na língua portuguesa falada no desenvolveram uma estrutura social e econômica própria, bem como atuaram
Brasil. no sentido de preservar a herança cultural africana. Mesmo sofrendo forte re-
pressão, os quilombos foram muito importantes e, além do legado de resistência,
conseguiram estabelecer certos territórios que perduraram no tempo, por isso
ainda hoje existem os remanescentes dos quilombos. Dessa maneira, como
explica Flávio dos Santos Gomes, o que denominamos hoje como quilombos,
podem ser tanto remanescentes dessas comunidades de resistência à escra-
vidão como novas comunidades negras, a maioria delas rurais, que surgiram
também como forma de sobrevivência após o fim oficial da escravidão no país.
“Hoje, espalhadas por todo o Brasil, vemos surgir comunidades negras rurais (algumas já
em áreas urbanas e suburbanas de grandes cidades) e remanescentes de quilombos. Elas são a
continuidade de um processo mais longo da história da escravidão e das primeiras décadas da
pós-emancipação, época em que inúmeras comunidades de fugitivos da escravidão (e também
índios e desertores militares), e depois aquelas com a migração dos libertos, se formaram. Não
se trata de um passado imóvel, como aquilo que sobrou (posto nunca transformado) de um
passado remoto. As comunidades de fugitivos da escravidão produziram histórias complexas
de ocupação agrária, criação de territórios, cultura material e imaterial próprias baseadas no
parentesco e no uso e manejo coletivo da terra. O desenvolvimento das comunidades negras
contemporâneas é bastante complexo, com seus processos de identidade e luta por cidadania.”
GOMES, Flávio S. Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo: Claro Enigma, 2015.
p. 7. Disponível em: https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/35044.pdf. Acesso em: 24 jul. 2024.
78 UNIDADE 2: O MUNDO EM MOVIMENTO