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DIÁLOGO COM SOCIOLOGIA E HISTÓRIA
     DOC. 1

     Enredados no mundo

               “É pelo fato de estarmos enredados no mundo que parece haver algo de implícito no que pensamos e dizemos
        a seu respeito. No intuito de liberar o pensamento, não é possível contentar-se com esse retorno sobre si do pensa-
        mento pensante que em geral se associa à ideia de reflexividade; e apenas a ilusão da onipotência do pensamento
        pode fazer crer que a dúvida mais radical seja capaz de colocar em suspenso os pressupostos, ligados as nossas
        diferentes filiações, dependências e implicações, que mobilizamos em nossos pensamentos. 0 inconsciente e a
        história - a história coletiva que produziu nossas categorias de pensamento, e a história individual por meio da
        qual elas nos foram inculcadas: por exemplo, é a história social das instituições de ensino (a mais banal de todas
        e ausente da história das ideias, tanto das filosóficas como das demais) e a história (esquecida ou recalcada) de
        nossa relação singular com essas instituições que podem nos oferecer algumas verdadeiras revelações sobre as
        estruturas objetivas e subjetivas (classificações, hierarquias, problemáticas etc.) que, a despeito de nossa vontade,
        sempre orientam nosso pensamento.”

                                                                      BOURDIEU, Pierre. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 19.

     DOC. 2

     Vamos acordar a crisálida

               “É assim que a metafísica foi conduzida a procurar a realidade das coisas por cima do tempo, além do que
        se move e muda, fora, portanto, do que percebem nossos sentidos e nossa consciência. Desde então, só poderia
        se tratar de um arranjo mais ou menos artificial de conceitos, uma construção hipotética. Ela pretendia sobre-
        passar a experiência; não fazia na realidade nada mais do que substituir a experiência movente e plena, capaz de
        aprofundamento crescente e, portanto, repleta de revelações, por um estrato fixo, dissecado, vazio, um sistema de
        ideias gerais abstratas, extraída dessa mesma experiência, ou melhor, de suas camadas mais superficiais. Seria
        o mesmo que falar sobre o invólucro do qual a borboleta se desprenderá e fingir que a borboleta que voa, muda,
        vive, encontra sua razão de ser e sua completude na imutabilidade do casulo. Vamos, pelo contrário, libertar o
        envelope. Vamos acordar a crisálida. Restituamos ao movimento a sua mobilidade, à mudança sua fluidez, ao
        tempo sua duração. Quem sabe se os grandes problemas insolúveis não ficarão na crosta? Eles não concerniam
        ao movimento, nem a mudança, nem ao tempo, senão somente ao invólucro conceitual, que falsamente tomamos
        por eles ou pelo seu equivalente.”

                                                  BERGSON, Henri. El pensamiento y lo moviente. Buenos Aires: Cactusa, 2013. p. 21-22. (tradução nossa)

     Veja respostas e orientações       ATIVIDADES
        no Manual do Professor.

         COMPREENDER

      DOC. 1

     1.	 O que significa dizer que estamos enredados no mundo?
     2.	 Que relação Pierre Bourdieu estabelece entre a Filosofia, a Sociologia e a História?

      DOC. 2

     3.	 Bergson critica as concepções racionalistas ou metafísicas. Explique.
     4.	 Explique a analogia feita por Bergson do casulo e da borboleta para explicitar sua posição.
     5.	 O que o autor propõe?

         RETOMAR
     6.	 Responda à questão inicial deste capítulo:

             •	 A experiência sensível é a fonte ou a origem do nosso conhecimento?

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