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Ataque à pessoa que argumenta
Há uma falácia de grande relevância que é utilizada com frequência até
hoje: o argumento contra a pessoa ou o argumento ofensivo. Nesse caso,
como o próprio nome indica, argumenta-se contra o interlocutor, e não
contra o argumento ou a opinião que a pessoa com quem se fala defende.
Veja o exemplo.
A1
“Suas afirmações sobre a história não podem ser verdadeiras, porque
você não é professor de história.”
Essa falácia tenta desacreditar as afirmações feitas por uma pessoa
sem analisá-las, apenas atacando-a; no caso, por não ser historiadora. Mas,
do ponto de vista lógico, é possível que um não historiador faça afirmações
corretas sobre a história; e que um historiador cometa equívocos ao analisar
determinados acontecimentos históricos.
Vejamos outro exemplo:
A2
“Lara já mentiu uma vez. Ela é mentirosa. Ela não pode estar dizendo
a verdade agora.”
Em A2, não há nenhuma prova de que aquilo que Lara afirma seja
mentira. O argumento a define como mentirosa para que a conclusão seja
convincente: “Ela não pode estar dizendo a verdade”. Novamente, deixa-se
de lado o que a pessoa disse ou afirmou, procurando atingi-la e desqualifi-
cá-la. Trata-se de um erro de raciocínio, pois a conclusão não é justificada
pelas premissas. Lara pode ter mentido uma vez, isso não faz dela uma
mentirosa sempre, nem atesta que mente agora.
EXERCITAR A ARGUMENTAÇÃO
1. Analise o argumento a seguir. Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
“Os escritos de Locke sobre a liberdade política e pessoal são falaciosos, pois ele
investia no comércio de escravizados.”
2. Classifique as falácias a seguir em: falácia do apelo à misericórdia (FM); falácia do
apelo à popularidade (FP); falácia do apelo à força (FF); e falácia ofensiva (FO).
a) “Defenda os princípios que estão na Bíblia ou será excomungado!”
b) “Ele é pobre, não pode perder a bolsa de estudos; ele merece uma nota alta.”
c) “A filosofia de Heidegger não serve para nada, ela é vazia, pois ele era nazista ou pelo
menos apoiou o nazismo.”
d) “É a música mais tocada no ano, é a melhor; você não pode deixar de ouvi-la.”
CAPÍTULO 13: EMPIRISMO: OS SENTIDOS E O CONHECIMENTO 161