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↻	O empirismo e a ciência                                                                                                             ANDRE SEALE/PULSA R IMAGENS

      Boa parte desta unidade do livro é dedicada às teorias filosóficas volta-
das para o conhecimento humano. Tanto os racionalistas quanto os empiristas
procuraram investigar a fonte ou a origem do conhecimento, com o objetivo de
encontrar fundamentos ou princípios seguros nos quais ele pudesse se sustentar,
o que possibilitaria o conhecimento científico.

      Como se sabe, os empiristas afirmam que a origem do conhecimento está
na experiência sensível. No entanto, há dois questionamentos frequentemente
realizados pelos filósofos da ciência que estão associados à relação entre a ex-
periência sensível e o conhecimento científico. O primeiro trata da objetividade
dos dados da observação; o segundo é conhecido como o problema da indução.
Vamos estudar esses dois problemas.

	↪	 A observação é fiel à realidade?

      Em geral, é bastante disseminada a ideia de que as ciências se iniciam
pela observação da realidade. Por meio da observação, obtêm‑se dados com
base nos quais são elaboradas as leis. As leis, por sua vez, são integradas em
teorias, elaboradas para descrever ou explicar a realidade. Esse pelo menos é
o entendimento da maioria das pessoas – o senso comum – sobre o conheci-
mento científico.

      Para que a ciência seja conhecimento verdadeiro, pensa‑se que a observa-
ção deva ser fiel à realidade, isto é, que as percepções devam corresponder às
coisas como elas são. Quando, por exemplo, observamos um cachorro, nossas
observações devem ser fiéis ao cachorro real, para que nossa descrição tam-
bém o seja, pois será com base nela que construiremos o edifício da ciência a
respeito dos cães. Entende‑se, como o faria Locke, que por meio da percepção
o cientista ou qualquer ser humano tem acesso direto a algumas propriedades
dos objetos externos à mente – Locke as chamaria de qualidades primárias.

      Se temos acesso direto a propriedades dos objetos externos, as percepções
ou observações podem ser objetivas, ou seja, comuns a todas as pessoas. O
mesmo que é apreendido pela mente de um indivíduo humano pode ser apreen-
dido pela mente de outro, pois ambos analisam as propriedades do objeto ob-
servado. Por esse motivo, várias pessoas podem afirmar que estão conversando
sobre o mesmo cachorro ou vendo a mesma paisagem.

↑ Tubarão-tigre sendo imobilizado e marcado para estudo científico, na ilha de Oahu, Havaí. Foto de 2015. A
objetividade da observação – a garantia de que todos os pesquisadores envolvidos conseguem ter o mesmo
entendimento sobre a coisa observada – é um aspecto importante da pesquisa científica.

                                                                              CAPÍTULO 13: EMPIRISMO: OS SENTIDOS E O CONHECIMENTO 157
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