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DIGA NÃO... (P. 60)                                                            muitas vezes de intenção religiosa, ritualística e estética, e
               A discussão coletiva e a elaboração de ações contra o bullying          expressam desejos e pensamentos.
                                                                                  2)	 a) A afirmação revela a postura de nunca aceitar por estabe-
       são medidas básicas para tomada de consciência sobre esse grave                 lecido qualquer conhecimento que não tenha sido examinado.
       problema. Além disso, a atividade exorta os estudantes a pensarem               Por isso, os filósofos não consideram deter o conhecimento
       sobre formas de combatê-lo, a se tornarem sujeitos ativos nas reso-             sobre as coisas que a maior parte das pessoas acredita saber.
       luções de problemas, a exercerem a cidadania dentro do âmbito es-               A postura filosófica parte do reconhecimento da própria ig-
       colar. Além disso, se houver prática de bullying na escola, essa ativi-         norância, aliada à busca constante do saber. Por esse motivo,
       dade poderá ter o mérito de fortalecer a vítima e inibir os agressores.         os filósofos não possuem a sabedoria formalmente.
                                                                                       b) A especificidade do pensamento filosófico é pensar por
        APRENDER A ARGUMENTAR (P. 61)                                                  conceitos. Em seus primórdios, a filosofia busca atingir a raiz
           1)	 a) porque; b) logo; c) ou; d) embora; e) Se, então.                     do que é investigado, como fazia Sócrates ao perguntar-se
           2)	 As sentenças b e d não formam ou compõem argumentos,                    pelos conceitos das coisas, e não se contentar com explica-
               mas são apenas afirmações descritivas. Nesses dois casos, as            ções que abordassem apenas casos particulares.
               expressões “então” e “logo” não são indicativas de conclusão.      3)	 a) No texto, o sofista estabelece uma separação entre nomos e
               As sentenças a, c e e formam argumentos ou raciocínios. Em              physis. As leis seriam criadas por convenção humana (nomos),
               a, a conclusão “é melhor agasalhar o bebê” está no início               que está sujeita ao acaso e à casualidade. A natureza (physis),
               do argumento, e o termo “pois” é indicativo das premissas,              por sua vez, seria regulada por regras inatas e inevitáveis.
               que apresentam os motivos ou as razões da conclusão: está               b) Antifonte defende o argumento de que o ser humano só res-
               frio, o organismo do bebê está frágil e um organismo frágil             peita as leis estabelecidas por convenção humana na medida
               pode adoecer com o frio. Em c, a conclusão está no final da             em que teme a opinião dos outros indivíduos da comunidade.
               frase, antecedida pela expressão indicativa “então”: “então             Na ausência de testemunhas, pode-se transgredir essas leis
               ele não pode ter nascido em Alagoas.” O motivo ou a razão               sem temer a vergonha ou o castigo. Ao contrário, as regras da
               dessa conclusão está na premissa: “ele é mineiro” – como                natureza, pelo seu caráter necessário e inevitável, não podem
               mineiro é aquele que nasce no estado de Minas Gerais, ele               ser descumpridas sem consequências adversas para o ser
               não pode ter nascido em Alagoas. Em e, a conclusão, “meu                humano, que se traduzem em fatos capazes de prejudicá-lo.
               time é forte candidato ao título de campeão”, está no meio do      4)	 a) Diferentemente dos primeiros filósofos, cujo centro de
               argumento, e o índice que a introduz é “portanto”. As outras            investigação estava na natureza (physis) e na busca de expli-
               frases buscam fundamentar essa conclusão: “Meu time tem                 cação de seus fenômenos, os sofistas e Sócrates voltaram-se
               os melhores jogadores e o melhor técnico do campeonato”,                para preocupações relativas ao mundo humano, marcando
               “O clube tem boa estrutura para treinamento”.                           o chamado “período antropológico” da filosofia. Às leis da
                                                                                       physis os sofistas contrapuseram as questões relativas ao
        LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 62)                    nomos, àquilo que é criado por convenção humana, as leis
           1)	 Segundo o texto, o diálogo é desenvolvido com o propósito de            sociais. Sócrates, por sua vez, adotou a preocupação com
               que os participantes cheguem a uma compreensão comum                    o ser humano e com conceitos como o bem, mal, justo etc.
               sobre o conceito tratado, algum valor humano.                           – que dizem respeito à esfera humana, e não ao mundo na-
           2)	 Para se alcançar uma nova e superior compreensão, é pre-                tural – como a fonte principal das investigações filosóficas.
               ciso se desfazer das antigas noções que adotamos sem ter                b) Sócrates entende que apenas o conhecimento dos concei-
               realizado uma investigação racional. As contradições são                tos pode estabelecer o que é verdadeiro. Por isso, parte em
               importantes porque elas evidenciam que nossas suposições                busca da investigação dos conceitos de virtude, justiça, bem,
               e afirmações – as teses das quais partimos – eram engano-               entre outros, para definir com propriedade cada um deles.
               sas, obrigando-nos a reanalisar nossa posição, abrindo-se a             Segundo o filósofo, só em posse desses conceitos o indivíduo
               possibilidade de um entendimento mais profundo.                         pode agir de acordo com eles, ou seja, Sócrates defende a
                                                                                       ideia de que o conhecimento é pressuposto da ação moral.
           3)	 Perguntar pelo conceito era fundamental para Sócrates, pois        5)	 Os textos apresentam dois pontos de vista diversos sobre a
               esse filósofo pensava que só é possível ser virtuoso pelo               temática do desenvolvimento sustentável. O primeiro deles,
               conhecimento. Só é generoso de fato quem sabe o que é                   estabelecido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente,
               generosidade; só é corajoso, quem sabe o que é a coragem; só            criada pela ONU, defende a possibilidade de um desenvolvi-
               é justo quem sabe o que é a justiça; e assim sucessivamente.            mento que não comprometa as gerações futuras. O segundo,
               Ou seja, quem quer praticar uma virtude tem de conhecê-la.              elaborado pelo teólogo brasileiro Leonardo Boff, baseia-se no
               O fundamento da ética socrática é o conhecimento.                       argumento de que desenvolvimento e sustentabilidade são
                                                                                       duas esferas inconciliáveis. Não há posicionamento certo ou
           4)	 a) Espera-se que, após o estudo realizado, os estudantes                errado sobre o tema. Espera-se que os estudantes reflitam
               tenham compreendido a importância de Sócrates para a                    filosoficamente sobre o problema da viabilidade ou não do
               filosofia ocidental. Sócrates fez parte, junto com os sofistas,         desenvolvimento sustentável e que desenvolvam argumentos
               de uma mudança de foco reflexivo: da natureza para o ser                consistentes e lógicos na defesa de seu posicionamento ou de
               humano. Mas, diferentemente dos sofistas, centrou suas                  sua interpretação sobre o tema. Na construção dos argumentos,
               reflexões nos valores morais, visando o aperfeiçoamento da              eles podem abordar a importância da natureza para a vida hu-
               alma, que, para ele, era a essência do ser humano. Por um               mana, o conceito de natureza dos primeiros filósofos, a relação
               lado, ao usar a razão para a investigação das coisas próprias           problemática que o ser humano estabeleceu com a natureza,
               do humano e, por outro lado, ao se preocupar com a virtude              o consumo e a degradação ambiental ou a necessidade de se
               viva em Atenas, por meio de seu diálogo, Sócrates fundou                estabelecer novo entendimento sobre o meio ambiente.
               uma nova relação com a Ética, que marcou não só a Platão
               e Aristóteles, mas o conjunto do pensamento ocidental.           APROFUNDAR O CONHECIMENTO (P. 64)
               b) Valores morais são princípios que guiam ou balizam o            1)	 Significa entender o outro como semelhante e, a partir des-
               agir propriamente humano, como a igualdade, honestidade,                se entendimento, adotar momentaneamente seu ponto de
               justiça, liberdade, solidariedade, compaixão etc.                       vista, buscando compreendê-lo. Isso é possível exatamente
                                                                                       porque somos semelhantes e comungamos das linguagens
        ATIVIDADES (P. 63)                                                             para organizar o mundo e nos relacionarmos.
           1)	 Ambas são marcas carregadas de intenção, de sentido ou             2)	 Há algo de universal, a humanidade, entre a diversidade, as
               significado. Tanto a obra do artista Brassaï como as marcas             peculiaridades de cada indivíduo humano (negro, branco,
               produzidas nas cavernas entre 40 e 10 mil anos atrás têm                mulher, homem, rico, pobre etc.)
               caráter simbólico e revelam essa característica fundamental
               do ser humano: representar e dar sentido às coisas. A cara,        3)	 Espera-se que os estudantes consigam estabelecer relações
               a careta, os elementos da obra de Brassaï expressam morte,              entre a sua vida e os direitos humanos, isto é, que perceba
               admiração, indagação, desafio, provocação, ou seja, “coisas             que a sua condição humana implica direitos que não devem
               humanas”. As representações de animais, cenas e objetos nas             ser violados, o mesmo acontecendo com as outras pessoas.
               cavernas, feitas entre 40 e 10 mil anos atrás em diferentes
               regiões do planeta, também são carregadas de significados,

392 MANUAL DO PROFESSOR
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