Page 392 - PNLD 2026 - FILOSOFIA

muitos direitos são violados. Nesse sentido, a realidade bra-
sileira está em desacordo com os direitos humanos.
2) A escolha de um direito ou de vários que são violados é
livre, afinal, todos os direitos violados listados no texto são
fundamentais. O importante é que os estudantes expliquem
o porquê de sua preocupação. Trata-se de mobilizar seu
interesse para o tema dos direitos humanos.
3) Resposta livre. Trata-se de fazer com que os estudantes
tomem para si a preocupação sobre os direitos humanos.
Isto é, percebam que, além da obrigação do Estado garantir
esses direitos, eles não estão dados concretamente, e sua
implementação depende da consciência, ação e mobilização
dos cidadãos. As medidas que podem ser sugeridas são di-
versas, e não é possível listar todas as possibilidades, mas
abarcam ações governamentais, legais e civis.
4) Espera-se que os estudantes, após o estudo desenvolvido,
caminhem para uma compreensão mais ampla e complexa
dos valores e dos direitos humanos. Que possam perceber
o quão fundamental são esses conceitos para o indivíduo e
para a sociedade e que ajam, na sua vida cívica, de acordo
com essa compreensão. Trata-se de um processo educativo
que será desenvolvido no transcurso do livro, e é uma preo-
cupação presente principalmente em todas as disciplinas
que compõem as ciências humanas.
CAPÍTULO 5. Valores morais como guias da vida: Sócrates
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Identificar, analisar e refletir as ideias socráticas: seu giro epistemológico e
defesa de valores morais (EM13CHS101)
Identificar e analisar, no âmbito da filosofia de Sócrates, a importância de seu
método dialógico (EM13CHS101)
Compreender por que o conhecimento é fundamento da ética socrática e refle-
tir sobre a possível atualização dessa concepção. (EM13CHS501)
Identificar o que são valores morais e os impasses ético-políticos envolvidos na
sociedade contemporânea (EM13CHS501 e EM13CHS504)
Identificar e analisar a prática violenta do bullying, bem como os mecanismos
para combatê-la (EM13CHS503)
Além do giro filosófico, vale destacar no estudo de Sócrates um
conjunto de ideias que podem ser expostas em suas relações lógicas:
a) A alma é a essência humana (alma é compreendida, nesse
contexto, como consciência ou razão, e não como entidade
imortal independente do corpo – segundo alguns estudiosos,
tal ideia está presente em Platão, mas não em Sócrates).
b) Se a essência do indivíduo é sua alma e se o indivíduo quer
tornar-se um ser melhor, cabe a ele dedicar sua vida ao
aprimoramento da alma, da consciência ou da razão.
c) O ser humano se aprimora e se torna um ser excelente ou
virtuoso conhecendo a virtude, conhecendo a justiça e o
bem. Decorre disso a ideia de que a busca da verdade ou
do conhecimento deve ser o centro de toda vida virtuosa.
d) Para conhecer o que é verdadeiro é preciso desenvolver uma
investigação conceitual rigorosa, afastando o pensamento dos
preconceitos e/ou das afirmações sem a análise da razão –
explorar trecho de diálogo entre Sócrates e Trasímaco de A
república, de Platão.
SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS PARA O PROFESSOR
CONFORD, Francis. M. Principium sapientiae: los orígenes del pensa-
mento filosófico griego. Madri: Visor, 1988.
Analisa o processo de desenvolvimento do pensamento humano racional desde
a formação da Grécia antiga.
CONFORD, Francis.
Conford explica, nesta obra, por que Sócrates é um marco histórico para a filoso-
fia e para a sociedade, esclarecendo sobre a mudança de foco operada por esse
filósofo [e os sofistas]: do estudo da natureza para o estudo do ser humano.
PLATÃO. Defesa de Sócrates. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
(Coleção Os Pensadores).
Esse texto de Platão, monólogo, trata da defesa de Sócrates no julgamento
que o levou à condenação e à morte, em Atenas, em 399 a.C. É uma apologia a
Sócrates, Platão busca imortalizar o pensamento do mestre.
390 MANUAL DO PROFESSOR
WOLFF, Francis. Sócrates: o sorriso da razão. 4. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
O filósofo Francis Wolff, nesse opúsculo, de maneira rigorosa mais encantada,
trata do pensamento e do filosofar socrático, baseado no diálogo. Ele esclarece
por que Sócrates é figura tão marcante da filosofia ocidental.
Professor, seria importante explorar a ideia de que, talvez,
as reflexões éticas, iniciadas sistematicamente por Sócrates, hoje
tenham um grau de importância que jamais tiveram. Diante, por
exemplo, dos avanços médicos e genéticos, quais devem ser os
limites de intervenção sobre o ser humano e sobre a natureza?
Como devemos encarar a velhice e o prolongamento da vida?
Como a liberdade humana está sendo aviltada pelo controle dos
aparelhos tecnológicos? Diante da violência crescente e das vá-
rias faces da intolerância, o que fazer? No âmbito dessa reflexão,
a seção Diga Não! possibilita uma discussão sobre uma prática
violenta e covarde que acontece também dentro da escola. A dis-
cussão, reflexão e tomada de posição sobre esse assunto permite
concretizar uma ação propriamente ética: a reflexão sobre uma
prática humana e o agir a partir dessa reflexão.
APRENDER A ARGUMENTAR (P. 61)
A seção examina a importância dos termos que estabelecem
relações diversas entre várias afirmativas, como as relações de cau-
salidade indicadas no texto. Os alunos são convidados a identificar
e utilizar corretamente os termos que distinguem as premissas
e conclusões, aprendizado que é fundamental na organização do
pensamento. Caso considere necessário, o professor poderá orien-
tar os alunos a procurar mais informações a respeito do papel dos
marcadores textuais, junto ao/à professor/a de Língua Portuguesa.
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 62)
Os dois textos utilizados nesta seção, dos filósofos Jaeger e
Wolff, tratam do pensamento de Sócrates, mais especificamente
do filosofar socrático. Trata-se de colocar em relevo um aspecto
primordial da filosofia e da conduta racional humana: a indagação
sobre as coisas e os valores humanos.
Leituras para o aluno [Unidade 1]
Texto 1
Texto para ciência do professor e leitura complementar do aluno.
No trecho a seguir o educador e filósofo Dermeval Saviani
apresenta seu posicionamento a respeito das características do
pensamento filosófico, destacando que a reflexão filosófica deve
ser radical, rigorosa e de conjunto. Caso seja factível, seria interes-
sante trabalhar com o aluno essas três características da reflexão
filosófica apontadas por Saviani, reforçando a compreensão do
aluno sobre filosofia tratada no capítulo 2.
Os requisitos de uma reflexão filosófica
“Com efeito, se a filosofia é realmente uma reflexão sobre os
problemas que a realidade apresenta, entretanto, ela não é qualquer tipo
de reflexão. Para que uma reflexão possa ser adjetivada de filosófica, é
preciso que se satisfaça uma série de exigências que vou resumir em
apenas três requisitos: a radicalidade, o rigor e a globalidade. Quero
dizer, em suma, que a reflexão filosófica, para ser tal, deve ser radical,
rigorosa e de conjunto.
Radical: em primeiro lugar, exige-se que o problema seja colo-
cado em termos radicais, entendida a palavra radical no seu sentido
mais próprio e imediato. Quer dizer, é preciso que se vá até as raízes
da questão, até seus fundamentos. Em outras palavras, exige-se que se
opere uma reflexão em profundidade.
Rigorosa: em segundo lugar e como que para garantir a primeira
exigência, deve-se proceder com rigor, ou seja, sistematicamente, segundo
métodos determinados, colocando-se em questão as conclusões da sabe-
doria popular e as generalizações apressadas que a ciência pode ensejar.
De conjunto: em terceiro lugar, o problema não pode ser examina-
do de modo parcial, mas numa perspectiva de conjunto, relacionando-se
o aspecto em questão com os demais aspectos do contexto em que está
inserido. É neste ponto que a filosofia se distingue da ciência de um
modo mais marcante.
Com efeito, ao contrário da ciência, a filosofia não tem objeto
determinado, ela dirige-se a qualquer aspecto da realidade, desde que
seja problemático; seu campo de ação é o problema, esteja onde esti-
ver. Melhor dizendo, seu campo de ação é o problema enquanto não
se sabe ainda onde ele está; por isso se diz que a filosofia é busca. E é
nesse sentido também que se pode dizer que a filosofia abre caminho