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étnica das pessoas); segregação socioeconômica (quando há LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (PÁGINA 303)
uma separação entre grupos sociais com base em sua posição 1) a) Os estudantes podem considerar o processo histórico,
socioeconômica, renda, poder aquisitivo); segregação religiosa geográfico e socioeconômico imposto pelas metrópoles
(quando pessoas de determinadas religiões são separadas e às suas colônias, desde o período de exploração de suas
excluídas por professarem tal religião); segregação de gênero riquezas, para explicar como a DIT determinou uma relação
(quando homens e mulheres são separados uns dos outros de poder entre os países ricos e pobres. As condições de
ou excluídos em determinados espaços ou atividades, comum fornecedoras de matérias-primas e de produtos primários
em profissões predominantemente masculinas, por exemplo); e de consumidoras de produtos industrializados das metró‑
segregação espacial (quando determinados grupos são ex‑ poles estabeleceu uma relação de dependência das colônias
cluídos ou afastados de determinadas áreas geográficas, por em relação às metrópoles; além disso, o lucro nessas con‑
exemplo, pessoas pobres que são malvistas quando entram dições se concentraram nas metrópoles, pois as relações
em um shopping center, pessoas que por condições financeiras comerciais eram injustas (as matérias-primas eram vendi‑
são obrigadas a morar em bairros afastados e sem acesso a das a preços bem menores que os produtos e mercadorias
serviços e oportunidades); segregação educacional (quando industrializados que vinham das metrópoles). O sistema
os estudantes são separados de acordo com a origem social, agroexportador, que persistiu nas antigas colônias depois
étnica, econômica ou nível de instrução) etc. da descolonização, acentuou e consolidou essa relação. A
b) Espera-se que os estudantes digam que o Brasil foi um industrialização, marcada pelo endividamento e pela depen‑
dos últimos países do mundo a abolir a escravidão na práti‑ dência econômica e tecnológica dos países periféricos em
ca, e que resquícios dessa situação instalaram no país uma relação aos centrais, é outro exemplo que evidencia como
ideologia, uma crença de que os brancos são superiores aos a DIT vem determinando desigualdades entre os países. O
escravizados. Essa ideologia vem se manifestando indivi‑ texto explica como o Estados nacionais também acolheram
dualmente por meio de falas ofensivas e comportamentos diferentes funções e trabalhos no sistema internacional de
contra indivíduos no cotidiano, como se fosse algo aceitável produção e de trocas, produzindo, com base no emprego de
e permissível. O racismo institucional se manifesta quando diferentes recursos, feições territoriais bastante desiguais.
existe a presença massiva de um determinado grupo em b) A DIT também se dá no interior do território nacional de
posições de poder, como, por exemplo, no Legislativo, no um país, na medida em que também cria uma divisão e uma
Judiciário, no Executivo, nas universidades e nas grandes repartição dos recursos (materiais e imateriais) mobilizados
corporações e, por circunstâncias diversas, se instalam regras, nas atividades produtivas, adquirindo diferentes recursos e
normas e condutas discriminatórias que promovem exclusão feições territoriais bastante desiguais; no caso do Brasil, as
e violência, baseadas na cor da pele. Essas e outras situações diferenças regionais são exemplos. No Brasil, a sociedade e o
deram origem e sustentam o racismo estrutural no Brasil. território nacional historicamente se empenham num tipo de
trabalho que é, em grande parte, requerido e exigido de fora
c) A promoção da igualdade e da inclusão é fundamental do país, o que resulta em dinâmicas que orientam a formação
para a construção de uma sociedade mais justa e igualitá‑ socioespacial e a divisão territorial do trabalho. As desigual‑
ria, ou seja, contrária ao racismo. O combate ao racismo, dades socioeconômicas entre a população e as discrepâncias
portanto, é diário e parte do comportamento individual e regionais, por exemplo, são consequências desse processo.
coletivo, seja no posicionamento político, cobrando das
autoridades que criem, legitimem e coloquem em prática c) O texto sugere: “para que possamos realizar uma análise
leis antirracistas, seja denunciando atitudes e ações ra‑ geográfica destas questões é necessário pensarmos como
cistas, seja estudando e entendendo a história do Brasil as participações do país na divisão internacional do trabalho
de forma crítica e lendo autores que tratam da questão atuam constantemente na produção e transformação de
com propriedade ou, ainda, polindo a linguagem do dia a seus recursos e estruturas territoriais”, e propõe também
dia, de forma a não reforçar expressões de cunho racista o questionamento: “como regiões produtivas se formam
e descontruindo falácias que legitimem equivocamente o (e se transformam) no território nacional para atender as
racismo. Os estudantes devem fundamentar sua resposta demandas do mercado externo?”. A partir da reflexão sobre
nos registros feitos a partir do vídeo sugerido. É importante esses temas, pode-se pensar nas perspectivas do Brasil na
indicar leituras para os estudantes, caso julgue necessário. DIT atual, ou seja, que políticas internas devem ser adotadas
para diminuir as desigualdades sociais e as disparidades
DE OLHO NO PRESENTE (PÁGINA 302) regionais.
Esta atividade tem como objetivo sensibilizar os estudantes a 2) O estudante deve perceber que a regionalização proposta
por Milton Santos e por Maria Laura Silveira respeita a de‑
estabelecer relação com os países lusófonos, ou seja, que têm como limitação político-administrativa dos Estados, assim como
língua oficial o português. Embora atualmente os países africanos a proposta oficial do IBGE, e explicar que os estados que
recebam forte influência cultural brasileira, por meio de novelas e formam cada uma das regiões estão delimitados dentro dela
músicas, o mesmo não ocorre no Brasil. Incentive os estudantes a em: região Amazônica – Amapá, Pará, Roraima, Amazonas,
conhecerem melhor a cultura desses países nos dias de hoje. Acre e Rondônia; região Nordeste – Maranhão, Piauí, Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe
1) Resposta pessoal. É possível que os estudantes citem e Bahia; região Centro-Oeste, composta por Goiás, Mato
músicas de cantores africanos que não sejam de países Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Tocantins; e
lusófonos. Socialize as experiências dos estudantes e esti‑ região concentrada, formada por Minas Gerais, São Paulo,
mule a troca de experiências sobre esse repertório musical. Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio
É importante propiciar um momento para que os estudantes Grande do Sul.
possam ouvir as músicas apresentadas pelo grupo, discutir
a musicalidade, o ritmo e as formas de expressão. 3) Sobre a comparação com a proposta do IBGE, o aluno
deve cotejar o mapa dos “quatro brasis” com um mapa
2) É possível, nesse momento, realizar um debate a respeito das da regionalização oficial atual do Brasil, dividido em cinco
influências culturais no Brasil. É importante trabalhar com a regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, e
diversidade cultural do continente, de forma a levar os estu‑ destacar a diferença no número de regiões – a proposta
dantes a compreender que existem diversos grupos étnicos de Milton Santos e de Maria Laura Silveira agrupa as duas
dentro de um mesmo país ou região. Discuta com eles o que regiões oficiais do IBGE (Sudeste e Sul) em uma só, a re‑
caracteriza um grupo étnico para construir esse conceito. gião Concentrada; o deslocamento do estado do Tocantins,
incluído na região Centro-Oeste; e a mudança de nome da
3) Sugere-se a elaboração de um sarau (música e literatura região Norte para Amazônia. Também existem pontos de
africana) na escola, o que pode ser feito juntamente confluência, como as nomenclaturas das regiões Nordeste
com o professor de Linguagens. Auxilie os estudantes na e Centro-Oeste, que foram mantidas.
construção dessa dinâmica. Sobre esse tema, veja: Origens
africanas do Brasil contemporâneo. Kabengele Munanga. Para possibilitar essa comparação, sugerimos a utilização
São Paulo: Global, 2009 e acesse o site Por dentro da África, do último mapa da sequência disponibilizada pelo IBGE em
disponível em: https://pordentrodaafrica.com/. Acesso em:
18 ago. 2024. MANUAL DO PROFESSOR 481