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↪ A escravidão ateniense Ofícios exercidos pelos escravos

O aumento populacional ocorrido nas cidades Entre os séculos V e IV a.C., havia trabalhadores
gregas entre os séculos VII e VI a.C. coincidiu tam- escravizados em praticamente todas as atividades
bém com a concentração de terras pela aristocracia, atenienses, como agricultura, comércio, artesanato,
o que foi gerando um enorme endividamento dos trabalhos domésticos e obras públicas. Eles podiam
camponeses. Em Atenas, oficializou-se um tipo de também trabalhar contratados pelo Estado, na bu-
servidão em que o camponês era obrigado a pagar rocracia administrativa, na pavimentação de ruas, na
um grande percentual de sua colheita ao proprietá- construção e no reparo de edifícios públicos, na fabri-
rio, o que muitas vezes resultava no seu endivida- cação de moedas e no policiamento.
mento. Pessoas sem recursos comumente vendiam
seus recém-nascidos, e a si mesmos, para quitar O trabalho livre e o escravo coexistiam na maior
dívidas ou suprir primeiras necessidades, como a de parte das atividades profissionais e não havia fun-
comida. Tais práticas foram abolidas pelas reformas ções específicas para os escravos ou para os ho-
de Sólon, eleito arconte em 594 a.C. mens livres. Quase todos os ofícios (com poucas
exceções) podiam ser executados por ambos, com a
As reformas desse legislador proibiam a es- diferença de que o homem livre trabalhava por con-
cravização de camponeses atenienses, eliminando, ta própria, enquanto os frutos do trabalho escravo
portanto, os cativos internos. Esses camponeses eram apropriados pelo senhor, ficando com o tra-
tornaram-se cidadãos, que cultivavam pequenas balhador apenas o essencial para sua alimentação.
propriedades e compunham os quadros do exército As exceções eram a política e os cargos ligados à
ateniense. Com a ascensão social dos campone- justiça e ao exército, funções exercidas exclusiva-
ses, os aristocratas tiveram que buscar em outras mente por cidadãos.
regiões a mão de obra necessária para o cultivo da
terra e outras atividades, o que deu legitimidade ao Em Atenas, desenvolveu-se uma hierarquia no
processo de escravizar estrangeiros. tratamento dedicado aos escravos de acordo com
a função que realizavam. O trabalho nas minas era
As reformas sociais desse período, portanto, a única atividade desempenhada especificamente
resultaram no aumento vertiginoso da escravização por escravos, pelas duras condições em que era
de prisioneiros de guerra, capturados no exterior, em realizado. Nas minas de prata de Láurion, estima-se
oposição aos cidadãos, encarregados da atividade que a população escravizada tenha chegado a 40
política da polis. Somente os não cidadãos podiam mil no seu auge.
ser escravizados. Todo estrangeiro, ou mesmo um
grego originário de outras cidades, podia ser escra- Os escravos não tinham direitos, já que eram
vizado por um cidadão ateniense que tivesse con- propriedade integral de seu dono; na prática, po-
dições para adquiri-lo. rém, gozavam de algumas proteções legais, que
podiam variar de acordo com as atividades que
GEORGE E. KORONAIOS/CCBY 4.0 realizavam e com o tipo de relação estabelecida
com o senhor. A lei ateniense proibia matar es-
cravos impunemente, mas os senhores recorriam
com frequência a castigos corporais e violências
de todo tipo.

A origem dos escravizados era variada, pre-
dominando os bárbaros, que provinham em sua
maioria da Trácia, da região do Danúbio e da Ásia
Menor. Também existiam escravos gregos, não ha-
vendo, portanto, nenhuma unidade grupal entre
eles. Principalmente aqueles que chegavam em
situações de guerra eram transportados à força
para um ambiente estranho e perdiam seus vín-
culos familiares. Exércitos da polis em campanha
geralmente eram acompanhados de mercadores
de escravos, que compravam os prisioneiros de
guerra em massa e os encaminhavam aos pontos
de venda no Mar Egeu.

↑ Relevo funerário grego, em mármore, representando escravo Arconte: magistrado que, em Atenas, tinha o poder de elaborar leis.
tentando controlar seu cavalo, século III a.C.
Bárbaro: nome que os gregos e os romanos atribuíam aos povos que não falavam
138 UNIDADE 2: O MUNDO EM MOVIMENTO grego nem latim e tinham práticas culturais estranhas a eles.