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ESCRAVIDÃO E SERVIDÃO NO MUNDO
ANTIGO E A ESCRAVIDÃO MODERNA

Quais são as diferenças essenciais entre o trabalho escravo e o
trabalho servil?

O que diferencia a escravidão moderna da escravidão na Antiguidade?

↻ A escravidão e a servidão são criações
históricas

Contextos de exploração do trabalho e da objetificação do ser humano
ocorreram em vários momentos da nossa história. Porém, é preciso combater a
ideia de que as diversas formas de exploração do trabalho humano constituem
algo inerente à humanidade, uma prática que sempre existiu e, desse modo,
poderia ser considerada natural e inevitável. Naturalizar a escravidão significa
banalizar a brutalidade, ignorar a historicidade dos fenômenos e desconhecer os
mais variados interesses políticos, sociais e econômicos que movem tentativas
de escravização de trabalhadores nos dias atuais.

Por essa razão, para compreender as origens do trabalho escravo e sua
utilização em alguns momentos específicos da história, iremos inserir essa ocor-
rência em determinada sociedade, sempre levando em conta a especificidade
de cada contexto. Essa atitude requer um olhar criterioso que nos impeça de
ceder à tentação de utilizarmos referências atuais, ou categorias oriundas da
escravidão moderna, para aplicá-las em outros contextos, como na Antiguidade.

Iremos analisar as características de duas formas de trabalho compulsório,
a escravidão e a servidão, em momentos específicos da história: a escravidão
ateniense, a servidão espartana, a escravidão romana e a escravidão moderna.
Os casos mais bem documentados sobre a escravidão no mundo antigo são
específicos e localizados. Mas é preciso destacar que a escravidão não predomi-
nava em todas as regiões e, mesmo em momentos em que ela foi mais intensa,
ainda havia uma variedade de estatutos intermediários entre a escravidão e o
trabalho livre, cujas definições são obscuras para nós.

REPRODUÇÃO/COLEÇÃO PARTICULAR

→ Africanos capturados para
ser vendidos como escravos,
representação em gravura
de Josiah Wood Whymper,
século XIX. O tráfico negreiro
envolvia também vários agentes
africanos, desde aqueles que
capturavam os cativos nos
povoados até soberanos e chefes
de aldeias que negociavam com
traficantes europeus.

CAPÍTULO 11: ESCRAVIDÃO E SERVIDÃO NO MUNDO ANTIGO E A ESCRAVIDÃO MODERNA 137