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Além disso, o sexo da pessoa não determina a sua orientação sexual, ou sua se-
xualidade. Portanto, pode haver homens e mulheres com orientações heterossexuais,
homossexuais ou bissexuais. Também pode haver homens e mulheres que não se
identificam com seu sexo biológico, assumindo, portanto, uma nova identidade de
gênero, tornando-se uma pessoa transgênero. Segundo afirma a socióloga australiana
Raewyn Connell (1944-), a questão da masculinidade e da feminilidade não remete
a uma categoria específica de pessoas, não diz respeito apenas às peculiaridades
dos homens ou das mulheres, sendo possível falar de masculinidade nas mulheres
e feminilidade nos homens. O gênero é a forma cultural elaborada por cada indivíduo
para manifestar sua diferença sexual. Ele seria, portanto, uma estrutura historica-
mente dinâmica, mais complexa do que as dicotomias biológicas ou os papéis de
sexo. Desse modo, os conceitos de masculinidade e feminilidade, conforme ressalta
Connell, são relacionais, existindo apenas no contraste entre os dois.
“O gênero é, nos mais amplos termos, a forma pela qual as capacidades reprodutivas e as
diferenças sexuais dos corpos humanos são trazidas para a prática social e tornadas parte do
processo histórico. No gênero, a prática social se dirige aos corpos.”
CONNELL, Raewyn. Políticas da masculinidade. In: Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 188-189, 1995.
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71725/40671. Acesso em: 13 jul. 2024.
Entretanto, em nossa sociedade ocidental, a elaboração da diferença de gênero
entre homens e mulheres foi concebida de modo a favorecer um maior domínio
dos homens, no regime denominado patriarcal. Além do domínio dos homens, há
uma tendência a se privilegiar e estimular o que seria o modo de agir como homem,
baseado principalmente na afirmação da virilidade (vigor, energia ou masculinidade)
pela violência. Tudo isso levou a um processo de desigualdades sociais entre ho-
mens e mulheres. A estas, durante muito tempo, foram negados muitos direitos.
O direito ao voto e, consequentemente, à participação política, por exemplo, é uma
conquista recente das mulheres. No Brasil, esse direito só foi instituído em 1932.
UN PHOTO/MILI
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
... à violência ↑ Zoóloga de profissão, a paulista Bertha Lutz (1894-1976) teve um papel fundamental na conquista do voto
contra a mulher feminino, entre outros direitos. Na imagem, ela participa de discussões durante a Conferência de
– Lei Maria da San Francisco, em 26 de junho de 1945.
Penha
Durante muito tempo, era quase impossível ver uma mulher ocupando altos
• Você já conhecia a Lei Maria postos do governo ou de grandes empresas. Essa situação vem se alterando aos
da Penha? Acesse a página poucos, principalmente por causa da mobilização de mulheres que passaram a lutar
com a lei e discuta com a por direitos e maior espaço nos postos de comando e decisão de nossa sociedade.
turma o que você aprendeu
sobre ela. Como a Lei Maria Outro problema que se verifica a cada dia são os altos índices de violência
da Penha pode coibir a vio- contra a mulher no país. Em 2023, segundo dados do boletim Elas vivem: liber-
lência doméstica e familiar? dade de ser e viver, publicado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
Organize com os colegas (Cesec), mais de três mil mulheres foram vítimas de violência doméstica no Brasil.
uma campanha de divulga- Ou seja, naquele ano, cerca de oito mulheres sofreram algum tipo de violência
ção de pontos importantes a cada 24 horas no Brasil, que pode ser uma agressão física ou mesmo a morte.
da lei na escola. Pode ser
em forma de cartaz ou de Há de se destacar, entretanto, que a dominação dos homens sobre as mulhe-
pequenos panfletos a serem res e a afirmação de um modelo de masculinidade violenta não são prejudiciais
distribuídos para os colegas apenas às mulheres, mas também aos homens, principalmente aos mais pobres.
das outras turmas.
CAPÍTULO 2: SER HUMANO, SER SOCIAL 31