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↻ O Estado PUBLIC DOMAIN, FROM THE BRITISH LIBRARY'S COLLECTIONS, 2013
Quando falamos de Estado, estamos fazendo referência à principal instituição
que exerce o controle social. Em outras palavras, trata-se da instituição social
responsável pelo poder político. A palavra política tem sua origem na Grécia antiga.
No seu contexto original, ela se relaciona com a ideia de pólis, as cidades-estados
gregas onde se tomavam as decisões políticas. Essa palavra, entretanto, passou a
ter outro significado, mais marcado pelas ideias de exercício do poder e de tipos
de governo, pela obra clássica do filósofo grego Aristóteles, intitulada Política.
Nela, Aristóteles identifica o ser humano como um animal político. Ou seja, para
esse filósofo, é a política que diferenciaria o ser humano dos outros animais.
Aristóteles identifica, na Antiguidade, três formas de poder: o paterno,
exercido pelo pai; o despótico, exercido pelo senhor sobre seus escravos; e o
político, exercido por quem governa sobre quem é governado. Para o filósofo,
não importa quem governa, se apenas uma pessoa ou um conjunto maior de
pessoas, mas para quem se governa. Conforme essa teoria política, os melhores
governos são aqueles em que se governa para todos.
Ao pensar o exercício da política e as diferentes formas de associação política,
Aristóteles funda uma ciência política. Ao longo da história do ocidente, entre-
tanto, outros autores contribuiram para o progresso e a consolidação da Ciência
Política. Entre eles, podemos destacar: Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau.
Hobbes, Locke e Rousseau são filósofos importantes para uma reflexão sobre
a formação das comunidades políticas. Todos eles pensam o início da vida política
do ser humano por meio da ideia da criação de um contrato social. Nesse contrato,
os homens sairiam de seu estado de natureza, ou de animalidade, transforman-
do-se em seres políticos ou sociais, vivendo em sociedades regidas por governos.
Exatamente por isso, esses filósofos são denominados autores contratualistas.
Porém, os contratos pensados por cada um deles têm especificidades.
Thomas Hobbes, nascido na Inglaterra, em 1588, vivencia os períodos mais
sangrentos da Revolução Inglesa, além da Revolução Puritana e do período
de implantação da República (ou Commonwealth). Hobbes considera que o
ser humano, antes de viver em uma sociedade política, vivia, no estado de
natureza, em um conflito generalizado, que ele denominava como a guerra de
todos contra todos. Dessa forma, os homens teriam feito um pacto entre si, o
contrato social, no qual abriam mão de sua liberdade para obter a segurança
proporcionada pelo Estado. Um governo, segundo essa concepção de Hobbes,
teria um poder quase ilimitado para garantir a segurança dos seres humanos.
Esse Estado todo-poderoso idealizado por Hobbes recebe o nome de Leviatã,
inspirado em um monstro bíblico. Hobbes é também conhecido como o grande
teórico da soberania e do Absolutismo.
→ Gravura de Abraham Bosse
(1651) representando a figura
de Leviatã, presente na capa
da primeira edição da obra de
Thomas Hobbes. Em latim, lê-se
“Não há poder na Terra que se
compare a Ele” (tradução de
Alexandre Sanches Cunha).
36 UNIDADE 1: O MUNDO EM EXPANSÃO