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Coerção: ato de forçar, obrigar alguém
a fazer alguma coisa.
Internalizar: processo em que os indiví- belecidas em nossa sociedade. O modo como reagimos aos padrões corporais
duos incorporam o conjunto de regras,
normas e valores de seu grupo social.
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
QUESTÕES
• O sociólogo francês Émile
Durkheim destaca no texto
que a não adequação às
regras sociais pode levar o
indivíduo a sofrer algumas
formas de punição.
“Se não me sub-
meto às convenções
sociais, se ao me vestir
simplesmente ignoro
os costumes seguidos
no meu país e na mi-
nha classe, o riso que
provoco e o isolamento
de que sou objeto pro-
duzem, embora de ma-
neira mais atenuada,
os mesmos efeitos que
uma pena propriamen-
te dita. Aliás, a coerção,
por ser apenas indireta,
não deixa de ser menos
eficaz.”
DURKHEIM, Émile. O estudo
dos fatos sociais e o método
da sociologia. In: CASTRO,
Celso. Textos básicos de
sociologia. Rio de Janeiro:
Zahar, 2014. p. 27.
a) Qual é a função da pu-
nição no interior de um
grupo social?
b) Como os indivíduos
aprendem sobre as
regras e os limites esta-
belecidos na sociedade?
c) De que modo as puni-
ções indiretas, às quais
Durkheim faz referência,
poderiam ocorrer no
mundo digital?
34 UNIDADE 1: O MUNDO EM EXPANSÃO
De certo modo, podemos dizer que estamos prontos para a vida social
quando internalizamos e compreendemos esses mecanismos de controle e
passamos a agir e a pensar de acordo com as expectativas e as regras esta-
estabelecidos pela sociedade é um exemplo da eficácia desse controle social. A
mídia, por meio da propaganda, da televisão e das redes sociais, criou padrões
de beleza e de comportamento que impactaram bastante a vida de homens e
mulheres. As expectativas pessoais de beleza passaram a refletir esses padrões,
muitas vezes inalcançáveis, gerando graves consequências, como distúrbios
alimentares, depressão e, em casos mais extremos, suicídio.
↻ Instituições e papéis sociais
O processo de aprendizagem das regras sociais é longo e contínuo e ocorre
por meio de instituições sociais, estruturas que transmitem o que precisamos
saber para nos inserir na vida em sociedade. A família, o Estado, a escola, as leis,
as religiões, a economia, entre outros exemplos, são instituições que transmitem
conhecimentos sobre o modo de ser, viver e conhecer de nosso grupo social.
Por meio dessas instituições, aprendemos sobre os papéis sociais que de-
vemos desempenhar. Os papéis sociais são um conjunto de expectativas e atri-
butos construídos socialmente que os indivíduos devem representar a fim de
garantir que eles desempenhem funções específicas no interior de seu grupo.
Com base nesses papéis sociais, por exemplo, cada sociedade construiu seu
entendimento sobre como homens e mulheres devem agir na sociedade. DOC. 1
Você já deve ter notado que determinados atributos e situações são direcio-
nados para homens e mulheres de formas distintas. Convencionamos pensar que
toda tarefa que exige força, coragem e ação é destinada aos homens, enquanto
reservamos às mulheres atributos relacionados à sensibilidade, ao afeto e ao
cuidado. Essas especificações sociais sobre como devem ser os comportamen-
tos de homens e mulheres influenciarão, por exemplo, as escolhas profissionais
que ambos farão e o papel de cada um dentro da família.
Por muitas décadas, acreditou-se que o sexo biológico de um indivíduo era
responsável por determinar seu comportamento, seus gostos e suas escolhas.
Assim, o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos eram considerados esco-
lhas naturais da mulher, enquanto aos homens cabia o papel de chefe da família.
Esse entendimento de que os papéis sociais são determinados pela natureza, e
que, portanto, não podiam ser questionados, gerou uma desigualdade histórica
de poder e oportunidades entre homens e mulheres.
No entanto, ao longo do século XX, com os questionamentos do movimento
feminista e o estudo de outras sociedades, percebeu-se que os papéis sociais
atribuídos aos homens e às mulheres eram uma construção social e histórica.
Esse conhecimento permitiu às mulheres que questionassem a estrutura social
e começassem a lutar por igualdade de direitos e de oportunidades.
Embora a sociedade exerça certo controle sobre nós, é possível perceber
que agimos ora aceitando essas imposições, ora nos rebelando contra elas, ora
questionando sua validade. Ou seja, por mais que a sociedade pareça nos apri-
sionar, ainda temos meios de agir e intervir na realidade e na estrutura social.
Isso significa que a relação que estabelecemos com a sociedade não é uma
aceitação passiva daquilo que nos é imposto. Muito pelo contrário. Os indiví-
duos e a sociedade estão a todo instante interagindo e negociando interesses,
necessidades e demandas. Por isso, não há como refletir sobre uma sociedade,
ou sobre os indivíduos, sem levar em conta essa relação.