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REPRODUÇÃO                                                                                  Tropicalismo

↑ Tropicalia ou Panis et                                         O Tropicalismo foi um movimento brasileiro de vanguar-
Circencis, álbum lançado em                                da cultural do fim da década de 1960. Seu principal polo
1968, reuniu vários artistas, entre                        impulsionador foi a música popular que se disseminou sob
eles, Caetano Veloso, Gilberto Gil,                        a liderança de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Tom Zé, Os Mutantes, Gal Costa,                            Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia, Os Mutantes
e consolidou o Tropicalismo na                             (grupo formado por Rita Lee, Arnaldo Batista e Sérgio Dias),
música popular brasileira.                                 Rogério Duprat, entre outros.

                                                                 O movimento recebeu influência de vanguardas artísti-
                                                           cas internacionais, como a cultura pop, e nacionais, como o
                                                           modernismo e o concretismo. Buscava abrir novas possibi-
                                                           lidades para a música e para outras artes, como o teatro, o
                                                           cinema e as artes plásticas, misturando a tradição popular
                                                           com as inovações culturais, aberto assim à modernidade.

                                           Antes de Oiticica, em outros contextos históricos, a arte já havia sido em-
                                     pregada como meio de resistência e de crítica política e social. O poema “Da
                                     Violência”, do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956), é também
                                     exemplo de inconformismo com uma situação opressiva.

                                     Da Violência

                                         “Do rio que tudo arrasta se
                                         Diz que é violento
                                         Mas ninguém diz violentas as
                                         Margens que o comprimem.”

                                                                     BRECHT, Bertolt. Poemas: seleção e estudo de Arnaldo Saraiva. Lisboa: Presença, 1973. p. 71.

                                           Tanto em Oiticica quanto em Brecht, a arte assume forma de denúncia,
                                     resistência e transformação, contestando uma situação social ou visando uma
                                     mudança na realidade. Mas será essa a função da arte? Por que, afinal, o ser
                                     humano produz arte? Essas e outras questões são temas de reflexão de uma
                                     área em particular da Filosofia: a estética.

                                     ↻	A reflexão sobre o belo e a arte

                                           O filósofo alemão Alexander Gottieb Baumgarten (1714-1762), em seu livro
                                     Aesthetica (1750), utilizou pela primeira vez o termo estética para designar uma
                                     doutrina do conhecimento sensível, isto é, uma teoria que tratasse do conhe-
                                     cimento por meio dos sentidos.

                                                “Foi a perspectiva do Belo, como domínio da sensibilidade, imediatamente relacionado
                                         com a percepção, os sentimentos e a imaginação, que Baumgarten incorporou ao conteúdo
                                         dessa disciplina, a qual apareceu numa época em que a Beleza e a Arte eram, geralmente,
                                         ou marginalizadas pela reflexão filosófica, que as tinha na conta de irrelevantes, ou consi-
                                         deradas apenas sob o aspecto racional das normas aplicáveis ao reconhecimento de uma e
                                         à produção da outra.”

                                                                                 NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 5. ed. São Paulo: Ática, 2011. p. 12.

                                           Até a modernidade, as reflexões sobre a arte, embora presentes na socie-
                                     dade ocidental desde Platão, não se constituíam em uma preocupação central
                                     das filosofias e, portanto, não se caracterizavam como disciplina. A partir de
                                     Baumgarten e das reflexões de Kant sobre o belo foi possível constituir uma
                                     área de estudo própria voltada para a arte.

                                           A reflexão estética procura responder o que é arte e como ela se relaciona
                                     com o belo. Tal demarcação nem sempre é fácil e clara, e muda no tempo e no
                                     espaço. Para se ter uma ideia dessa dificuldade, compare, por exemplo, as três
                                     obras a seguir, que pertencem a períodos diferentes.

342 UNIDADE 6: UM MUNDO PLURAL
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