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Criada entre os anos de 1503 e 1505 pelo LEONARDO DA VINCI - MUSEU DO LOUVRE, PARIS Apesar de serem tão diferentes entre si, as
artista, cientista e matemático italiano Leonardo obras Mona Lisa, A fonte e Ignorância = medo, si-
da Vinci (1452-1519), Mona Lisa é uma das obras KEITH HARING ARTWORK © lêncio = morte são todas expressões artísticas.
de arte mais reverenciadas do mundo. KEITH HARING FOUNDATION Percebemos assim que o sentido da arte e os crité-
rios que definem o que é arte não são absolutos e
↑ Mona Lisa (ou Gioconda), pintura de - WHITNEY MUSEUM OF podem ser problematizados. Um exemplo recente
Leonardo da Vinci, 1503-1505. AMERICAN ART, NOVA YORK disso é o grafite, que já foi considerado vandalismo
e hoje é aceito – não sem controvérsias – como uma
↑ Ignorância = medo, silêncio = morte, grafite de Keith© SUCCESSION MARCEL DUCHAMP/ importante manifestação artística contemporânea.
Haring, 1989. AUTVIS, BRASIL, 2020. BRIDGEMAN
Veja respostas e orientações
Ignorância = medo, silêncio = morte é uma obra IMAGES/KEYSTONE BRASIL - THE
de 1989 do grafiteiro e ativista estadunidense Keith ISRAEL MUSEUM, JERUSALEM QUESTÃO no Manual do Professor.
Haring (1958-1990), que tinha vários trabalhos dedi-
cados a causas sociais e à luta contra o HIV. • Uma das características da arte contemporânea é o ques-
tionamento do próprio conceito de arte e da problemati-
↑ A fonte, instalação de Marcel Duchamp, 1917. zação de sua definição. Para você, o que é arte? Escreva
um parágrafo dando uma definição pessoal de arte.
A fonte, criação de 1917 do artista francês
Marcel Duchamp (1887-1968), do ponto de vista ↪ O belo e o gosto humano
físico nada mais é do que um mictório-padrão
apoiado no chão de ponta-cabeça. Porém, a obra Além da reflexão sobre o conceito de arte, faz
representa um símbolo da arte do século XX. parte dos estudos da estética a reflexão sobre o belo.
Nas idades Antiga e Média, a ideia do belo não
estava associada à arte. O belo remetia a uma per-
feição metafísica – que poderia ser as formas pla-
tônicas, Deus ou o Ser Supremo, enquanto a arte
referia-se à reprodução da realidade material cap-
tada pelos sentidos.
No século XVIII, porém, indagações sobre o
gosto humano relacionado ao belo aproximaram as
noções de arte e de beleza. Para alguns pensadores
desse período, a arte era compreendida como a bus-
ca do belo. Assim, essas duas noções, a da arte e a
do belo, passaram a ser objeto da reflexão estética.
Muitos pensadores refletiram sobre o gosto hu-
mano, como David Hume (1711-1776) e Baumgarten.
Eles se questionavam se era possível que o gosto
tivesse um padrão, isto é, que houvesse um gosto
comum a todas as pessoas, ou se era algo pessoal e
subjetivo. As formulações de Kant sobre essa questão
possibilitaram um novo entendimento a respeito da
estética, que perdurou por muito tempo.
Kant e o juízo de gosto
Como foi visto no capítulo 14, para o filósofo Kant,
a experiência estética é algo diferente da mera frui-
ção particular de um indivíduo. A apreciação do belo
artístico, ou da beleza natural, pode ser comunicada
e compreendida, isto é, apesar de o juízo de gosto
ser essencialmente subjetivo, ele pressupõe uma uni-
versalidade inter-subjetiva, uma inter-subjetividade.
Por exemplo, quando uma pessoa exclama para outra
“Que pintura linda!”, espera que haja concordância,
uma admiração conjunta, uma fruição universal. Dito
de outra forma, espera que a arte expresse o universal
no particular.
Metafísica: aquilo que está além da realidade física e só pode ser captado pela inte-
ligência; área da filosofia que investiga os princípios mais gerais de tudo que existe.
CAPÍTULO 28: A ARTE E A UTOPIA DA EMANCIPAÇÃO HUMANA 343