Page 345 - PNLD 2026 - FILOSOFIA
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Criada entre os anos de 1503 e 1505 pelo              LEONARDO DA VINCI - MUSEU DO LOUVRE, PARIS                                           Apesar de serem tão diferentes entre si, as
artista, cientista e matemático italiano Leonardo                                                                                         obras Mona Lisa, A fonte e Ignorância = medo, si-
da Vinci (1452-1519), Mona Lisa é uma das obras                                                        KEITH HARING ARTWORK ©             lêncio = morte são todas expressões artísticas.
de arte mais reverenciadas do mundo.                                                                      KEITH HARING FOUNDATION         Percebemos assim que o sentido da arte e os crité-
                                                                                                                                          rios que definem o que é arte não são absolutos e
            ↑ Mona Lisa (ou Gioconda), pintura de                                                             - WHITNEY MUSEUM OF         podem ser problematizados. Um exemplo recente
            Leonardo da Vinci, 1503-1505.                                                                        AMERICAN ART, NOVA YORK  disso é o grafite, que já foi considerado vandalismo
                                                                                                                                          e hoje é aceito – não sem controvérsias – como uma
    ↑ Ignorância = medo, silêncio = morte, grafite de Keith© SUCCESSION MARCEL DUCHAMP/                                                   importante manifestação artística contemporânea.
    Haring, 1989.                                             AUTVIS, BRASIL, 2020. BRIDGEMAN
                                                                                                                                                                 Veja respostas e orientações
     Ignorância = medo, silêncio = morte é uma obra               IMAGES/KEYSTONE BRASIL - THE
de 1989 do grafiteiro e ativista estadunidense Keith                 ISRAEL MUSEUM, JERUSALEM                                               	QUESTÃO no Manual do Professor.
Haring (1958-1990), que tinha vários trabalhos dedi-
cados a causas sociais e à luta contra o HIV.                                                                                             •	 Uma das características da arte contemporânea é o ques-
                                                                                                                                              tionamento do próprio conceito de arte e da problemati-
         ↑ A fonte, instalação de Marcel Duchamp, 1917.                                                                                       zação de sua definição. Para você, o que é arte? Escreva
                                                                                                                                              um parágrafo dando uma definição pessoal de arte.
     A fonte, criação de 1917 do artista francês
Marcel Duchamp (1887-1968), do ponto de vista                                                                                             	↪	 O belo e o gosto humano
físico nada mais é do que um mictório-padrão
apoiado no chão de ponta-cabeça. Porém, a obra                                                                                                  Além da reflexão sobre o conceito de arte, faz
representa um símbolo da arte do século XX.                                                                                               parte dos estudos da estética a reflexão sobre o belo.

                                                                                                                                                Nas idades Antiga e Média, a ideia do belo não
                                                                                                                                          estava associada à arte. O belo remetia a uma per-
                                                                                                                                          feição metafísica – que poderia ser as formas pla-
                                                                                                                                          tônicas, Deus ou o Ser Supremo, enquanto a arte
                                                                                                                                          referia-se à reprodução da realidade material cap-
                                                                                                                                          tada pelos sentidos.

                                                                                                                                                No século XVIII, porém, indagações sobre o
                                                                                                                                          gosto humano relacionado ao belo aproximaram as
                                                                                                                                          noções de arte e de beleza. Para alguns pensadores
                                                                                                                                          desse período, a arte era compreendida como a bus-
                                                                                                                                          ca do belo. Assim, essas duas noções, a da arte e a
                                                                                                                                          do belo, passaram a ser objeto da reflexão estética.

                                                                                                                                                Muitos pensadores refletiram sobre o gosto hu-
                                                                                                                                          mano, como David Hume (1711-1776) e Baumgarten.
                                                                                                                                          Eles se questionavam se era possível que o gosto
                                                                                                                                          tivesse um padrão, isto é, que houvesse um gosto
                                                                                                                                          comum a todas as pessoas, ou se era algo pessoal e
                                                                                                                                          subjetivo. As formulações de Kant sobre essa questão
                                                                                                                                          possibilitaram um novo entendimento a respeito da
                                                                                                                                          estética, que perdurou por muito tempo.

                                                                                                                                          Kant e o juízo de gosto

                                                                                                                                                Como foi visto no capítulo 14, para o filósofo Kant,
                                                                                                                                          a experiência estética é algo diferente da mera frui-
                                                                                                                                          ção particular de um indivíduo. A apreciação do belo
                                                                                                                                          artístico, ou da beleza natural, pode ser comunicada
                                                                                                                                          e compreendida, isto é, apesar de o juízo de gosto
                                                                                                                                          ser essencialmente subjetivo, ele pressupõe uma uni-
                                                                                                                                          versalidade inter-subjetiva, uma inter-subjetividade.
                                                                                                                                          Por exemplo, quando uma pessoa exclama para outra
                                                                                                                                          “Que pintura linda!”, espera que haja concordância,
                                                                                                                                          uma admiração conjunta, uma fruição universal. Dito
                                                                                                                                          de outra forma, espera que a arte expresse o universal
                                                                                                                                          no particular.

                                                                                                                                          Metafísica: aquilo que está além da realidade física e só pode ser captado pela inte-
                                                                                                                                          ligência; área da filosofia que investiga os princípios mais gerais de tudo que existe.

                                                                                                                                                              CAPÍTULO 28: A ARTE E A UTOPIA DA EMANCIPAÇÃO HUMANA 343
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