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↪ A arte como criação
Se, para Kant, a beleza da natureza é superior à beleza da arte, para os
filósofos do idealismo alemão, a relação entre arte e natureza muda. Além de
não ser considerada imitação da natureza, a arte seria a beleza que só parcial-
mente a natureza alcança.
Para Fichte, Schelling e Hegel, a arte é uma criação livre do artista. O gênio
artístico manifestaria uma originalidade. Mas não se trataria de uma liberdade
arbitrária, de caráter apenas individual, mas de uma manifestação do espírito.
Para compreendermos melhor essas ideias sobre arte, retomemos o sistema
de Hegel, já estudado no capítulo que trata do idealismo alemão. No sistema
hegeliano, a história seria a manifestação do espírito no tempo, e a natureza,
a manifestação do espírito no espaço. A realidade, ou seja, tudo o que existe,
seria atividade do Espírito Absoluto.
Isso significa que, aos poucos, o ser humano toma consciência de que suas
realizações são episódios ou momentos do espírito, que marcha para a sua
autorrealização. A consciência humana, portanto, partiria do nível simples de
compreensão do mundo e progrediria até o conhecimento absoluto, momento
em que reconheceria o espírito como produtor de toda a realidade.
No âmbito desse sistema, qual seria o papel da arte?
“A necessidade geral de arte é, portanto, a necessidade racional que exorta o homem a
tomar consciência do mundo interior e exterior e a torná-lo um objeto em que se reconhece
a si mesmo.”
HEGEL, G. W. F. Estética: textos seletos. São Paulo: Ícone, 2012. p. 30.
A arte ou o belo artístico seria, por um lado, produto do homem. A partir
de sua inspiração, o gênio artístico vislumbraria a verdade espiritual e criaria
espontaneamente uma obra de sensibilidade e sentido profundos. Por outro
lado, essa criação humana também seria parte da atividade do Espírito. Em
outras palavras, assim como a filosofia e a religião, a arte (o belo artístico) seria,
para Hegel, uma das manifestações do Espírito. Na atividade finita, que é a obra
artística humana, estaria presente a ação infinita do espírito.
TOM FONSECA/PULSAR IMAGENS
Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
CRIAR UM DIÁLOGO
• Crie um diálogo entre duas
pessoas. Uma que defenda
a ideia de que “Gosto não se
discute, pois cada um tem
o seu”, e outra que defenda
a universalidade subjetiva
do juízo de gosto.
↑ Visitantes apreciam obras em exposição do acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
(Masp), em 2017. A fruição da arte e do belo é compartilhada, cada um à sua maneira, por todas as pessoas,
independentemente de sua idade, gênero, origem social ou identidades étnica e cultural.
344 UNIDADE 6: UM MUNDO PLURAL