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• Arte: ressaltando os elementos sensíveis (p. 17-18). a filosofia será modificada, aperfeiçoada. Espera-se que eles
Sugerimos chamar a atenção dos alunos para os elemen- adquiram uma posição crítica em relação à própria filosofia.
tos que constituem as linguagens artísticas, expressos No entanto, o capítulo 2 trata exatamente da pergunta “O que
no primeiro e no último parágrafos do texto: a expressão é filosofia?”. Dessa maneira, seu entendimento primeiro do
do que é sensível, como formas, cores, texturas, sons, que é filosofia poderá ser comparado com a compreensão
movimentos, emoções etc. adquirida após o estudo desse capítulo.
• Religião: organizando o mundo do sagrado (p. 18). As ma- QUESTÃO (P. 13)
nifestações religiosas são apresentadas como parte inte- Sugestão de resposta: Espera-se que o aluno tenha com-
grante das diversas culturas criadas pelos seres humanos
ao longo da história. Nesse tópico, é importante destacar preendido a diferença entre representação e representado, signo
a definição do que é o universo do sagrado, com os exem- e referência; e que o signo não é mero reflexo da realidade, mas
plos de várias religiões; a oposição entre o que é sagrado criador de outra. Baseado nessa compreensão, ele pode refletir
e o que é profano; e a noção de transcendência. Os alunos sobre os possíveis sentidos da obra. Uma primeira ideia é sobre
podem ser incentivados a dar exemplos de cada um des- a diferença entre o cachimbo e sua representação na pintura de
ses aspectos, no contexto das religiões que conhecem. Magritte. De fato, ela não é um cachimbo, apenas faz referência a
Igualmente importante é garantir, na classe, o ambiente ele por meio de uma imagem desse objeto. Imagem e objeto ca-
de respeito a todas as religiões e valorizar a diversidade chimbo não se equivalem. O pintor procura revelar essa obviedade
de manifestações religiosas que caracteriza a sociedade o mais claramente possível, fazendo-nos pensar sobre essa dife-
brasileira, que herdou múltiplas tradições culturais. rença, nem sempre estabelecida, entre as palavras, ou qualquer
outro signo, e as coisas. Ao mesmo tempo, como consequência,
APRENDER A ARGUMENTAR (P. 19) parece afirmar que nem tudo é o que parece ser, pois não é só
A seção é inaugurada com a pergunta-título “O que é um a imagem que não é um cachimbo, o objeto cachimbo também
não é a palavra “cachimbo”. Essas ideias podem ser utilizadas
argumento”, o que define bem o seu propósito: tratar do conhe- para a compreensão do próprio papel da arte. A obra de arte não
cimento básico e da prática da lógica argumentativa. Assim, o é uma cópia da realidade, por mais fiel que ela aparente ser (por
aluno dá seus primeiros passos para compreender o que é um exemplo, uma foto), mas uma linguagem que estabelece uma rea-
argumento. lidade própria. No âmbito da mesma reflexão, outro aspecto que
poderá merecer a atenção do aluno é o título da obra, A traição
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 20) das imagens. As imagens estariam traindo quem? Possivelmente
Os documentos que fazem parte desse primeiro laboratório as imagens, incluindo as palavras, estariam traindo a confiança
de quem acredita ser possível conhecer realmente as coisas por
são de Jorge Luis Borges, uma tira de Bob Thaves e um poema de meio de signos, pois elas afirmam ser o que não são; assim como
John Keats. O tema de reflexão gira em torno de signos, símbolos as coisas não são como as representamos.
e linguagem.
QUESTÕES (P. 17)
SUGESTÕES DE LEITURA PARA O PROFESSOR 1) Sugestões de resposta: Com essa pergunta, busca-se instigar
os alunos a refletir sobre a “matematização” da realidade.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 6 ed. São Espera-se que eles percebam que a linguagem matemática é
Paulo: Hucitec, 1998. simbólica e fundamental para a apreensão das regularidades
Obra que aborda a filosofia da linguagem a partir de um fundamento marxista. dos fenômenos naturais e sociais. Por essa razão, tem papel
Para esse pensador, “o signo e a situação social estão indissoluvelmente liga- central para o conhecimento científico. Ao mesmo tempo,
dos”, e a palavra é o signo ideológico por excelência. os alunos devem compreender que os índices e os símbolos
matemáticos indicam aspectos da realidade e não são, nem
CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o Homem: introdução a uma filosofia representam, a realidade propriamente dita. A ciência é uma
da cultura humana. São Paulo: Martins Fontes, 1994. forma de organizar a realidade que a reduz a certos parâmetros
Analisa a natureza simbólica do ser humano, que constrói sua realidade à e classificações; em certa medida, empobrecendo-a. Esse é o
medida que cria símbolos e signos. Entre esses signos estão o mito, a religião, a caso da cor vermelha, exemplo apresentado no texto principal,
linguagem e a ciência. que é caracterizada apenas pelo comprimento e a frequência
de uma onda. Todos os outros elementos sensíveis são deixa-
ELIANE, Mircea. O sagrado e o profano: as ciências das religiões. 4 dos de lado. Quer dizer, a realidade é muito mais rica do que
ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008. qualquer uma de suas representações matemáticas ou de
Este ensaio do filósofo romeno Mircea Eliane é um estudo introdutório, sob qualquer outra linguagem artificialmente criada para atender
o viés fenomenológico e histórico, dos fatos religiosos, no qual o conceito de a objetivos científicos. As coisas não podem se reduzir à lógica
sagrado tem grande relevância. científica ou à linguagem matemática, nem a qualquer outra
classificação, sem perder o seu aspecto peculiar ou essencial.
JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à história da arte. 2. ed. São Professor, caso considere pertinente comente com os alu-
Paulo: Martins Fontes, 1996. nos que o escritor argentino Jorge Luis Borges ridiculariza e
Panorama do desenvolvimento artístico do ser humano, das origens remo- questiona as arbitrariedades das classificações ao abordar
tas da arte das sociedades primitivas a expressões artísticas modernas e uma certa enciclopédia chinesa que teria o nome de Empório
contemporâneas. celestial do conhecimento benévolo: “Em suas remotas pá-
ginas está escrito que os animais se dividem em (a) perten-
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Rio de centes ao imperador, (b) embalsamados, (c) amestrados, (d)
Janeiro; São Paulo: Difel, 1977. leitões, (e) sereias, (f) fabulosos, (g) cachorros soltos, (h)
Nessa obra, Vernant, helenista consagrado, vai às origens da filosofia ocidental. incluídos nesta classificação, (i) que se agitam como loucos,
A partir dos mitos e da sociedade grega antiga, ele elucida a formação do pen- (j) inumeráveis, (k) desenhados com um pincel finíssimo de
samento grego e da filosofia e, em parte, da nossa própria maneira de pensar. pelo de camelo, (l) etecetera, (m) que acabam de romper o
jarro, (n) de longe parecem moscas.”
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DAS ATIVIDADES DO LIVRO DO ESTUDANTE
BORGES, Jorge Luis. Jorge Luis Borges: obras completas II.
QUESTÕES (P. 11) 2. ed. Buenos Aires: Emecé, 2009. p. 104.
1) A resposta é livre, no entanto, espera-se uma reflexão so-
bre alguns dos motivos da degradação ambiental, que está Muitos exemplos cotidianos podem ser usados para evidenciar
relacionada à intervenção do ser humano sobre a natureza. a tentativa e a dificuldade da matematização da realidade. A
Alguns dos fatores principais da degradação da natureza são própria nota ou conceito que comumente é utilizado para ava-
o desmatamento, a poluição, as queimadas, a urbanização liar o conhecimento do aluno é uma redução que leva sempre
desordenada, a agricultura insustentável e principalmente a questionamentos (é possível quantificar o conhecimento de
a exploração excessiva de recursos naturais feita pelo ser um indivíduo?; dois alunos com a mesma nota ou conceito
humano no sistema capitalista para produzir mercadorias e apresentam o mesmo nível de proficiência no desenvolvimento
produtos de toda ordem.
2) Trata-se de uma pergunta de sensibilização. O assunto será
tratado do transcurso do livro, e a visão dos estudantes sobre
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