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com a realidade. As indagações filosóficas são retiradas em grande específica. Essa ordem se manifestava primordialmente na
parte das preocupações comuns do homem. vida pública, na ágora da cidade grega.
QUESTÕES (P. 26) 5) Espera-se que os estudantes tenham assimilado na tota-
Além de contribuir para o desenvolvimento da competência lidade ou em parte o conteúdo tratado nesse capítulo. A
pergunta “O que é filosofia?” não tem uma só resposta. Isso
leitora, as questões têm o objetivo de propor uma reflexão acerca ficará evidente no transcorrer do ensino de filosofia, quando
da atitude crítica. Ao identificar que o humor é provocado pelo a aluno entrar em contato com os diversos filósofos e as
recurso irônico presente na conclusão de uma das personagens, diferentes correntes filosóficas. No momento é importante a
que, ao responder “Entendi”, toma a explicação da colega como compreensão de que o refletir filosófico é inerente ao próprio
racional e inquestionável, espera-se que os alunos percebam que ser humano e, portanto, está relacionado à sua existência, e
não é explicitada nenhuma justificativa razoável para o motivo seu cotidiano pode ser objeto desse refletir. É preciso com-
de uma das personagens estar brava, resumido em um “Porque preender também que não se trata de qualquer refletir, mas
sim!”. Nesse caso, aceitar a resposta como uma explicação, sem de uma investigação racional com características específicas,
questioná-la, não corresponde a uma atitude crítica, necessária que tem como centro a atitude crítica – tudo deve passar
para o início da investigação filosófica. pelo crivo da razão –, a atitude reflexiva – o pensamento
reflete sobre si mesmo – e a investigação conceitual – pro-
APRENDER A ARGUMENTAR (P. 29) cura-se esclarecer os conceitos ou criar novos para melhor
1) O A5 é inválido e o A6 é válido. O argumento A5 é inválido, compreender a realidade.
pois sua conclusão não é necessária, isto é, apesar de as duas
premissas serem verdadeiras, elas não sustentam adequa- CAPÍTULO 3. A descoberta da natureza: os pré-socráticos
damente a conclusão. Embora Paulo Coelho seja escritor e
muitos escritores sejam ricos, não se pode concluir que Paulo OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Coelho seja necessariamente rico. A expressão “muitos” deixa
claro que nem todos os escritores são ricos. Dessa forma, Identificar, analisar e comparar os pensamentos mítico e filosófico, levando
Paulo Coelho pode estar no grupo daqueles que não são. em conta os aspectos históricos, geográficos, sociais e políticos e culturais.
Como nesse argumento dedutivo a conclusão não decorre ne- (EM13CHS101 e EM13CHS102)
cessariamente das premissas, podemos afirmar que ele não
é válido. No argumento A6, “Todos os escritores são pessoas Identificar as narrativas míticas como cultura oral que transmite valores, cren-
criativas”; “Todas as pessoas criativas são interessantes”, a ças e práticas de uma comunidade. (EM13CHS104)
conclusão “Todos os escritores são pessoas interessantes”
é verdadeira, porque ela decorre das premissas anteriores. Contextualizar, comparar e avaliar o pensamento filosófico-científico moderno
Observe que, para a análise lógica de um argumento, as e a relação estabelecida de domínio e exploração do ser humano sobre a natu-
premissas são tomadas como hipoteticamente verdadeiras. reza, sua implicação ao meio ambiente (EM13CHS306)
2) O argumento 7 é indutivo. Ele parte de algumas constatações
particulares e as generaliza. Premissa 1: Laura estudou e foi Avaliar e refletir sobre os impactos socioambientais decorrentes da intervenção
bem na prova. do ser humano na forma de organização socioeconômica do sistema capitalista.
Premissa 2: Mario estudou e foi bem na prova. Premissa 3: (EM13CHS304)
Lucia estudou e também foi bem na prova.
Refletir sobre os impasses ético-políticos decorrentes do modo de vida que
Conclusão: Logo, quem estuda vai bem na prova. O argu- degrada a natureza e a necessidade de mudanças tendo como referências
mento 3 é dedutivo. Sua conclusão decorre das premissas as reflexões da ecofilosofia e de filósofos como Félix Guattari e Arne Naess.
e já está contida nelas. (EM13CHS504)
Premissa 1: As filósofas valorizam a razão humana. Espanto e domínio (p. 31)
Premissa 2: Clara é filósofa. Conclusão: Logo, Clara valoriza a “Diga-lhes que esta vida não cessou de me maravilhar”; “A
razão humana. dominação universal da natureza volta-se contra o próprio sujeito”.
Partindo dessas frases – a primeira supostamente de Wittgenstein e
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 30) a segunda, de Adorno e Horkheimer – e das imagens – A grande onda
1) Andrew Singer é um cartunista estadunidense conhecido Kanagawa, gravura de Hokusai, e A grande onda (2007), instalação do
pela crítica à indústria de consumo. Ao representar inúmeros artista plástico francês Bernard Pras – busca-se sensibilizar o aluno
elementos do cotidiano, a maioria objetos industrializados para dois fatores importantes de nossa relação com a natureza: o ato
danificados, Singer sugere que o pensador contemporâneo de contemplação ou admiração e a relação de domínio.
necessita de reflexão sobre a produção e o consumo de mer-
cadorias. É possível, após a análise, que surjam outras inter- São destaques iniciais de assuntos que serão estudados
pretações; o que deve ser avaliado é a coerência das análises no capítulo:
apresentadas pelos alunos. Vale destacar para a turma que
esta charge é uma releitura da escultura O pensador (1881), • O espanto ou a admiração em relação à natureza está na
de Auguste Rodin. Apresente a obra para os estudantes. origem da filosofia. Foi com base nessa admiração que os
2) O objetivo da questão é exercitar a leitura filosófica de re- primeiros filósofos elaboraram os primeiros problemas fi-
gistros não filosóficos. Espera-se que os estudantes relacio- losóficos e desenvolveram investigações: quais são os fun-
nem a imagem com o que foi estudado até o momento. Por damentos da natureza que fazem ela ser como é? Há um
exemplo, que diversas coisas podem ser objeto de reflexão princípio unificador que explique a harmonia e as diferenças
filosófica, inclusive o cotidiano; que o pensamento filosófico da natureza (a unidade e a multiplicidade)?
pode ser desenvolvido por todos, desde que com critérios
que lhe são próprios; que o ser humano tem necessidade • A imagem de Hokusai põe em relevo a grandeza da natureza.
de refletir sobre sua própria existência e sobre a realidade As criações humanas são frágeis diante de sua força, como
que o cerca; que a reflexão filosófica pode auxiliar a com- os barcos são frágeis diante da fúria do mar. Há nessa ima-
preensão do mundo no qual vivemos etc. gem um misto de contemplação e respeito pela natureza.
3) Foi no plano político que a razão primeiramente se expres- • Os filósofos naturalistas buscavam conhecer a natureza. A par-
sou com o debate público de argumentos, característico tir de certo momento, principalmente após o desenvolvimento
das cidades gregas, pois a experiência social que ocorria da ciência moderna, o ser humano estabeleceu uma relação de
com esse debate pôde ser submetida à reflexão, revelando poder e domínio com o meio ambiente. Já não se tratava mais
o primeiro momento em que a razão se separou das expli- de conhecer ou contemplar, mas de subjugar a natureza, para
cações causai míticas. que ela servisse ao ser humano. Tal entendimento persiste até
hoje, provocando muitos problemas ambientais.
4) Para o historiador, “a filosofia é filha da cidade”, uma vez
que nasceu com a razão voltando-se para a ordem humana, • A foto da emissão de gases poluentes evidencia os dois
na tentativa de defini-la e de aplicar-lhe uma linguagem aspectos centrais relacionados aos problemas ambientais:
por um lado, a produção de mercadorias necessárias ao ser
humano, no caso, a fabricação de papel; por outro, a degra-
dação do meio ambiente, consequência da exploração da
natureza. O que fazer?
MANUAL DO PROFESSOR 385