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das competências e habilidades estabelecidas para o grupo?; 2) São argumentos os conjuntos b e c, pois há relações lógicas
dois atletas do mesmo esporte e com os mesmos índices entre as afirmações; e as conclusões “A socialização é um
matemáticos são iguais do ponto de vista esportivo?; em de- elemento importante na vida de cada indivíduo” e “O organis-
terminada partida de futebol, um time fez mais gols do que mo X é resistente ao vírus Y” são justificadas pelas afirmações
o outro e venceu o jogo. Pode-se dizer, então, que a equipe anteriores. O conjunto de afirmações do item a não constitui
vencedora necessariamente jogou melhor?). um argumento, pois as afirmações não têm relação lógica
2) Espera-se que o aluno perceba que as sentenças matemá- entre si. Cada enunciado tem um sentido completo indepen-
ticas diferem das do tipo “A capa deste caderno é verde”, dente. O aluno pode estranhar o argumento c, pois se trata
“Lúcia toca bem violão” ou “A rosa está exalando um aroma de um argumento indutivo. A diferença entre argumentos
agradável”. Para saber se essas sentenças são verdadeiras ou indutivos e dedutivos será estudada com mais profundidade
não, temos de olhar, escutar e cheirar, ou seja, comprovarmos no final da próxima unidade. O importante, nesse momento,
a veracidade das afirmações utilizando nossos órgãos dos é que ele perceba que se trata de um argumento, pois a
sentidos. Assim, olhamos para o caderno e constatamos se premissa “Em todas as mais de 1.000 amostras estudadas,
ele tem capa verde; ouvimos a música que Lúcia toca ao o organismo X foi resistente ao vírus Y” oferece um forte
violão e percebemos que ela realmente toca bem; sentimos o suporte que indica que, provavelmente, é verdadeira a afir-
aroma da rosa ao cheirá-la. Para confirmarmos a veracidade mação ou a conclusão “O organismo X é resistente ao vírus Y”.
das afirmações matemáticas não é preciso o testemunho dos
sentidos. Apenas pela razão sabemos que a sentença “2 × 4 3) Argumento b:
= 8” está correta, pois “4 + 4 = 8”. Se o aluno percebe essa Premissa: O ser humano é um ser social.
diferença, poderá compreender com mais facilidade por que Conclusão: [por isso] A socialização é um elemento impor-
a linguagem matemática serve de modelo para a ciência e tante na vida de cada indivíduo.
é muito utilizada por ela. As conclusões da matemática não
precisam de comprovações empíricas para serem conside- Argumento c:
radas verdadeiras, mas sim de raciocínio lógico.
Premissa: Em todas as mais de 1.000 amostras estudadas,
DE OLHO NO PRESENTE (P. 18) o organismo X foi resistente ao vírus Y.
1) Há vários exemplos de conflitos armados atuais que têm a
intolerância religiosa como um dos fatores. Podemos citar Conclusão: O organismo X é resistente ao vírus Y.
as guerras civis na Síria e no Iraque e o conflito entre pa- 4) Espera-se que o aluno consiga elaborar um argumento, isto
lestinos e o Estado de Israel, no Oriente Médio; as tensões
entre hindus e muçulmanos na região da Caxemira, na Índia; é, criar enunciados que tenham relações lógicas entre si e
o movimento separatista checheno, na Rússia; o conflito entre especificar quais afirmações são caracterizadas como pre-
cristãos e muçulmanos na Nigéria e no Sudão, na África; além missas e qual é a conclusão desse argumento.
da guerra civil na Bósnia, nos anos 1990.
2) Espera-se que o aluno reconheça a existência de intolerância LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 20)
religiosa no país, evidenciada por notícias constantes sobre 1) a) Borges brinca com uma ideia inverossímil: a elaboração de
invasão e profanação de templos e igrejas, agressões verbais um mapa que representa determinado território em tamanho
e físicas aos praticantes de determinada religião, destruição real. Mas, ao levar à frente essa ideia, o escritor argentino
de imagens e símbolos sagrados. O aluno pode exemplificar chama a atenção para a diferença entre representação e
essa situação com algum acontecimento noticiado na mídia representado e a impossibilidade de tal distinção deixar de
ou com alguma situação de preconceito que tenha presen- existir. A representação totalmente fiel dos domínios de um
ciado ou sofrido. império seria o próprio império – o mapa se sobreporia ao
império real “ponto por ponto”; nesse caso, a representa-
3) Essa pergunta não tem resposta única e pretende que o aluno ção deixaria de ser o que é e passaria a ser o próprio objeto
faça uma reflexão sobre a intolerância religiosa. O encaminha- representado.
mento da questão parte da ideia de que há uma contradição: b) Trata-se de um jogo de palavras e sentidos. “Vossa Alteza”
por um lado, a religiosidade é uma manifestação humana é um pronome de tratamento reservado a príncipes, prince-
universal, que se expressa em praticamente todas as cultu- sas, duques e duquesas. Como a expressão “Alteza” lembra
ras; por outro, muitas pessoas buscam negar a religiosidade a característica de quem é alto, o cartunista aproveitou essa
do outro, como se apenas a sua representasse a legítima e associação para criar o humor da tira: o personagem não
incontestável fonte de verdade. A intolerância religiosa, então, gosta de ser tratado de “Vossa Alteza” porque tal expressão
é uma atitude irracional, um fanatismo que demonstra a falta remete à ideia de alto ou altura. A brincadeira é possível
de empatia e de capacidade de conviver com as diferenças. porque se estabelece um sinal de equivalência entre a re-
O aluno pode propor atitudes contra a intolerância em dois presentação, a palavra “altura” – “Alteza” – e o representado,
níveis. Em escala individual, pode sugerir uma mudança de personagem que sofre de acrofobia, ou seja, não pode nem
mentalidade que contemple a seguinte compreensão: se ouvir algo que se associe à ideia de altura.
posso expressar minha religiosidade plenamente, segundo
minha crença, e acredito que as pessoas têm os mesmos c) Apesar das diferenças na linguagem e no tema abordado,
direitos, devo defender que todos têm o direito de exercitar o conto e a tira tratam, em algum aspecto, da relação entre
sua fé. No âmbito social, a prática religiosa, a liberdade de representação (signo) e representado (coisa). No conto de
consciência e de crença e a proteção aos locais de culto Borges, o foco é a representação de um território; na tirinha
estão garantidos pela Constituição brasileira e são direitos de Bob Thaves, a representação de uma palavra. Os dois
básicos estabelecidos pela Declaração Universal dos Direitos autores se divertem com a possível confusão criada pela
Humanos, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas distinção entre representação e representado.
(ONU), em 1948. O Estado tem, então, obrigação de garantir 2) a) Espera-se que o aluno perceba que se trata de uma crítica
esses direitos e punir aqueles que os infringem. à linguagem científica, à filosofia natural, posteriormente
designada de física.
APRENDER A ARGUMENTAR (P. 19) b) O autor romântico contrapõe os feitos da ciência, que bus-
1) Trabalhei muitas horas. [E] Estava cansado. [Por isso] Dormi ca analisar os fenômenos de maneira objetiva, ao encanta-
profundamente. mento da linguagem artística. Assim, a ciência está associada
Nesse argumento, são apresentadas as causas (a explicação) a signos como frieza, decifração, utilização de instrumentos,
do sono profundo: o trabalho árduo e o decorrente cansaço. catalogação ou classificação; enquanto a arte e a dimensão
Ele poderia ser assim organizado: Estava cansado porque estética dos fenômenos naturais estão associados a “encan-
havia trabalhado muito e, por isso, dormi profundamente. tos”, “encantamento”, “mistérios”, “maravilhoso arco-íris no
Nesse caso, o trabalho é a causa do cansaço e este é a causa firmamento” e “anjo”. Ao afirmar que a “filosofia podará as
do sono profundo. asas de um anjo”, o autor visualiza que a ciência destruirá
encantamento das coisas mais belas, criadas pela arte, e com
382 MANUAL DO PROFESSOR a transcendência humana, representada pelas asas do anjo.
c) Resposta livre. Espera-se que o aluno justifique sua posi-
ção com argumentos coerentes. Ele terá a oportunidade de
estabelecer uma compreensão sobre a relação entre duas