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Argumento por analogia

      A analogia é um tipo específico de argumento indutivo que utilizamos
com frequência. Fazer uma analogia é estabelecer uma relação de seme-
lhança entre um ou mais aspectos de coisas ou acontecimentos distintos.
O uso da analogia como recurso argumentativo implica que duas coisas
distintas e semelhantes em alguns aspectos também o serão em outros.
Vejamos o exemplo de Copi:

           “A maioria das nossas inferências cotidianas é feita por analogia. Assim, infiro que
    um novo par de sapatos me servirá bem, na base de que outros pares de sapatos, anterior‑
    mente comprados na mesma loja, me serviram bem. Se um novo livro de um determinado
    autor atrai minha atenção, deduzo que terei prazer em lê-lo, como li outros do mesmo
    autor, e tive o mesmo prazer. A analogia constitui o fundamento da maior parte dos nossos
    raciocínios comuns, na qual, a partir de experiências passadas, procuramos discernir o
    que nos reservará o futuro.”

                                            COPI, Irving M. Introdução à lógica. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978. p. 314.

      No argumento citado, estabelece-se uma comparação entre os dois
pares de sapato: o novo e o velho. Quais são os aspectos semelhantes en-
tre eles? O fato de serem sapatos e serem comprados na mesma loja. Os
sapatos velhos têm ainda um terceiro aspecto: serviram bem ao comprador.
Dessa forma, espera-se que esse terceiro aspecto também seja comum aos
sapatos novos.

      É claro que o comprador poderá ficar decepcionado com o novo par de
sapatos. A conclusão do argumento por analogia não é necessária, apenas
provável. Em um bom argumento por analogia, as premissas são capazes
de sustentar que, provavelmente, a conclusão será verdadeira.

    	 EXERCITAR A ARGUMENTAÇÃO 

•	  Analise os dois textos a seguir.  Veja respostas e orientações
                                         no Manual do Professor.
    "O tempo escoa ao redor de nós sem que possamos detê-lo. Somos imóveis e o tempo

    é o que parece passar. O futuro está diante de nós, o passado, atrás. [...] Sim, tenho exata‑

    mente esse sentimento de estar no rio do tempo: sem fazer nada, sem jamais me mover,

    envelheço, pois é o tempo que age sobre mim. Ele passa. O presente nunca é o mesmo,

    enquanto eu sou sempre eu, sempre no presente. Como eu poderia me mover? Não posso

    nem retornar ao passado nem ir em direção ao futuro.”

    WOFF, Francis. A flecha no tempo e o rio do tempo – pensar o futuro. In: NOVAES, Adauto (org.). Mutações: o
                                                             futuro não é mais o que era. São Paulo: Sesc, 2013. p. 51-52.

           “Toda casa bela e bem construída tem seus ‘construtores’: projetistas e arquitetos
    inteligentes. O mundo é semelhante a uma casa bela e bem construída. Portanto, o mun‑
    do também tem de ter um ‘construtor’: um Projetista e um Arquiteto inteligente, Deus.”

                        WESTON, Anthony. A construção do argumento. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. p. 29.

    a)	Diferencie analogia e argumento por analogia nos dois textos.
    b)	Explique as analogias presentes em ambos.
    c)	Avalie se o argumento por analogia é convincente, justificando seu ponto de vista.

    CAPÍTULO 7:  EXISTIRMOS, A QUE SERÁ QUE SE DESTINA: O PENSAMENTO ARISTOTÉLICO                                             87
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