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↻	A atlantização do império e a conquista                                                                                               HOMO COSMICOS/SHUTTERSTOCK
                                 holandesa

                                                     A partir de meados do século XVI, o império ultramarino português passou
                                               a sofrer diversos ataques em suas praças coloniais na África e no Extremo
                                               Oriente. As receitas da rota do cabo, por meio da qual os portugueses acessa-
                                               vam o litoral oriental africano e suas feitorias asiáticas, também se reduziram
                                               drasticamente. As maiores perdas ocorreram no Estado da Índia, uma rede de
                                               feitorias que se estendiam de Moçambique, no litoral oriental africano, a Macau,
                                               no litoral da China.

                                                     O principal adversário português na disputa por praças mercantis era um
                                               país recém-libertado do domínio espanhol, a Holanda. A expulsão dos portu-
                                               gueses dessas praças mercantis deu aos holandeses o controle das valiosas
                                               especiarias, como cravo, noz-moscada, canela e pimenta.

                                                       ↑ Castelo São Jorge da Mina, na atual Gana, em 2018. A fortaleza de São Jorge da Mina, na costa ocidental
                                                       africana, foi construída pelos portugueses para o escoamento do ouro extraído do interior do continente. Após
                                                       a conquista holandesa, em 1637, o forte se transformou no maior entreposto de escravizados na África.

                                                     Enquanto os lucros portugueses no Oriente se retraíam com a perda de
                                               feitorias mercantis, a economia açucareira na América portuguesa prosperava,
                                               com o protagonismo dos engenhos da Bahia e de Pernambuco. A importân-
                                               cia adquirida pela produção açucareira para Portugal, na passagem do século
                                               XVI para o XVII, foi denominada pelo historiador Eduardo D´Oliveira França de
                                               atlantização do Império Lusitano. Ou seja, com o declínio do Estado da Índia, na
                                               Ásia, o eixo econômico do Império Português deslocou-se para seus domínios
                                               na América e na África, no espaço do chamado Atlântico Sul.

                                                     No entanto, as investidas holandesas também atingiram os centros açuca-
                                               reiros da América portuguesa. O interesse da Holanda no açúcar nordestino e
                                               no tráfico negreiro a levou a fundar, em 1621, a Companhia Holandesa das Índias
                                               Ocidentais (WIC), organizada como sociedade de ações, com o duplo intuito de
                                               fazer guerra e comércio. Pois foi isso que os holandeses fizeram na África, ao
                                               fomentar guerras com o objetivo de controlar o comércio de escravizados, e
                                               no Nordeste da América portuguesa, visando controlar diretamente o negócio
                                               do açúcar.

132 UNIDADE 2: O MUNDO EM MOVIMENTO
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