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As pressões pelo fim do regime escravista cresceram e foram absorvidas
                                      pelas elites agrárias e pelo governo imperial, que procuraram promover uma
                                      abolição lenta e gradual, sem colocar em risco os privilégios das camadas pro-
                                      prietárias. Com esse objetivo, foram aprovadas duas novas leis: a Lei Rio Branco
                                      (1871), conhecida como Lei do Ventre Livre, determinava que os filhos de escra-
                                      vizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres após atingir
                                      21 anos de idade; e a Lei Saraiva-Cotegipe (1885), ou Lei dos Sexagenários, que
                                      tornava livre o escravizado que atingisse os 60 anos de idade.

                                            As pressões populares e os movimentos sociais pelo fim da escravidão
                                      aumentaram na década de 1880. Foi o caso do movimento dos jangadei-
                                      ros, que se recusavam a transportar os escravizados do Nordeste para o
                                      Sudeste, e dos caifazes, em São Paulo, que atacavam fazendas e libertavam
                                      escravizados. Muitos escravizados que fugiam de São Paulo eram levados
                                      para o Quilombo do Jabaquara, em Santos, que chegou a reunir cerca de
                                      10 mil pessoas. Sob pressão, os governos de várias províncias aboliram a
                                      escravidão local, como foi o caso do Ceará e do Amazonas, em 1884.

                                                                                                                        COLEÇÃO REVISTA ILLUSTRADA/MUSEU IMPERIAL, PETRÓPOLIS

  	DEBATER                           ↑ Fuga de escravos, charge de Angelo Agostini para a Revista Illustrada, setembro de 1887. As fugas
                                      constantes de escravizados a partir de 1870 fizeram dos cativos agentes centrais do movimento
1.	 Com base no que foi estu-         abolicionista.
    dado sobre a escravidão e
    a abolição, formem grupos               A crise do escravismo também chegou aos militares. Em 1887, lideran-
    para discutir as seguintes        ças do Clube Militar lançaram um documento em que declaravam que o
    questões.                         exército não mais faria o papel de capitão do mato, ajudando a capturar
    a)	A vitória do movimento         cativos fugidos. Nas fazendas, com as fugas crescentes de cativos, o traba-
        abolicionista foi definitiva  lho escravo se desagregava. Diante das pressões, no dia 13 de maio de 1888,
        ou parcial?                   a princesa Isabel, que substituía provisoriamente o imperador D. Pedro II,
    b)	De que forma o 13 de           assinou a Lei Áurea, abolindo oficialmente a escravidão no Brasil.
        maio de 1888 deve ser
        lembrado?                     	↪	 A vida após a abolição
    c)	Quais medidas podem
        ser tomadas para pro-               A abolição não significou a redenção dos ex-escravizados. Livres do ca-
        mover a plena inclusão        tiveiro, eles precisavam lutar agora pela garantia de sua cidadania. Muitos
        social da população ne-       foram obrigados a manter-se como empregados dos antigos senhores. Outros
        gra no Brasil atual?          se tornaram pequenos proprietários ou parceiros de seus antigos donos.
    d)	É possível tornar o Brasil
        um país menos desigual              O fato é que a maior parte dos ex-escravizados foi lançada à margina-
        do ponto de vista étnico?     lização, vivendo em condições precárias e com dificuldade de integrar-se
                                      à sociedade como cidadãos livres e com direitos. A república, proclamada
2.	 Escolham uma forma de             em 1889, não se moveu para criar uma política de inclusão social da popu-
    comunicar as conclusões           lação negra recém-egressa da escravidão. Conforme afirma a historiadora
    do debate. Pode ser por           Emília Viotti da Costa:
    meio de produção de um
    vídeo, apresentação com                      “[...] a abolição foi apenas um primeiro passo em direção à emancipação do povo
    aparelhos multimídia, car-            brasileiro. O arbítrio, a ignorância, a violência, a miséria, os preconceitos que a sociedade
    tazes ou um relatório con-            escravista criou ainda pesam sobre nós. Se é justo comemorar o Treze de Maio, é preciso,
    tendo textos e imagens.               no entanto, que a comemoração não nos ofusque a ponto de transformarmos a liberdade
                                          que simboliza em um mito a serviço da opressão e da exploração do trabalho.”
   Veja respostas e orientações
      no Manual do Professor.                                               COSTA, Emília Viotti da. A abolição. 8. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2008. p. 131.

                                                                                                            CAPÍTULO 21: A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PERÍODO IMPERIAL 267
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