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↻ A expansão cafeeira no Brasil
Vários historiadores consideram o desenvolvimento da economia cafeeira um
marco importante na trajetória econômica e social do país. Entretanto, o papel mo-
dernizante atribuído a essa atividade econômica não leva em conta suas contradições.
De fato, os capitais gerados pela economia cafeeira impulsionaram o processo de
modernização dos principais centros produtores, com a introdução das ferrovias e a
progressiva adoção do trabalho livre assalariado; porém, o sistema de produção do
café reproduziu o modelo agroexportador colonial, organizado com base no trabalho
dos escravizados e na exploração intensa dos recursos naturais do território.
O cultivo de café foi introduzido no Brasil no início do século XVIII, mas só na
década de 1820 começou a ganhar destaque, ocasião em que o produto passou a
ocupar a segunda posição na pauta de exportações do país. Na década seguinte,
o café assumiu o primeiro lugar, posição que manteve até meados do século XX.
O interesse pelo café no exterior cresceu a partir da Revolução Industrial
e do consequente processo de urbanização. As massas operárias e parcela das
camadas médias das cidades europeias e dos Estados Unidos passaram a con-
sumir grandes quantidades de café, principalmente pelos atributos da cafeína
na inibição do sono, fundamental para manter os trabalhadores despertos nas
longas horas confinados no interior das fábricas.
A demanda externa pelo produto cresceu rapidamente. No Brasil, as con-
dições climáticas e a abundância de terras na região Centro-Sul facilitaram a
expansão das lavouras cafeeiras, que avançaram sobre terras devolutas e indí-
genas para atender a um mercado consumidor em crescimento.
As técnicas produtivas utilizadas nos cafezais mantiveram, especialmente
no Vale do Paraíba, as características das propriedades açucareiras do Nordeste:
monocultura latifundiária voltada para a exportação e com uso intensivo de mão
de obra escravizada.
Nas décadas de 1820 a 1850, a produção cafeeira se concentrava principalmen-
te na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, entre as províncias do Rio de Janeiro
e de São Paulo. A partir da segunda metade do século XIX, ela se estendeu para
regiões do planalto paulista e sul de Minas Gerais. Em meados do século XX, o café
chegou ao norte do Paraná e ao sudeste do atual estado do Mato Grosso do Sul.
A EXPANSÃO CAFEEIRA NO BRASIL
(INÍCIO DO SÉC. XIX AO FINAL DO SÉC. XX)
Até 1850 50° O ALLMAPS
De 1850 a 1900
De 1900 a 1950 Pires do Rio
Depois de 1950
Limites atuais entre os estados GO Nanuque
1 Vale do Paraíba Fluminense MG Governador São Mateus
e Paulista Valadares
2 Zona da Mata mineira ES
3 Região de Campinas
4 Centro-oeste paulista MS Jales São José do Colatina
5 Norte do Paraná – Vale do Ivaí Rio Preto
6 Sudeste do Mato Grosso do Sul 6 Vitória
Nova Araçatuba Ribeirão São João da Muriaé Cachoeiro de
Adamantina Preto Boa Vista Juiz de Fora Itapemirim
4
Andradina Marília Araraquara
Pouso Alegre
OCEANO
Presidente Bauru 3 2 Resende RJ ATLÂNTICO
Prudente Assis
Ourinhos 1 Trópico de Capricórnio
Paranavaí Avaré Campinas Taubaté
Bragança Paulista N
5 Londrina Rio de Janeiro
Maringá
Umuarama Campo Sorocaba São Paulo São
Santos Sebastião
SP
Mourão São
Vicente
PR O L
S
0 160 km
Fonte: RODRIGUES, João Antônio. Atlas para estudos sociais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977. p. 26.
264 UNIDADE 4: O MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO