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eventos, podia-se vislumbrar a trajetória ou os passos do espírito. Isto é, po- THE WASHINGTON POST ARCHIVE
dia-se perceber que os acontecimentos históricos são momentos particulares
do espírito, partes de um todo, que a história em geral se desenvolve segundo
um plano racional.
Assim, mais do que sucederem uns aos outros, os acontecimentos ou even-
tos históricos são expressão de um processo de recorrente superação do espíri-
to. Determinado evento histórico só seria possível porque foi precedido de outros
que foram superados. E esse novo evento também seria negado e superado por
eventos posteriores, sendo, de alguma maneira, um pressuposto para os eventos
subsequentes. Assim, o espírito iria se revelando como história humana. DOC. 2
Ao filósofo investigador da história caberia apreender a razão nas ações
do ser humano ou apreender o infinito em seus momentos particulares (ou
finitos). Caberia também perceber os eventos como momentos de um sistema
totalizante de explicação do mundo e como caminho de realização do espírito.
Hegel via na arte, na religião e na filosofia formas privilegiadas de mani-
festação e de revelação do espírito. Segundo ele, a arte revelaria o absoluto ou
divino por meio da intuição sensível, isto é, por meio de formas materiais, a arte
manifestaria algo que estava além dessas formas, um conteúdo espiritual, que
é a realidade verdadeira.
“A necessidade geral de arte é, portanto, a necessidade racional que exorta o homem a
tomar consciência do mundo interior e exterior e a torná-lo um objeto em que se reconhece
a si mesmo. Ela satisfaz, por um lado, esta necessidade de liberdade espiritual, interiormente,
fazendo ser para si o que é, mas também realizando exteriormente este ser para si e, portanto,
colocando o que é em si ao alcance da vista e do conhecimento dos outros e de si mesmo [...]”
HEGEL, Georg W. F. Estética: textos seletos. São Paulo: Ícone, 2012. p. 30.
Por exemplo, o sentido de uma música ou de uma pintura não se esgota-
ria no som ou nas cores, nem em seus elementos sensíveis. As imagens e as
representações artísticas seriam expressões de algo mais, e, nesse sentido,
ultrapassariam a visão meramente parcial ou finita. Esse algo mais, para Hegel,
seria o espírito. A arte seria então uma forma de revelação do espírito.
↑ Multidão de manifestantes se aglomera no Muro de Berlim, na então Alemanha Oriental, em 12 de novembro
de 1989. Para Hegel, os acontecimentos históricos são momentos particulares da evolução do espírito.
CAPÍTULO 16: O IDEALISMO ALEMÃO: A ATIVIDADE DO ESPÍRITO 195