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por esse ideal teria sido o guia ou a inspiração do povo no      ATIVIDADES (P. 199)
       processo revolucionário.                                           1)	 a) O filósofo depara-se com uma certeza: apesar de poder
  2)	 A atividade visa chamar a atenção para uma característica                duvidar do próprio corpo e da existência do mundo, é im-
       das manifestações artísticas: a transcendência. Em certa                possível duvidar do sujeito duvidante. A existência impõe-se,
       medida, qualquer obra de arte remete a algo além dela.                  portanto, como uma certeza evidente.
       Portanto, os exemplos podem ser de qualquer modalidade                  b) A certeza da existência desse sujeito pensante que duvida,
       artística. O que se pretende é que os estudantes explicitem             ao passo que persiste a possibilidade de duvidar do próprio
       isso. Por exemplo, a famosa escultura do artista Auguste                corpo, corrobora a teoria segundo a qual corpo e alma são
       Rodin, O pensador, remete a algo além da forma e da maté-               coisas diferentes. Resulta daí o dualismo cartesiano, que afirma
       ria da escultura. Remete à meditação, ao pensamento ou à                a separação radical entre corpo e alma. São exemplos disso
       reflexão. Remete ainda a uma força interna desse homem,                 os seguintes trechos: “[…] compreendi por aí que eu era uma
       e não apenas às suas qualidades físicas.                                substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar,
                                                                               e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nem depende
APRENDER A ARGUMENTAR (P. 197)                                                 de qualquer coisa material”; “[…] esse eu, isto é, a alma, pela
  1)	 a) Pergunta capciosa e complexa que busca fazer com que                  qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo […]”.
       a pessoa que se negue a doar aos necessitados sinta-se             2)	 a) A charge representa um pássaro diante do que aparentam
       egoísta ou mesquinha. Uma coisa é ser egoísta, outra é fazer            ser duas possibilidades: a prisão da gaiola ou a liberdade.
       ou não uma doação.                                                      Entretanto, a saída de uma gaiola conduz apenas a outra
       b) Pergunta capciosa ou falaciosa. Há a mistura da afirmação            gaiola. Na charge, questiona-se a ideia de que haja, de fato,
       implícita de que o interlocutor batia no irmão com a pergunta           a possibilidade de escolha, mostrando que são ilusórias as
       se ele bate atualmente no irmão.                                        ideias de livre-arbítrio e de que é possível construir futuros
  2)	 O oponente “R” foi acusado de dar uma resposta evasiva. No               distintos com diferentes escolhas.
       entanto, ele fez o que deveria fazer, não se comprometendo              b) Na charge, defende-se a ideia de que o livre-arbítrio é
       com nenhum dos pressupostos capciosos da pergunta com-                  uma ilusão. Do mesmo modo, Espinosa não entende o li-
       plexa. Por exemplo, se ele dissesse apenas que não pretendia            vre-arbítrio conforme o defende a tradição: para o filósofo,
       condenar a empresa a um prejuízo, admitiria implicitamente              todas as coisas existentes são expressões da substância
       que no passado teria feito isso, que é teimoso e que suas               divina e, como tais, obedecem à ordem necessária divina,
       políticas são desastrosas.                                              de tipo geométrico. Assim, a ideia de que é possível agir de
                                                                               acordo com a vontade, sem obedecer à causalidade, é mera
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 198)                   ilusão, fruto da ignorância. Isso não significa, porém, que o
  1)	 Para o romantismo, há uma totalidade, ou infinito, a qual cada           ser humano não possa ser livre; ele exerce sua liberdade na
       pessoa ou cada finito busca representar. Evidentemente, por             medida em que conhece a natureza das coisas e de suas
       ser infinito, sua representação nunca poderá ser total, apenas          ações e pode agir para a ampliação de seu ser. Para Leibniz,
       parcial. De qualquer maneira, essa tentativa de transmissão             por sua vez, há na realidade aspectos contingentes, como
       de um imaterial, inconsciente, indescritível, essa transmissão          as ações humanas. Nessa medida, há liberdade nas ações.
       de um fluxo infinito que passa pelo finito, de alguma forma             Essa contingência, porém, obedece ao princípio de razão
       acompanha toda nossa existência.                                        suficiente, que ordena a realidade, pois esse é o melhor dos
  2)	 Pelo estudo desenvolvido neste capítulo, os estudantes têm ple-          mundos possíveis e, como tal, seus fenômenos obedecem
       nas condições de relacionar, aproximando e afastando, o idea-           a uma razão de ser.
       lismo alemão de ideias mais gerais presentes no romantismo.        3)	 a) De acordo com o excerto do texto de Locke, as ideias de qua-
       Em primeiro lugar, o romantismo influenciou e foi influenciado          lidades sensíveis são formadas com base nos objetos externos,
       pelos pensadores do idealismo alemão. Além disso, os três mais          e a própria mente, por meio de operações, supre o entendimento
       importantes filósofos do idealismo alemão – Fichte, Shelling e          com ideias. Qualquer investigação mostraria, portanto, que to-
       Hegel –, assim como os românticos, tratavam da relação entre            das as nossas ideias seriam derivadas de algum desses meios.
       finito e infinito. Quer dizer, que havia um tema comum entre            b) Nesse pequeno trecho, podemos perceber a posição empi-
       as duas correntes, a romântica e a filosófica: a existência de          rista de John Locke, pois o filósofo defende a tese de que as
       uma força ou energia infinita que está no Universo, no mundo            ideias só podem ser formadas por meio dos objetos externos
       e no ser humano. Mas, se predominantemente o pensamento                 ou das operações da mente. Desse modo, afasta a possibili-
       romântico busca evidenciar que essa força se manifestaria no            dade da existência das ideias inatas e enfatiza a importância
       sentimento, para o idealismo alemão, o infinito seria antes de          da experiência para a construção do conhecimento.
       tudo uma razão que organiza o mundo.                               4)	 a) Kant realiza a chamada revolução copernicana na filosofia
                                                                               ao instituir o sujeito como a figura central do conhecimento:
  3)	 Segundo o texto, para Hegel, a realização da ideia de liberdade          os objetos não imprimem simplesmente suas características
       passou por três etapas: a ideia de liberdade de um mundo                em um sujeito, que recebe passivamente as impressões do
       oriental (a liberdade do monarca); a liberdade de poucos na             mundo exterior, mas as estruturas do sujeito que conhece
       Grécia e em Roma; e, por último, a liberdade de todos, no               são determinantes para conformar as impressões recebidas.
       mundo moderno. Isto é, a partir da Revolução Francesa, por              Sendo assim, para o filósofo, tudo o que podemos conhecer
       fim, a ideia de liberdade teria se manifestado amplamente.              são os fenômenos, que não são objetos externos a nós, mas
                                                                               representações. O ser humano não pode conhecer as coisas
  4)	 A ideia de Hegel, e nesse caso também as de Fichte e de                  externas a ele como elas realmente são, as coisas em si. Ou
       Shelling, é de que o Espírito não é uma substância, fixa e imu-         seja, todo o conhecimento vincula-se ao sujeito que conhece.
       tável, dada para sempre. O Espírito é, sobretudo, atividade.            Podemos relacionar, portanto, essa noção à ideia, presente
       Ou seja, está em marcha, se realizando ou se manifestando.              no texto de Clarice Lispector, de que só podemos conhecer
       É nesse sentido que Hegel pensa a natureza como manifesta-              o que nos acontece.
       ção do Espírito no espaço e a história como manifestação do             b) Presente nesse trecho da obra de Clarice Lispector, a ideia
       Espírito no tempo. Assim, a história não é algo aleatório, com          de uma realidade caótica, informe, já que não ordenada por
       acontecimentos sem relação e meramente contingente. Mas                 qualquer forma, pode ser relacionada à necessidade que Kant
       todos seus momentos estão de alguma forma concatenados                  atribui às intuições a priori – espaço e tempo – na organização
       com esse avanço do Espírito, expressando ou materializando              da experiência. Segundo o filósofo, sem essas intuições, nenhu-
       esse progresso.                                                         ma experiência sensível pode acontecer. Algo que não ocorre no
                                                                               tempo e no espaço, que não é conformado pela sensibilidade
  5)	 Após o estudo realizado, espera-se que os estudantes te-                 humana, não pode ser percebido. Essa é uma característica
       nham compreendido os elementos básicos do idealismo                     essencial da estrutura de conhecimento humana, frisa o filó-
       alemão, que tem como centro a atividade do Espírito, embora             sofo. Poderíamos imaginar seres que não dependessem dessas
       Fichte, Shelling e Hegel divirjam em muitos aspectos. Para              intuições para apreender o mundo que os rodeia. Mas, para a
       esses pensadores, a realidade é uma atividade do espírito,
       por isso são considerados idealistas. A turma pode ou não                                                                             MANUAL DO PROFESSOR 419
       concordar com essas ideias e externar uma posição. O im-
       portante é que tenha clareza sobre elas.
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