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descobertas científicas são positivas, como no caso da bomba Detroit, de Diego Rivera, que representa uma cena no interior de
nuclear, das armas químicas e bacteriológicas etc. uma fábrica da Ford. A obra é de 1933. Pedir aos alunos que iden-
tifiquem os personagens, o lugar e as ações representadas. A cena
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS (P. 221) pode ser associada ao tempo da Segunda Revolução Industrial,
1) Porque a classificação proposta é composta por princípios quando a produção de automóveis era um dos alicerces da in-
completamente aleatórios, isto é, arbitrários, ambíguos e dústria estadunidense. Notar que o espaço da pintura está prati-
não universais, que são características longínquas das pre- camente tomado por máquinas e por operários e várias etapas da
tensões atuais da ciência, que visa sistemas classificatórios produção encontram-se distribuídas no mural. Caso seja possível,
lógico-sistemáticos, formados por conceitos precisos ou o orientar os alunos para uma rápida pesquisa de imagens na inter-
mais próximo disso, e que apresentem categorias universais. net para acessar o painel completo e observar os detalhes. Como
2) Basta seguir a história da ciência para perceber que não só ela analisar essa nova relação entre os seres humanos e o trabalho,
muda constantemente, pois novas descobertas vão aprimo- inaugurada com a Revolução Industrial?
rando nossos conhecimentos, como até mesmo o conceito de
ciência muda com o tempo (época) e o espaço (sociedade). Os Sugerem-se os seguintes momentos de estudo:
estudantes têm plenas condições de perceber essas mudanças • Feuerbach: a virada em direção à natureza (p. 223). A filosofia
com os estudos realizados neste capítulo. Por exemplo, evi-
denciou-se a transformação do entendimento humano sobre o de Feuerbach pode ser explorada como uma passagem ou
Universo com a revolução copernicana, bem como a instituição transição do idealismo alemão ao materialismo histórico.
da ciência moderna em distanciamento do conhecimento cien- Suas críticas, sobretudo a Hegel, seu posicionamento sobre
tífico aristotélico-medieval. Além disso, boa parte do capítulo a existência da natureza independentemente das especu-
foi dedicada à filosofia da ciência, pelo menos, a alguns dos lações idealistas e a antropologização da religião, o fizeram
principais questionamentos sobre a demarcação científica. caminhar para o materialismo. É nesse giro filosófico, do
3) Espera-se que os estudantes compreendam que a ciência é idealismo ao materialismo, que Marx e Engels vão se apoiar e,
conhecimento fundamental para o ser humano se relacionar ao mesmo tempo, criticar seus limites, buscando ampliá-lo
com o mundo e com a sociedade. Muito do que somos hoje a partir do entendimento de que o ser humano é um ser his-
dependeu e depende do avanço científico em praticamente tórico que transforma a realidade e, portanto, a própria rea-
todas as áreas fundamentais de nossas atividades. Além lidade pode e deve ser transformada – neste aspecto, vale a
disso, a inserção da ciência e da tecnologia na sociedade lembrança da famosa tese XI das Teses sobre Feuerbach: “Os
contemporânea é tão intensa que não é sequer pensável a filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes
nossa existência sem as duas. Elas influenciam decisivamente maneiras; o que importa é transformá-lo”.
o nosso modo de vida. Isso não significa, no entanto, que se
deva ter uma atitude acrítica em relação à ciência. Ao contrá- • O materialismo histórico (p. 224). Situar Marx e Engels como
rio, muitos problemas causados pelo avanço tecnocientífico estudiosos da sociedade capitalista do século XIX. Destacar
são frutos da ausência de uma reflexão epistemológica e os seguintes conceitos: materialismo histórico; modo de pro-
ética. Reflexão essa necessária exatamente porque a ciência dução (as diferentes formas de organização material das
é conhecimento fundamental, mas não absoluto. sociedades); a concepção da história como resultado da luta
4) Não é possível dar uma resposta absoluta, mas, pelo estudo entre classes antagônicas.
empreendido, os estudantes tomaram conhecimento, por um
lado, de algumas mudanças importantes que ocorreram no de- • Trabalho capitalista: valor e alienação (p. 225). Retomar
senvolvimento da ciência, em especial a revolução copernicana, o conceito sobre o trabalho como fator de humanização.
que propiciou a formação da ciência moderna, e cuja maioria dos Destacar a categoria trabalho como central na obra de Marx;
princípios ainda é válida pelo conhecimento contemporâneo; diferenciar valor de uso de valor de troca; relacionar o valor
por outro lado, das ideias de alguns dos principais filósofos da de troca da mercadoria ao tempo médio de trabalho so-
ciência, como Popper, Kuhn e Feyerabend. Assim, eles reúnem cialmente necessário para produzi-la. Pedir para os alunos
condições de elaborar uma resposta relativa de conhecimento citarem exemplos de produtos com maior ou menor valor de
científico. É importante que o façam de maneira argumentativa. troca, de acordo com essa definição. Discutir o conceito de
fetichismo da mercadoria, incentivando os alunos a fornecer
CAPÍTULO 18. O trabalho na sociedade capitalista: da exemplos de objetos que são consumidos na vida cotidiana
alienação do homem ao empobrecimento da existência e em que contexto esse aspecto se encontra mais evidente.
O capítulo analisa o mundo do trabalho na sociedade ca- • Mais-valia: trabalho excedente não pago (p. 225) e Alienação
pitalista a partir do olhar da Sociologia e da Filosofia. Os alunos humana (p. 226). Caracterizar o trabalho, na sociedade ca-
vão estudar os conceitos fundamentais do materialismo histórico, pitalista, como mercadoria (negociada entre o proprietário
refletir sobre o trabalho na contemporaneidade e suas relações
com o ritmo de vida e os valores predominantes em nosso tempo. dos meios de produção e o proprietário da força de trabalho).
OBJETIVOS DO CAPÍTULO Discutir o conceito de mais-valia.
Identificar as premissas do materialismo histórico. (EM13CHS101 e EM13CHS103) • Para facilitar o entendimento do conceito de alienação, su-
gerimos duas estratégias: a) incentivar os alunos a pesquisar
Distinguir valor de uso de valor de troca. (EM13CHS101) num bom dicionário os diferentes significados da palavra,
destacando aquele que está mais próximo do apresentado
Reconhecer, nas relações de trabalho da sociedade capitalista, o conceito de nesse tópico; b) observar novamente a pintura de Diego Rivera,
mais-valia. (EM13CHS101, EM13CHS103 e EM13CHS401) no início desse capítulo, e relacionar a cena representada
às ideias de trabalho alienado e coisificação do trabalhador.
Compreender o conceito de alienação do trabalho e reconhecê-lo em situações
da vida cotidiana. (EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS106 e EM13CHS401) • Comte e a ciência social positiva (p. 227). A teoria de Comte
buscou afirmar a sociedade industrial. O filósofo entendia que
Compreender o conceito de fetichismo da mercadoria e reconhecê-lo em situa- os problemas que o capitalismo apresentava não eram es-
ções da vida cotidiana. (EM13CHS101, EM13CHS106 e EM13CHS303) truturais e que o progresso com ordem poderia dissolvê‑los.
Exaltava o avanço científico e sua aplicação na produção indus-
Analisar a precarização do trabalho na contemporaneidade, no contexto da trial. Comte acreditava que, assim como nas ciências naturais
Terceira Revolução Industrial. (EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS401, há leis necessárias, não contingentes, e precisas; essas leis
EM13CHS403 e EM13CHS404) também existem na sociedade. É preciso fundar uma ciência
social, uma física social, que busque as leis sociais. Os gover-
Avaliar criticamente a tendência à totalização do tempo do trabalho, na socie- nantes, de posse dessas leis, podem atuar corretamente e pro-
dade contemporânea. (EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS106, EM13CHS401, mover o desenvolvimento da sociedade. Outro destaque impor-
EM13CHS403 e EM13CHS404) tante sobre Comte e o positivismo é a teoria das leis dos três
estágios. Sugerimos explorar essa teoria do autor e discutir com
SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTO DIDÁTICO os alunos que esse pensamento forneceu o suporte ideológico
Para introduzir o estudo do capítulo, sugerimos uma conversa para a expansão europeia no século XIX e para o discurso da
obra civilizadora do homem branco. Se o capitalismo industrial
inicial com a classe, a partir da observação da obra Indústria de representava o estágio superior da civilização humana, cabia
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