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Sofista: palavra derivada do grego so-    ↻	O movimento sofista e a relatividade das
phistés, que significa algo como “pro-        coisas humanas
fessor de sabedoria”. Designa o filósofo
que ensinava os jovens da Grécia antiga         Na abertura deste capítulo, refletimos sobre a normatização do uso e do
em troca de remuneração.                  comportamento de robôs. Perguntamos a nós mesmos em que o emprego de
                                          robôs militares prejudicava ou beneficiava o ser humano e se sua utilização não
                                          feria princípios ou valores humanos importantes. Qualquer que tenha sido nosso
                                          entendimento sobre o assunto, realizamos uma reflexão ética. Ética é o campo
                                          de reflexão sobre a prática, as ações humanas e o que as motiva, e sobre valores
                                          que orientam o comportamento, como o que é bom ou ruim, bem ou mal, justo
                                          ou injusto. Ao pensar sobre a relação com a natureza e o que devemos fazer
                                          para garantir nosso bem e o das futuras gerações, como fizemos no capítulo 3,
                                          por exemplo, desenvolvemos reflexões éticas.

                                                Neste capítulo trataremos mais especificamente dos sofistas, que se volta-
                                          ram mais para a experiência humana, deixando de lado as especulações sobre a
                                          natureza dos filósofos pré-socráticos. Com base na preocupação com as coisas
                                          humanas, uma das principais contribuições desses pensadores foi ressaltar
                                          o contraste entre a destinação natural e a destinação social do ser humano.
                                          Para a maioria dos sofistas, ao contrário do que acontece na natureza, as leis
                                          humanas não são universalmente obrigatórias. Elas são criadas por convenção.
                                          Por esse motivo, as leis sociais não são absolutas, mas relativas, variando sua
                                          conveniência de cidade para cidade.

                                          CALVIN & HOBBES, BILL WATTERSON © 1993 WATTERSON/DIST. BY UNIVERSAL UCLICK

                                          ↑ Calvin e Haroldo (1993), história em quadrinhos de Bill Watterson. Nossa vida está repleta de reflexões
                                          éticas, como a contida no dilema vivido por Calvin.

                                          		↪ O que é o ser humano?

                                                Como vimos, os primeiros filósofos questionavam aspectos sobre a nature-
                                          za: o que é a natureza (physis)? Qual é seu princípio? O que é uno? O que é múl-
                                          tiplo? Qual é a matéria primordial da qual tudo surge e para a qual tudo retorna?
                                          A investigação da arché implicava a ideia de que havia um princípio do qual tudo
                                          se originava, incluindo o ser humano. Nesse sentido, ao estudar a natureza, os
                                          primeiros filósofos, implicitamente, procuravam também a natureza humana.

                                                No entanto, o ser humano e as coisas humanas só se tornaram o foco prin-
                                          cipal da reflexão filosófica durante o período clássico da filosofia grega, entre
                                          os séculos V e IV a.C., graças aos sofistas e ao filósofo Sócrates (470-399 a. C.).
                                          Nesse momento, as investigações filosóficas tentaram responder à pergunta:
                                          “O que é o ser humano?”.

                                          CAPÍTULO 4: A DESCOBERTA DO SER HUMANO E A VIDA EM SOCIEDADE: OS SOFISTAS                                  45
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