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sendo a “grande casa comum” e promovendo a hibridização de partida para uma primeira aproximação aos temas do capítulo.
cultural da região. Essas estratégias devem ser contextualizadas para motivar os
c) Por conta das políticas anti-imigratórias, uma vez que o estudantes a se engajarem nos estudos do capítulo e incentivá‑
Mediterrâneo é a principal rota utilizada por milhares de -los a iniciá-lo. Ao longo dos estudos, retome esses registros para
migrantes e refugiados, originários da África e da Ásia, que reforçar as explicações sobre a importância das navegações e o
tentam cruzá-lo para chegar à Europa. desenvolvimento das representações cartográficas do Atlântico,
destacando a relação entre a expansão marítima e comercial eu‑
CAPÍTULO 4. Oceano Atlântico: mapas para o Novo Mundo ropeia, o conhecimento do oceano pelos europeus e os avanços
e a rota triangular na cartografia decorrentes desses processos.
O capítulo discute a construção do espaço geográfico do RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DAS ATIVIDADES DO LIVRO DO ESTUDANTE
Atlântico ao longo de diferentes períodos históricos, destacando
o papel da cartografia nesse processo. Para isso, enfatiza o mo‑ QUESTÃO (PÁGINA 40)
mento da expansão marítima e comercial europeia, com foco nos A colonização do Brasil, as relações com a metrópole colo‑
mapas produzidos durante esse período. Em seguida, aborda a
rota comercial triangular que, entre os séculos XVI e XIX, conectou nizadora e, sobretudo, a formação da nossa população, pois foi o
três continentes com fronteiras atlânticas, destacando a formação Atlântico a via pela qual os povos africanos chegaram ao Brasil,
de uma cultura resultante desse contato, além de ressaltar as por onde entraram os imigrantes e pela qual se estabelecem as
possibilidades de intercâmbio cultural e as relações entre Brasil conexões entre diferentes povoamentos e cidades ao longo da
e África.OBJETIVOS DO CAPÍTULO: nossa história.
• Compreender a relação da deriva continental na formação do Mar Mediterrâneo QUESTÕES (PÁGINA 45)
e avaliar sua importância histórica e geográfica nas relações de expansão do a) O estudante deve destacar que os registros do Oceano
Velho Mundo. Atlântico feitos pelos europeus até o século XVI se limi‑
tavam ao mundo conhecido por eles; à medida que a visão
• Discutir a relevância histórica e geográfica das Grandes Navegações para o de‑ de mundo europeia avançou para além do Mediterrâneo, a
senvolvimento da cartografia e analisar criticamente a imposição de uma visão cartografia tornou-se necessária para representar o Atlântico.
eurocêntrica nesse processo. Assim, deve-se relacionar a expansão marítima e comercial
europeia com o conhecimento do oceano pelos europeus e
• Identificar e analisar a importância do Oceano Atlântico na rota triangular e consi‑ os avanços na cartografia.
derar as possibilidades atuais de intercâmbio e trocas culturais entre Brasil e África.
b) Porque foi a partir do conhecimento e do reconhecimento do
• Desenvolver as habilidades EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS103, Oceano Atlântico que se reformularam os mapas-múndi da
EM13CHS105, EM13CHS106, EM13CHS201, EM13CHS203, EM13CHS204, época, ainda que a necessidade de registrar o Atlântico tenha
EM13CHS206 e EM13CHS503. implicado inovações técnicas e o desenvolvimento cientí‑
fico para a elaboração de mapas mais precisos. Professor,
SUGESTÕES DE LEITURA: para complementar a discussão, é interessante propor aos
estudantes uma comparação entre os mapas disponíveis
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do na página 44 com mapas-múndi atuais, destacando com
Brasil no Atlântico Sul – séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia criticidade a influência da visão eurocêntrica na toponímia
das Letras, 2000. e na cartografia que predomina nos mapas atuais.
O autor demonstra como a colonização portuguesa criou um espaço econômico
e social constituído por uma zona de produção escravista, no litoral americano, c) Primeiramente, o estudante deve destacar informações do
e uma zona de reprodução de escravos, centrada em Angola. Esse sistema texto que remetem ao século XV, como o pioneirismo portu‑
bipolar ainda marca profundamente o Brasil contemporâneo. guês na exploração do Oceano Atlântico e o uso da toponímia
europeia usada nos primeiros mapas de navegação para,
BERGREEN, Laurence. Além do fim do mundo. Rio de Janeiro: então, destacar trechos do texto, como “nos mapas euro‑
Objetiva, 2004. peus impressos, não ibéricos, dava-se-lhe a denominação
Fruto de extensa pesquisa, o livro oferece uma nova visão da primeira travessia de Oceano Meridional, um oceano transversal, diferente
ao redor do globo. O autor narra, com riqueza de detalhes e inúmeras revela‑ da seção situada ao norte do Equador, primeiro chamado
ções, a verdadeira história da incrível circum-navegação de Fernão Magalhães Oceano Ocidental e, depois, Mar do Norte”, para explicar
– uma odisseia pontuada por tormentas, motins, violência e luxúria – cujas como, a partir do século XVI, a visão de mundo dos europeus
transformações repercutem até os dias de hoje. começa a ser ampliada. Isso culmina no aperfeiçoamento
da cartografia para representar a rota triangular, cujo eixo
GILROY, Paul. O Atlântico negro. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2012. central era o tráfico de africanos escravizados que conectou
Segundo o autor, o livro representa uma viagem marítima pelo mundo do Atlântico as Américas, a África e a Europa.
Negro, referindo-se metaforicamente às estruturas transnacionais criadas na
modernidade. Essas estruturas desenvolvem-se e deram origem a um sistema de DEBATES NA GEOGRAFIA (PÁGINA 45)
comunicações globais marcado por fluxos e trocas culturais. A formação dessa a) Oriente as pesquisas dos estudantes. O britânico Samuel Birley
rede possibilitou às populações negras, durante a diáspora africana, criar uma Rowbotham (1816-1884), considerado o pai do terraplanismo
cultura que não pode ser identificada exclusivamente como caribenha, africana, contemporâneo, citou sua fidelidade à palavra de Deus como
americana ou britânica, mas como uma fusão de todas essas influências. uma de suas principais motivações. Sua obra-prima, Earth Not
a Globe, é repleta de citações das Escrituras, como o Salmo
SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTO DIDÁTICO 136, e reflete sua convicção na defesa do terraplanismo.
Para iniciar os estudos do capítulo 4, sugere-se que o pro‑
b) As ideias sobre o terraplanismo ganharam força nas redes
fessor providencie um mapa-múndi e o exponha na lousa. Em sociais nos últimos anos, em grande parte devido á dissemi‑
seguida, problematize o título do capítulo, perguntando qual é nação de fake news. Os estudantes devem pesquisar o tema
a relação do Oceano Atlântico com a cartografia (mapas para o e apresentar os resultados para a turma. Sugere-se a leitura
Novo Mundo). Os estudantes devem resgatar conhecimentos sobre da reportagem “Quem são e o que pensam os brasileiros que
a história da cartografia no período das Grandes Navegações ou acreditam que a Terra é plana”, disponível em: https://www.
levantar hipóteses sobre essa relação. Ouça as respostas e registre bbc.com/portuguese/brasil-41261724 (acesso em: 13 jun. 2024).
as considerações na lousa, discutindo-as em conjunto. É impor‑
tante que os estudantes percebam, de forma crítica, a relação c) Discuta com os estudantes a diferença entre hipóteses e
entre as representações atuais do mundo em mapas-múndi e a teorias. Verifique o posicionamento deles e incentive-os a
visão eurocêntrica herdada dos ideais expansionistas da Europa, buscar argumentos para embasar suas opiniões.
com destaque para o período de navegação no Atlântico e o esta‑
belecimento da rota triangular entre Europa, América e África. A d) Debata com os estudantes a importância da tecnologia e dos
mediação do professor é fundamental nesse momento. avanços científicos no embasamento de teorias.
Em seguida, proponha aos estudantes a frase “o Brasil é um e) Promova um debate entre os estudantes, permitindo que
país atlântico” e peça que expliquem o seu significado. Novamente, todos expressem suas ideias. Garanta a participação de
registre as observações dos estudantes e utilize-as como ponto
MANUAL DO PROFESSOR 435