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↻ Mas, afinal, o que é ser brasileiro?
Veja respostas e orientações Estudos como o do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) nos
no Manual do Professor. revelaram como a história e a cultura são elementos indissociáveis no processo de
composição da identidade nacional. Em seu livro Raízes do Brasil, de 1936, o autor
analisa os impactos que o passado colonial teve na configuração dos problemas
nacionais. Nesse processo de reconstrução histórica e de busca por uma definição
de nossa identidade, ele interpreta o brasileiro como um “homem cordial”.
• Imagine que você foi convidado para representar o Brasil em um evento no exterior sobre
arte, cultura e juventude do século XXI. Um dos requisitos do evento é que o material
apresentado contenha elementos característicos da identidade cultural de cada país. Que
tipo de material você apresentaria? Como representaria a identidade nacional brasileira?
De que maneira a cultura juvenil do Brasil estaria representada no material? Aproveite a
reflexão e elabore um material de cunho artístico-cultural (vídeo, fotografia, escultura,
colagem, pintura, música, poesia etc.) representando o diálogo entre arte, cultura, juven-
tude e identidade brasileira no século XXI.
Veja respostas e orientações Essa expressão, “homem cordial”, foi equivocadamente apropriada pelo
no Manual do Professor. senso comum como a ideia de que o brasileiro seria gentil, generoso e hospi-
taleiro. Mas, para o autor, essa cordialidade característica do comportamento
nacional revela a incapacidade de o brasileiro agir de acordo com códigos e
regras formais, pautando suas ações na afetividade e na intimidade. O perso-
nalismo nas relações e a ênfase em um comportamento orientado pela “ética
das emoções” podem ser percebidos na forma patrimonialista com que a vida
pública é conduzida no Brasil, pois a ocupação dos cargos públicos se daria, por
exemplo, conforme os vínculos pessoais entre as partes, e não pela competência
técnica daquele que ocupa o cargo.
Esses e tantos outros estudos desenvolvidos nas últimas décadas, bem
como as ações e as denúncias de movimentos sociais ligados aos povos indí-
genas e aos negros, nos ofereceram a possibilidade de entendermos o Brasil e
o brasileiro a partir de uma perspectiva multidimensional e sistêmica. Se antes
a afirmação da identidade nacional no país se dava pela negação ou pela assi-
milação dos não brancos, hoje temos a chance de refletir sobre nossa história
e sobre quem somos nós com base nos elementos que nos diferenciam. Como
afirma o antropólogo brasileiro-congolês Kabengele Munanga (1940-), é no re-
conhecimento de nossas desigualdades e diversidades e na possibilidade de
os grupos minoritários reafirmarem suas identidades e práticas que podemos
ressignificar nossa identidade nacional.
Como você pode constatar, ser brasileiro diz respeito a um grande conjunto
de referências, de modo que não há uma forma única de sê-lo. Assim, a expe-
riência de ser brasileiro pode mudar a partir da região ou do estado onde você
vive, bem como a partir de sua condição de classe, gênero, orientação sexual,
entre outras. Geralmente, somente percebemos aspectos de nossa identidade
nacional como brasileiros quando estamos distantes do Brasil. Nesse momento é
que se sente falta da comida brasileira, dos costumes, dos códigos que nos são
conhecidos desde a infância e permitem que nos relacionemos mais facilmente
com as pessoas no lugar onde nascemos.
Atualmente, pelas redes sociais e plataformas de vídeos, há uma série de
brasileiros que criaram canais para contar como é sua vida em outros países.
Nesses canais, geralmente eles contam sobre os choques culturais, ou seja,
sobre como perceberam as diferenças entre seus modos de ser brasileiro e os
modos de ser das pessoas de outros países.
CAPÍTULO 5: O QUE É SER BRASILEIRO? 65