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mazelas decorreriam de dois modelos históricos: as colônias de po-
voamento e as de exploração.
As colônias de exploração seriam as ibéricas. As áreas colo-
nizadas por Portugal e Espanha existiriam apenas para enriquecer
as metrópoles. Nesse modelo, as pessoas sairiam da Europa apenas
para enriquecer e retornar ao país de origem. [...] Sobre portugueses
e espanhóis corruptos e ambiciosos pairava um Estado igualmente
corrupto e ambicioso.
[...] O oposto das colônias de exploração seriam as de povoa-
mento. Para lá as pessoas iriam para morar definitivamente. A atitude
não era predatória, mas preocupada com o desenvolvimento local.
Isso explicaria o grande desenvolvimento das áreas anglo-saxônicas
como os EUA. Famílias bem constituídas, pessoas de alto nível inte-
lectual e sólida base religiosa: tais seriam os colonos que originaram
o povo norte-americano.
Há uma ideia associada a essa que versa sobre a qualidade dos
colonos. Para as colônias de exploração, as metrópoles enviariam o
‘refugo’: aventureiros sem valor que chegariam aqui com olhos fixos
no desejo de ascensão. As colônias de povoamento receberiam o que
houvesse de melhor nas metrópoles, gente de valor que [...] viria com
seus bens e cultura para o Novo Mundo trazendo na bagagem apenas
a honradez e a Bíblia.
Pronto! A explicação é perfeita! Somos pobres porque fomos
fundados pela escória da Europa! Os Estados Unidos são ricos porque
tiveram o privilégio da colonização de alto nível da Inglaterra. [...] Os
livros didáticos consagraram isso e o bloco binário povoamento-explo-
ração penetrou como um amplo e lógico conceito em muitos corações.
Os EUA foram destinados por Deus ao sucesso e os latinos condenados
ao fracasso pelo peso da origem histórica. Ambos deixavam de ser
agentes históricos para serem submetidos ao peso insuperável da
vontade divina e da carga do passado.”
KARNAL, Leandro. A formação da nação. In: KARNAL, Leandro; MORAIS,
Marcus Vinícius de. FERNANDES, Luiz Estevam; PURDY, Sean. História
dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto,
2007. p. 25-26. recursos podem ser usados para estimular o interesse dos estudan‑
O texto pode ser trabalhado em parceria com o professor
de Filosofia a partir da problematização dos argumentos que
fundamentam o “Destino Manifesto”. Isso pode ser feito a partir
de questões como: A justificativa de uma missão divina legitima
o imperialismo norte-americano na América Latina? Em qual
Deus se baseavam os norte-americanos crentes dessa missão?
Porque os norte-americanos colonizadores se ancoraram em um
Deus que os julgava melhores que os outros povos do continente
americano? Após a síntese das discussões, os professores po‑
dem promover um debate sobre as diferenças entre os valores
marcantes que caracterizam a sociedade norte-americana atual
em relação aos valores marcantes que caracterizam a maioria
dos países latino-americanos, sobretudo o Brasil. Após a sín‑
tese das discussões, os estudantes podem ser convidados a
explicar com argumentos por que, diante dessa diferença de
valores, muitos latino-americanos migram ou desejam migrar
para os Estados Unidos.
Texto 2 (Geografia e Sociologia):
Sobre como as coisas se equipararam às ideias e às palavras
“[...] O mundo se desfez em dezenas de pedacinhos coloridos.
Como nós queríamos que a monotonia cinza soviética logo se trans-
formasse nas doces imagens do cinema americano! [...]
O país ficou repleto de bancos e de vendinhas de rua. Aparece-
ram coisas muito diferentes. Não mais botas grosseiras e vestidos de
velhinha, mas coisas com que nós sempre tínhamos sonhado: jeans,
peliças, roupas íntimas femininas e louça de qualidade… Tudo colorido,
bonito. As nossas coisas soviéticas eram cinza, ascéticas, pareciam
objetos de guerra. As bibliotecas e os teatros ficaram vazios. Foram
substituídos por feiras e lojas comerciais. Todos queriam ser felizes,
e queriam ser felizes agora mesmo. Como crianças, descobriam um
novo mundo…
[...] Um rapaz que eu conhecia começou um negócio. Ele me con-
tou que na primeira vez trouxe mil latas de café solúvel: levaram tudo
em uns dois dias. Comprou cem aspiradores de pó: também limparam
tudo na mesma hora. Casacos, blusas, todo tipo de coisa: passe para
cá! Todos trocaram as roupas, trocaram os sapatos. Substituíram os
eletrodomésticos e os móveis. Reformaram as datchas… Quiseram fazer
cercas e telhados bonitinhos… Às vezes eu e meus amigos começamos
a relembrar e quase morremos de rir… Éramos malucos! As pessoas
estavam completamente empobrecidas. Precisávamos aprender tudo…
Na época soviética, era permitido ter muitos livros, mas não
um carro caro e uma casa. E nós aprendemos a nos vestir bem, a
cozinhar coisas saborosas, beber suco e tomar iogurte de manhã…
Até então eu desprezava o dinheiro, porque não sabia o que era isso.
Na nossa família, ninguém podia falar de dinheiro. Era vergonhoso.
Nós crescemos num país em que o dinheiro não existia, pode-se dizer.
Eu recebia meus 120 rublos como todo mundo, e era o bastante. O
dinheiro veio com a perestroika.[...] Dinheiro de verdade. No lugar
de ‘O nosso futuro é o comunismo’, faixas de ‘Compre! Compre!’ por
todos os lados. Se quiser viajar, viaje. Você pode ver Paris… Ou a Es-
panha… [...]… E aí terminaram as nossas vigílias noturnas na cozinha
e começaram os salários fixos, os ganhos extras. O dinheiro virou
sinônimo de liberdade. Isso mexeu com todo mundo. Os mais fortes
e agressivos abriam um negócio. Esqueceram de Lênin e Stalin. E
assim nós nos salvamos de uma guerra civil, senão de novo teríamos
‘brancos’ e ‘vermelhos’. ‘Nós’ e ‘os outros’. Em vez de sangue, coisas…
Vida! Escolhemos uma bela vida. Ninguém mais queria morrer bem,
todos queriam viver bem. É outra coisa o fato de que não tinha pão-
zinho para todo mundo… [...]”
ALEKSIÉVITCH, Svetlana. O fim do homem soviético. São Paulo: Companhia
das Letras, 2016. E-book.
O texto pode ser trabalhado em parceria com o professor
de Sociologia a partir da problematização sobre as características
marcantes das sociedades socialistas que podem ser extraídas
do texto. Em seguida, comparar essas características com as ca‑
racterísticas das sociedades capitalistas. Por fim, os estudantes
devem ser convidados a refletir e expor suas opiniões sobre as
vantagens e desvantagens da vida em países capitalistas e em
países socialistas.
Unidade 5 – O mundo em conflitos
A unidade 5 inicia com uma imagem sugerindo um tema re‑
lacionado à geopolítica atual ou às disputas territoriais contem‑
porâneas. Essa imagem é complementada por um trecho do texto
do geógrafo João Rua, que aborda questões de sustentabilidade,
desenvolvimento e território sob uma perspectiva geográfica. Esses
tes pelo foco da unidade: o mundo em conflitos. Em consonância
com o tema, duas questões mobilizadoras visam sensibilizar os
estudantes para tópicos que serão aprofundados ao longo dos ca‑
pítulos, como os conflitos mundiais atuais, as desigualdades sociais
e os conflitos ambientais.
Oriente os estudantes a responderem e registrarem as respos‑
tas para as questões-chave da unidade, pois, ao final dos estudos,
deverão complementá-las, considerando o conhecimento adquirido
ao longo dos capítulos. Em seguida, incentive os estudantes a identi‑
ficarem as ideias centrais de cada título de capítulo, antecipando os
estudos que serão realizados. Promova uma discussão para que pos‑
sam compartilhar suas ideias e expectativas sobre o que vão apren‑
der. Essa dinâmica também oferece uma oportunidade para uma
avaliação diagnóstica dos conhecimentos prévios dos estudantes.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
• Discutir questões da violência e do medo atualmente, destacando situações e
fenômenos nacionais e internacionais relacionadas aos temas.
• Compreender características históricas e culturais do mundo islâmico.
• Discutir e analisar a relação entre mundo islâmico e conflitos atuais, problemati‑
zando a ideia equivocada de associar o “radicalismo” ao mundo árabe.
• Avaliar o fenômeno da Primavera Árabe em suas diversas dimensões.
• Analisar desigualdades, conflitos, disparidades e desafios em alguns países do
Sul Global, com destaque para o Brasil.
• Analisar e avaliar riquezas e atuais desafios no continente africano.
• Analisar processos e fatores históricos, econômicos, políticos etc. que culmina‑
ram com disparidades regionais e discrepâncias socioeconômicas no Brasil.
• Discutir conflitos e visões ambientalistas da atualidade, problematizando suas
interpretações.
• Identificar paisagens naturais e domínios morfoclimáticos no Brasil, associando‑
-os às questões socioambientais.
• Desenvolver as Competências Gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10; e as
Competências Específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 2, 3, 4, 5, 6.
MANUAL DO PROFESSOR 475