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Como consequência dessa nova situação e das transformações da própria                          JAKOB BERG/SHUTTERSTOCK
                            filosofia, o foco do pensamento filosófico também se modificou. Se no início,
                            e na maior parte de sua história, a filosofia se indagava sobre as coisas que
                            existem, sobre o Ser e os princípios do existente, e se, na Idade Moderna, sua
                            atenção estava voltada para as possibilidades e os limites do conhecimento
                            humano, as correntes filosóficas desenvolvidas sobretudo entre os séculos XIX
                            e XX se dedicaram ao sentido ou à significação que o ser humano estabelece
                            para as coisas. A linguagem passou, então, a ser o foco de análise, pois os
                            pensadores entendiam que o sentido das afirmações era um pressuposto para
                            o conhecimento e para indagações sobre a existência das coisas. Quer dizer, a
                            pergunta pelo sentido antecederia logicamente a pergunta sobre as coisas e
                            sobre o conhecimento humano. Por isso, alguns especialistas denominaram esse
                            momento da filosofia de Semântico-Hermenêutico. Nele se buscou responder
                            a questões como: Qual é a relação entre o que é afirmado e o mundo? Qual é
                            a relação entre sentido e realidade? O que é sentido?

                                  As reflexões filosóficas contemporâneas têm de lidar também com a pro-
                            funda mudança na sociedade, que gera novas possibilidades e novos problemas:
                            investigam-se, por exemplo, o papel da ciência e da tecnologia na vida social, a
                            importância que o ser humano atribui para a imagem e para a linguagem visual,
                            o consumismo, a relação do indivíduo com o tempo e a angústia presente em
                            nossa sociedade.

                                  Guardadas as muitas diferenças, as principais correntes filosóficas con-
                            temporâneas – entre as quais a filosofia analítica, a fenomenologia e a herme-
                            nêutica – buscam formular teorias da significação. Neste capítulo, estudaremos
                            aspectos dessas teorias e refletiremos sobre alguns problemas.

                                 ↑ O desenvolvimento científico e tecnológico nos impôs questões inéditas, como redefinir o saber
                                 nas sociedades contemporâneas e entender o papel dos seres humanos em um mundo cada vez mais
                                 automatizado.

CAPÍTULO 22: AS ORIGENS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA E A BUSCA PELO SENTIDO: FENOMENOLOGIA, HERMENÊUTICA E FILOSOFIA ANALÍTICA 271
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